direi num grau mais elevado do que qualquer outro problema que se verifique através do País, mas no entanto tocando-me mais fundo, porque é a terra onde nasci.
Acabou V. Exa. de fazer uma referência ao último Governador de Cabo Verde, que há pouco tempo terminou o seu mandato Eu quero pedir que me desculpe se eu procuro englobar nessa homenagem que lhe prestou aqueles que lhe antecederam, com relevo especial para aquele que imediatamente o antecedeu, o Sr. Comandante Sacramento Monteiro, a quem Cabo Verde muito ficou devendo do progresso que conseguiu atingir.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Sr Salazar Leite: - Foi este um simples apontamento, para que não esqueçamos todos aqueles que prepararam o terreno que permitiu, por assim dizer, a actuação tão brilhante do último Governador da nossa querida terra.
É evidente que V. Exa, referindo-se ao problema que constitui o maior drama da nossa província de Cabo Verde, o problema da água, fez algumas afirmações, dizendo, no entanto, que não era técnico, mas imediatamente apontou algumas soluções.
A única dúvida que nos ficou é a de saber se V. Exa. não estaria a considerar tudo aquilo que se passa nas ilhas de Cabo Verde, vendo-as pelo prisma do que se passa na ilha de Santo Antão.
Infelizmente nem todos os problemas das ilhas de Cabo Verde, no que diz respeito à água, se situam sob uma mesma óptica.
São inteiramente diferentes uns dos outros, consoante a ilha que temos em presença.
Não podemos comparar, em meu entender, os problemas de Santo Antão, S Tiago e um pouco os de S Nicolau com os problemas das ilhas do Sal, S Vicente, etc.
Sabemos o esforço que tem sido produzido para se conseguir a água necessária para os regadios, mas sabemos também, e V. Exa. sabe-lo tão bem como eu, o tremendo risco que corremos no aproveitamento dos poços, que não são inesgotáveis, como ainda se corre o risco de virem a ser adulterados pela entrada de água do mar.
Evidentemente que são problemas técnicos muito delicados, e, tal qual V. Exa. realçou, necessário se torna não só estudá-los cada um de per si, como encontrar a melhor maneira de solucionar esse grave problema, que é como que um dique que se opõe ao desenvolvimento que todos desejaríamos que Cabo Verde viesse a ter, atendendo às suas condições geográficas, e, sobretudo, e isto apraz-me particularmente registar, à índole daqueles que habitam essas ilhas.
Muito obrigado.
O interruptor não reviu.
O Orador: - Agradeço, Sr Deputado, as generosas palavras que acabou de proferir e que tiveram o condão de dar maior realce a este pequeno trabalho que estou a apresentar no plenário da Assembleia Nacional.
Quando me referia à problemática da vida de Cabo Verde, fiz referência ao facto de a província experimentar nestes últimos quinze anos um grande surto de progresso. Portanto, ao fazer as referências ao último Governador, fi-lo porque as merece e porque foi o último, mas não posso de modo algum deixar de lembrar e recordar que o antigo Governador, Comandante Sacramento Monteiro, fez imenso por Cabo Verde, como também o Sr. General Silvério Marques, e todos eles estão dentro deste período de quinze anos, de 1960 até ao presente.
O Sr Salazar Leite: -Muito bem!
O Orador: - Quero também dizer a V. Exa. que não sou técnico, sou um pobre lavrador ..
Vozes: -Não apoiado!
O Orador: -. . e todas as minhas considerações são apenas fruto da experiência, pois não sou técnico.
O Sr Presidente: -Sr Deputado V Exa. está a poucos minutos do termo do tempo regimental Peço-lhe, portanto, o favor de abreviar as suas considerações.
O Orador: - Desculpe, Sr Presidente, vou já terminar a minha intervenção.
E que outras alternativas mais compensadoras nós temos?
Repare-se que o importante e continuado esforço que desde os fins da década de 50 a Administração vem realizando no alargamento e beneficiação do esquema viário do arquipélago, também esse esforço se foi concretizando fora de toda a rendibilidade E compreende-se, pois, a construção de estradas - e ainda a dos portos e aeroportos foi concebida, sobretudo, com o objectivo de construir um suporte, uma base necessária ao desenvolvimento dos diversos sectores económicos da província.
Nesta mesma base terá de ser encarada a realização de trabalhos que assegurem a manutenção das áreas cultivadas de regadio e, porventura, o seu alargamento, ainda que diminuto, à custa do aumento das disponibilidades dos recursos hídricos.
E quando as opções são tão poucas, os considerandos de ordem económica para têm de passar para um segundo plano.
E eu devo sublinhar que a realização de tais trabalhos tem merecido a atenção das entidades responsáveis Datam contudo de 1960 os primeiros trabalhos de correcção torrencial, que, de uma forma quase continuada, vêm a efectivar-se até ao presente, ainda que em escala muito reduzida. Tenho também de reconhecer que talvez não fosse possível até agora imprimir-lhes outro ritmo e proporcionar-lhes dotações mais vultosas. Num território onde tanto urge fazer, é natural, é compreensível, que haja sobejos e fundados motivos para que, numa dada conjuntura, uns sectores aguardem preferência sobre outros.
Adiantada como vai a execução do plano rodoviário do arquipélago em algumas ilhas, talvez seja azado o momento para que as atenções e os esforços passem a incidir mais decididamente sobre os aspectos ligados à conservação dos recursos hídricos.
Acentue-se que, para além dos efeitos produtivos sobre a economia da água, os trabalhos ligados à regularização do regime hídrico pos sibilitam uma eficaz absorção de mão-de-obra São, de qualquer modo, empreendimentos que aumentam a capacidade pró-