Na região dos vinhos verdes verifica-se igualmente uma evolução ascendente nos volumes e valores exportados, embora estes sejam relativamente bem mais baixos do que os volumes comercializados no mercado interno, face ao que se passa na área precedente: 5% e menos de representação.

Tudo indica que é essencialmente através dos elevados valores do autoconsumo que se tem conseguido, por um lado, obter efeitos estabilizadores do mercado e, por outro, permitir uma maior satisfação dos hábitos alimentares, o que se ligará por certo com uma melhor situação económica da população nortenha que se mantém na região à custa, em parte também, das «remessas de emigrantes» seus familiares, partidos à descoberta de uma Europa mais industrializada. Do acréscimo de rendimentos disponíveis não surpreenderá, assim, que o autoconsumo tenda a prevalecer na região sobre o consumo interno dito «público» desses vinhos verdes.

O reconhecimento de «denominação de origem» consagrado no ano fin do a vinhos de tipicidade tão característica e qualidade tão apreciada, sobretudo quando servidos frescos em regiões tropicais ou nos períodos mais quentes do ano, pode ajudar a firmar os créditos interno e externo de tais vinhos regionais, 80 a 90% dos quais (autoconsumo incluído) se consome na região de origem (cidade do Porto incluída), se bem que se registe tendência à penetração cada vez maior em zonas do País que não beneficiam do proteccionismo que vigora dentro da sua região demarcada.

Resumidamente, pode concluir-se que se tem verificado em relação ao vinho branco, em geral, tendência para uma produção e consumo sempre crescentes, embora a ritmos diferentes consoante as regiões (muito mais na região dos vinhos verdes do que na área da J. N. V.), quanto ao vinho tinto, a uma tendência de expansão moderada da produção no passado parece querer suceder-se ultimamente tendência ligeiramente decrescente, no que é acompanhada, ultrapassada inclusive, pelo ritmo de evolução do consumo interno em acentuada queda, compensada em parte, embora, por uma incrementada procura externa desses mesmos vinhos maduros.

Relativamente à exportação, pode afirmar-se que foi na década de 50 que se verificou forte expansão das exportações de vinho branco da área da J. N. V., e na década seguinte, dos vinhos tintos da mesma área, a persistirem, aliás, recentemente.

Os próprios vinhos verdes os acompanham, sobretudo o verde branco, para não esquecer os das demais regiões demarcadas (ou a demarcar) e os das chamadas «zonas vinícolas tradicionais», que ganharam jus, pela boa qualidade de bastante do seu vinho, a justa procura, cujo maior problema advirá da insuficiência de excedentes disponíveis para consumo e de uma política mais activa da promoção da sua cultura e exportação.

Fique exarada, no entanto, palavra de muito apreço pelo alto ritmo de crescimento das exportações que tem sido alcançado ultimamente, passe ao Diário das Sessões um públic o louvor ao Fundo de Fomento da Exportação e exportadores nacionais pelos meritórios resultados alcançados e estímulo à prossecução das suas actividades.

Chegámos, assim, ao domínio dos preços. Vejamos a incidência da procura e dos consumos sobre o nível e tendência dos preços praticados, sem que nos dispensemos de referir algo sobre circuitos de comercialização.

Sr. Presidente: Como se refere em «Aspectos recentes da evolução do mercado do vinho em Portugal», não é possível obter informação estatística detalhada e significativa de modo a caracterizar os diferentes canais de distribuição, contacto directo do produtor com o retalhista, comércio armazenista isolado e com base em sociedades comerciais de distribuição ultimamente formadas (e em fase de grande expansão), ou até novas formas, e comercialização cooperativa.

A importância de cada um destes canais não pôde ser estimada em geral de forma satisfatória, nem a sua distribuição geográfica em relação com os produtores isolados, isto é, não associados cooperativamente.

Anotar-se-ão, no entanto, alguns aspectos parcelares de um mercado que também o é, por sua natureza, fragmentário, não contínuo.

Os quantitativos vendidos pelos inscritos no Grémio dos Armazenistas de Vinhos não têm registado alterações sensíveis ao longo dos anos, a média ronda os 2 milhões de hectolitros de vinhos maduros, dos quais prevalece a venda de vinhos da área da J. N. V.

A não existência de estimativas relativas ao consumo total de vinho maduro no continente impede-nos de determinar qual a parte deste a que aquelas vendas se referem. Contudo, a comparação com os valores do consumo (autoconsumo incluído) estimados para os vinhos da área da J. N. V. sugere-nos a importância relativa do comércio que se processa através do Grémio dos Armazenistas de Vinhos cerca de metade.

Neste Grémio as classes de inscrição repartem-se por armazenistas, produtores-retalhistas, registados (armazenistas de fora da área e não sócios) e produtores de dentro da área:

À primeira classe referida - comerciantes-armazenistas - correspondia uma percentagem do volume total de vendas do Grémio da ordem dos 95%-97%, sendo a percentagem referente às vendas dos produtores armazenistas, que com a classe anterior reúne todos os sócios do Grémio, da ordem dos 2%

A concentração no comércio armazenista é, assim, elevada.

Em relação ao consumo dito «público» de vinho verde, a percentagem comercializada através de armazenistas parece ser bastante mais baixa, da ordem dos 30%. O circuito comercial do vinho verde limitar-se-á, portanto, muito mais ao esquema produtor-retalhista-consumidor.

Daquele valor, cerca de 40% são comercializados por armazenistas pertencentes ao Grémio dos Armazenistas de Vinhos, sendo os restantes 60% realizados por armazenistas da região não agremiados, com tendência, aliás, a aumentar