Olhares de expectativa de uns, de boa vontade de outros e, porque não dizer, de despeito e inveja de muitos.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para um requerimento, o Sr. Deputado Mota Amaral.

O Sr. Mota Amaral: - Sr. Presidente pedi a palavra para enviar para a Mesa dois requerimentos, o primeiro dos quais justifico ao abrigo do § 6 º do artigo 63.º do Regimento:

Requerimento

A alta do custo de vida tem-se verificado também, e nos últimos meses por forma deveras alarmante, no distrito autónomo de Ponta Delgada aí, como aliás nos outros distritos das ilhas adjacentes, os efeitos da inflação revestem particular gravidade, pois muitos dos produtos de consumo corrente são importados, sofrendo logo o agravamento de custo derivado do frete do transporte e, por outro lado, o nível geral de remunerações é mais baixo do que noutras regiões metropolitanas.

Face a certos aspectos psicológicos da crise actual - o constante «diz-se que vai faltar», «diz-se que vai subir» -, parecem impor-se medidas especiais de garantia do abastecimento público. Mas, entretanto, o reforço de uma fiscalização efectiva, que reprima o açambarcamento e a especulação, contribuirá, com certeza, para restaurar a abalada confiança dos consumidores

Nestes termos, requeira, ao abrigo das disposições aplicáveis da Constituição e do Regimento, que, pelo departamento governamental competente, me sejam prestadas, com a possível urgência, as seguintes informações

Sala das Sessões da Assembleia Nacional, 19 de Fevereiro de 1974. - O Deputado, João Bosco Soares Mota Amaral

Requerimento

Ao abrigo das disposições aplicáveis da Constituição e do Regimento, requeira que, pelo departamento governamental competente, me sejam prestadas as seguintes informações:

Situação dos necessários estudos técnicos, dificuldades eventualmente existentes e vias de possível superação, programa e data provável para a instalação da televisão no arquipélago dos Açores.

Sala das Sessões da Assembleia Nacional, 19 de Fevereiro de 1974 -O Deputado, João Bosco Soares Mota Amaral

O Sr Morais Barbosa: - Sr. Presidente: Na sessão de encerramento da conferência anual da Acção Nacional Popular realizada no último sábado em Lisboa pronunciou o Sr. Prof Marcelo Caetano, Presidente da Comissão Central daquele movimento, um discurso para cuja relevância, na presente conjuntura nacional e internacional, seria desnecessário chamar a atenção desta Câmara política e do País.

Com a lucidez que ninguém de boa fé deixa de reconhecer em todas as suas comunicações, com a clareza de linguagem a que nos habituámos e que não obscurece nem a profundidade do pensamento nem o rigor do raciocínio, com a forte convicção de quem está certo no caminho definido e percorrido, e até com uma serena coragem que nem todos os políticos estão em condições de possuir e manifestar, analisou o Sr Presidente do Conselho alguns dos mais prementes aspectos da vida social e política contemporânea, tanto no plano interno como no externo Constituiria, assim, sem dúvida, tarefa difícil e demasiado longa comentar passo a passo, ou assunto por assunto, tão importante discurso.

No entanto, nas qualidades, que se confundem, de eleito por um círculo ultramarino e representante da Nação, dois pontos há nesse discurso que não quereria deixar de sublinhar aqui