e 14 750 000 hl em 1965, numa sucessão contínua de grandes produções).

Não se diluíram ainda, para alguns, da memória os 4 ou 5 milhões de hectolitros do começo do século, ou mesmo os mais recentes 7 milhões de antes da guerra (quinquénio de 1936-1940), ou os ligeiramente superiores de 1951-1955, ou os intercalares anos de 1961 ou de 1969 e os relativamente pouco mais elevados, a rondar a dezena de milhões de hectolitros, de anos findos.

Não concedendo, de momento, exagerada importância às flutuações, e particularmente às anormais produções dos anos de 1962-1965, antes procurando determinar tendências de longa duração em todo o período posterior a 1947, não parece que se haja verificado ultimamente acentuado incremento da produção total expressa em vinho comum 8 900 000 hl em média anual no período de 1947-1951, 9 300 000 hl em 1968-1972, bem como notória alteração na sua repartição regional. 60% na área da Junta Nacional do Vinho (J. N. V ), 22 % na região dos vi nhos verdes, 6% no Dão, o restante sendo partilhado pelo Douro e outras regiões demarcadas legalmente já definidas: Colares, Carcavelos, Bucelas e Moscatel de Setúbal, no continente - não quer isto dizer que outras de há muito o não merecessem no consenso público ou entre os especialistas.

A análise das tendências gerais ou regionais permite concluir, assim, por uma expansão relativamente moderada das produções nos últimos decénios, tendência que parece querer, aliás, inverter-se nos últimos anos do período.

A evolução da produção do vinho branco apresenta, no entanto, características algo diferentes, na medida em que se tem revelado fortemente expansionista, especialmente no que se refere à produção de vinho verde branco, mas restaria saber em que medida resulta de uma vinificação separada das uvas respectivas, sobretudo a partir do momento da expansão das adegas cooperativas e sua mais eficaz laboração.

Regressando, porém, ao problema das flutuações, isto é, dos movimentos irregulares em torno de uma tendência que assim deixámos esboçada, determinada por factores ambientais não previsíveis a médio ou longo prazos e, na maior parte, não controláveis, anotam-se maiores amplitudes médias de flutuação nas regiões demarcadas do que na área da Junta Nacional do Vinho. É compreensível, a uma área maior corresponderão sempre efeitos de compensação, a traduzir-se em maior moderação nas variações anuais do valor agregado da produção.

Parecem expressar-se durações de ciclos de produção para vinhos comuns compreendidos entre quatro e cinco anos, com uma duração média de 4,4 e um desvio padrão de 0,25 do ano, o que confere carácter estatisticamente significativo às durações apontadas. Mas restaria aqui saber também, para além de factores climáticos e de similar natureza com reflexo no volume da produção, o que porventura pudesse resultar de um maior ou menor condicionamento e fiscalização do plantio da vinha, ou diferente i ncitação pelos preços do mercado à renovação de plantações.

A estatística, o cadastro da propriedade rústica, as superfícies cultivadas ou plantadas, as alterações de utilização, falecem ou são insuficientes em tal matéria. Será assim possível uma política agrágria capaz em Portugal?

Não está em causa, num mundo que tem conhecido a elevação acentuada dos níveis de vida e sua generalização a maiores estratos populacionais, a produção de vinhos de superior qualidade, obtidos em regiões demarcadas ou a demarcar tão brevemente quanto possível, que se impõem nos mercados internos e logram vencimento nos mercados externos, sobretudo do estrangeiro, pela reputada qualidade e tipacidade comprovada das produções. O problema será aí, agora como de futuro, o de escassez de produções ou «reservas» em devido tempo constituídas [por isso saúdo com alegria o disposto na alínea c) do artigo 11.º da última Lei de Meios] «Reservas» que a superior qualidade e envelhecime nto das massas vínicas se encarregariam de «refinar», melhorar, enriquecer, para mais acrescida valorização do erário público e das economias privadas.

Mas pode estar de algum modo em questão a dos demais vinhos produzidos em «zonas vinícolas tradicionais» (designação, aliás, não das mais felizes) e, sobretudo, «zonas produtoras não especificadas», e é por isso que, sobremodo, importa a consideração dos consumos dos vinhos comuns ou correntes de mesa, sua evolução e perspectivas de escoamento, com as limitações decorrentes da falta de estudos prospectivos dos mercados nacionais e dos numerosos mercados externos que a proposta, aliás, contempla em seu articulado, mas, evidentemente, para efectivação futura. Que se torne presente é o meu desejo, que creio seja também o de toda a vitivinicultura.

Sr. Presidente: Conhecidas as produções, justifica-se assim a consideração dos consumos interno e externo, para o caso dos vinhos da área da Junta Nacional do Vinho, autoconsu mo, interno «público» e exportação, no caso dos vinhos verdes

Em qualquer dos casos, distinguindo os tintos dos brancos, muito embora comecem a desenvolver-se extraordinariamente nos últimos tempos os rosés. O aproveitamento das potencialidades de exportação e consumo dos mercados externos explica a projecção que tomaram certos tipos de vinho, mas a melhor defesa consistirá sempre em procurar manter uma superior qualidade das produções, sem menosprezar, contudo, as oportunidades e imagens que possamos criar pela criatividade - inovação a manter pela