Com fronteiras secularmente estáveis e sem ambições de domínio ou de expansão quanto a terceiros, Portugal tem o direito de reivindicar para si o título de potência verdadeiramente amante da paz e da cooperação internacional.
Como nação pacífica continuaremos a colaborar com os países vizinhos em todos os domínios nas várias regiões do Mundo por que se estendem as nossas fronteiras. São disso exemplo a forma como respeitamos o direito de livre acesso ao mar, dos territórios interiores, e nos associamos a tantos empreendimentos de cooperação regional com decisivos benefícios para o chamado Terceiro Mundo.
No quadro da nossa política externa avultam as fraternas relações com o Brasil, que tanto nos empenhamos em estreitar, no seio da Comunidade Luso-Brasileira.
Mantemos com a Espanha cordiais relações de boa vizinhança, que encontram o seu justo equilíbrio no Tratado de Amizade e Não Agressão, garante da paz e segurança na área peninsular.
Mantemos secular aliança com a Grã-Bretanha.
Temos sido fiéis cumpridores das obrigações assumidas no seio da N. A. T. O. para salvaguarda da paz na Europa e defesa dos valores do Ocidente.
Celebrámos o recente acordo de comércio com o Mercado Comum correspondendo ao reconhecimento da nossa situação no quadro da cooperação económica europeia.
Mantemo-nos, como membro de pleno direito da Organização das Nações Unidas, na qualidade de Estado amante da paz que aceita e cumpre as obrigações decorrentes da Carta. Mas nunca poderemos aceitar dessa Organização, como de outrem, quaisquer resoluções que violem os nossos direitos e representem intolerável e ilegítima intromissão nos assuntos internos do Estado Português, cuja extrutura territorial e jurídica nunca foi alterada desde a nossa admissão ao organismo.
Nesse e nos restantes domínios reivindicamos, como Estado soberano e independente, o direito inalienável de talhar o nosso próprio destino. Doze anos de luta e de algumas continuaremos a reger-nos por um regime construído por nós, à nossa medida, ou vamos mais uma vez copiar servilmente um modelo estranho?»
Às grandes opções tão lucidamente quesitadas, o eleitorado português já respondeu com o seu voto.
Foi ele que nos mandatou e à representação nacional, para expressamente afirmar pela nossa voz que Portugal quer prosseguir uno e independente. Progressivo, mas livre!
O orador foi vibrantemente aplaudido.
Terminado o discurso do Sr. Deputado Elmano Alves, o Sr. Presidente da Assembleia Nacional disse:
Em nome de S. Ex.ª o Presidente da República, declaro inaugurada a XI Legislatura da Assembleia Nacional e da Câmara Corporativa. E, ainda em nome de S. Exa., declaro encerrada a sessão.
Eram 17 horas.