O Orador: - E sobra.

O Sr. Tito Jeque: - Há lugar para todos viverem. É pena, e eu lamento bastante, que a situação se mantenha. Lamento imenso, não por mim, que já tenho 40 anos de idade, vivi a minha mocidade e já pouco me falta para entrar no declínio da minha vida, só tenho pena pelos rapazes e raparigas que começam a vida.

São eles que me preocupam bastante.

O Orador: - Eu ...

O Sr. Presidente: - Sr Deputado Roboredo e Silva V. Exa. está a aproximar-se do limite do tempo regimental, faça favor de não consentir mais interrupções.

O Orador: - Não consentirei, Sr Presidente. Apenas desejo dizer ao meu colega, que, aliás, muito aprecio pelas suas intervenções entusiásticas, que me referi à luta que estamos a travar no ultramar. Eu não lhe chamei guerra, chamei-lhe luta Não 6 uma luta militar, pois as forças multares, muito além de usarem as suas armas, esforçam-se em todos os campos, desde a educação às obras públicas.

O Sr. Tito Jeque: - Eu podia dar mais umas explicações

O Orador: - Não, não pode dar porque o Sr. Presidente não consente.

O Sr. Tito Jeque: - Em 1966 eu estive cá.

O Orador: - O Sr. Presidente já disse que não consente em mais interrupções. V Exa. pede a palavra e fala amanhã.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Tito Jeque: Quem consente nas interrupções são os oradores. O Sr. Deputado Roboredo e Silva sabe o que ainda tem para dizer e sabe que só tem cinco minutos para o dizer. O Sr Deputado Roboredo e Silva é que decidirá s consente ou não em interrupções.

O Orador: - Eu por mim permito tudo, eu adoro o diálogo.

O Sr. Tito Jeque: - É que, se V. Exa. permitisse, eu queria dizer mais umas coisas. Se não permite, muito bem.

O Orador: - Eu dou-lhe mais um minuto, quer? Ou então peça a palavra e fale. Temos todos muito prazer em o ouvir E eu principalmente.

O Sr. Tito Jeque: - Lamento Porque só conversando nos podíamos entender.

O interruptor não reviu.

O Orador: - Mas venha cá. O Sr. Presidente dá-me como minutos e eu não preciso mais do que de três ou quatro V. Exa. tem mais um minuto

O Sr Gardette Correia: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Como recusei a interrupção ao Sr. Deputado Tito Jeque, não posso autorizar V. Exa., pois corresponderia a uma discriminação, que não posso aceitar.

Mas antes de terminar a minha intervenção eu queria dizer ao nosso colega Sr. Deputado Tito Jeque que as minhas palavras não foram por ele devidamente interpretadas.

Se reparar bem no que eu disse, verificará que foi precisamente o contrário aquilo que eu quis significar e que eu completarei com o resto das minhas considerações.

Prosseguindo Não satisfaz ficar bem com a sua consciência Mas as coisas são assim mesmo e, por isso, não desistirei de continuar.

Termino, declarando que estas considerações têm como principal objectivo mostrar às forças armadas que nós, que representamos o País, pensamos nelas e que estamos a seu lado, reconhecendo as faltas de que enfermam e de que não são culpadas, mas certos de que assumirão sempre as suas próprias responsabilidades.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A coragem, o patriotismo e o entusiasmo de oficiais, sargentos e praças, brancos e pretos, não estão em causa para enfrentar todas as emergências, mesmo assaltos de hostes organizadas por mercenários assassinos, sem sentimentos de humanidade.

Habituados a uma guerra em que o bem-estar e a tranquilidade das populações que defendem é seu lema tem de admitir-se desde logo algum desmando, porque é humano errar -, creio que não hesitarão em responder, taco a taco, a criminosos organizados.

Para tanto, peço ao Governo todo o empenho e ao povo de Portugal que o apoie inteiramente no sentido de envidar os maiores esforços, pedindo mesmo mais sacrifícios nesta época em" que já tantos se fazem, para dar os meios requeridos às suas forças armadas, forças armadas que cada vez mais desejaríamos constituídas pelas mais variadas etnias, proporcionadas em número de homens à população total da Nação e conscientes de que a Pátria, que é de todos, e na emergência sobretudo sua, porque é sua divisa: a Pátria honrai que a Pátria vos contempla.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr Gonçalves de Abreu: - Sr. Presidente, Srs Deputados Somos de uma região onde a riqueza da tenra se traduz pela cultura da vinha e pelo rendimento das suas florestas. Do seu rendimento económico ao longo daquele vale, desde Entre-os-Rios, no distrito do Porto, à veiga de Chaves, no Nordeste Trasmontano, as suas gentes cuidam da terra e têm na produção de madeiras e de lenhas muito do seu ganha-pão quotidiano. A maior parte daquela extensa zona florestal é propriedade do Estado, ou mais concretamente, é o Estado que cuida dela, que a florestou, que a tem à sua guarda e responsabilidade, porque, para além do mais, pertence às respectivas autarquias Mas nem por isso é menos querida aos sentimentos