resto da Europa. Na lógica, aliás, das excelentes relações mantidas com os nossos vizinhos peninsulares, esse passo deve ser dado brevemente.

Com o Brasil nunca foram tão estreitos e tão amistosos os laços que nos unem. A Convenção sobre Igualdade de Direitos de Portugueses e Brasileiros, que os parlamentos dos dois países aprovaram, constituiu efeméride marcante na vida de ambos os povos. Ao comemorar-se o 150.º aniversário da independência do Brasil, Portugal entregou-lhe os restos mortais do seu primeiro imperador. Eu próprio fui portador dessa relíquia preciosa da história brasileira. Não poderei esquecer o acolhimento dispensado pelas autoridades e pelo povo da grande Nação irmã em jornadas esplendorosas de comunhão de sentimentos e de propósitos. O Chefe do Governo representou posteriormente o País no encerramento das comemorações. E a seguir, o Presidente Mediei pôde verificar em Portugal, na visita com que nos honrou, como é viva e calorosa, na massa popular, como em toda a Nação, a admiração pela sua Pátria e pelo egrégio Chefe de Estado que até nós a trouxe.

Foi também no decurso da última legislatura que se celebrou o 6.º centenário da Aliança Luso-Britânica, a mais antiga aliança em vigor da história diplomática. Entre os actos do programa figurou a visita a Portugal de Sua Alteza o Príncipe Filipe, duque de Edimburgo, retribuída, a convite do Governo britânico, pela visita a Londres do Presidente do Conselho português. Os sucessos destas visitas estão na memória de todos. E nada, felizmente, pôde perturbar a reafirmação da amizade que há séculos une os dois países e que, esperamos, encontrará no futuro novas maneiras e novos campos para se manifestar.

Srs. Deputados e Dignos Procuradores: Faço votos por que o vosso mandato seja exercido até final com a mesma regularidade e o mesmo espírito de servir o País que caracterizaram as legislaturas anteriores. A Nação espera de vós o esforço de compreensão e de esclareciment o dos seus problemas que permita soluções eficazes. Que Deus vos inspire e acompanhe nessa delicada missão.

A assistência, de pé, aplaudiu calorosamente a mensagem presidencial.

O Sr. Presidente da Assembleia Nacional: - Em nome do Chefe do Estado, tem a palavra o Sr. Deputado Elmano Alves, para, em nome das duas Câmaras, responder à mensagem presidencial.

O Sr. Deputado Elmano Alves: - Exmo. Sr. Presidente da República: Por generosa deferência dos meus pares, alheia a méritos que nem possuo para esconder, cabe-me o honrosíssimo encargo de, em nome da Assembleia Nacional e da Câmara Corporativa, conjuntamente reunidas nesta Sala das Sessões, responder à mensagem que o Venerando Chefe do Estado, por direito próprio e nos termos constitucionais, acaba de lhes dirigir, inaugurando por forma sobremaneira auspiciosa os trabalhos da XI Legislatura.

Começarei por agradecer a presença de V. Ex.ª, Sr. Presidente da República, e testemunhar-lhe os sentimentos sinceros do mais profundo respeito e deferente admiração das duas Câmaras, sentimentos esses que se confundem, afinal, com o preito de homenagem da Nação que nos elegeu seus representantes.

Tem a mensagem presidencial, só por si, a autorizá-la o selo externo da suprema magistratura da Nação. E tanto bastaria para que a acatássemos como definidora dos superiores interesses da grei no início de nova jornada parlamentar. Mas proferida por V. Ex.ª, reveste-se do mérito adicional e insubstituível de provir do cidadão íntegro e exemplar a quem, ao. longo de sucessivos mandatos, os Portugueses souberam inequivocamente reiterar a sua plena confiança para conduzir os destinos do Estado.

Aplausos.

Confiança, aliás, nunca desmentida, antes sobejamente confirmada nos graves transes da vida nacional por que passámos e nos quais melhor se afirmaram ainda as suas ímpares qualidades de chefia, a corajosa serenidade com que circunscreveu e superou difíceis situações de crise, sabendo escolher os homens na hora própria e encaminhar os acontecimentos com perfeito discernimento dos lídimos interesses do País, concitando à sua volta, com resolução firme e inabalável, a unidade de todos os portugueses.

Neste momento solene, sinto que atraiçoaria o pensamento dos que me designaram se não traduzisse a justa homenagem devida ao almirante Américo Thomaz, como Chefe do Estado e chefe das forças armadas, pela. insuperável rectidão com que tem sabido honrar o juramento prestado ao País de «manter fielmente a Constituição, observar as leis, promover o bem geral da Nação, sustentar e defender a integridade e a independência da Pátria Portuguesa».

Aplausos.

Prevaleço-me ainda do uso da palavra que me foi conferida para desta Tribuna formular a V. Ex.ª, Sr. Presidente, na data em que celebra mais um aniversário natalício, os votos de que a vida que tão integralmente dedicou ao serviço da grei, se prolongue por muitos, dilatados e profícuos anos, envolto na estima e veneração do bom povo português.

Aplausos.

O sufrágio realizado para eleição dos Deputados à presente legislatura mobilizou o maior colégio eleitoral de sempre, compreendendo mais de dois milhões de eleitores na metrópole e cerca de um milhão no ultramar.

Os esforços das entidades recenseadoras multiplicaram-se no sentido de corresponder ao desideratum expresso na mensagem presidencial proferida há quatro anos, em ocasião idêntica à de hoje, ao recomendar aos órgãos legislativos que se debruçassem sobre o problema de «aperfeiçoar o sistema de recenseamento eleitoral e até o próprio processo de votar.»

O recenseamento preenche o primeiro dos requisitos básicos para incentivar a tão desejável participação dos cidadãos na vida pública, que constitui um dos aspectos - e por certo o não menos importante - do desenvolvimento global da sociedade portuguesa. A recente declaração do Sr. Presidente do Conselho ao anunciar que se encontra «em estudo uma reforma que, com o auxílio de computadores, permite ensaiar um censo quase perfeito», confere-nos a certeza de que também este problema se encaminha para uma solução que não poderá deixar de merecer o cuidado interesse da representação nacional.