Vozes: - Muito bem!

inquestionáveis reflexos políticos.

Ademais, não me eximirei à minha condição de Deputado pelo círculo de Lisboa, em cujo distrito - facto por vezes esquecido perante a grandiosidade da urbe- se produzem das melhores e seguramente as maiores massas vínicas do País, tão-pouco me furtarei a uma dada óptica regionalista da questão, pois sendo certo que se na Assembleia Nacional encontramos assento como representantes da Nação, nos cumpre enxertarmo-nos no todo por indutora ligação afectiva às comarcas cujo mandato nos foi confiado De entre os objectivos metropolitanos inscritos no IV Plano de Fomento avulta o da promoção do bem-estar e do progresso social da população, mediante a mais equitativa repartição dos rendimentos e a melhoria da satisfação das necessidades sociais básicas em educação, saúde, segurança social e habitação, num propósito, inequívoco, de valorização do homem português e de maior justiça na repartição regional, funcional e pessoal dos frutos do de senvolvimento.

No que à agricultura respeita, tal desiderato não pode deixar de reportar-se à estrutura fundiária e aos processos de granjeio habitualmente praticados.

Predominando na viticultura estremenha, designadamente na região do Oeste, a pequena e a média empresa agrícola, com a inerente fixação à terra de dezenas e dezenas de milhares de trabalhadores do campo, poderemos desde logo descortinar o impacto social e político que o proposto regime do condicionamento do plantio da vinha produz na dita zona.

Daí que mereça toda a atenção e estudo atento quanto possa bulir com o seu equilíbrio económico, uma vez que nos cumpre não afectar um panorama social relativamente estável e progressivo sem previamente lhe havermos aberto novas pistas de crescimento e perspectivado novas opções culturais.

Nada que sejamos avessos à procura das dimensões economicamente viáveis para as lides vitícolas ou que nos queiramos acantonar numa mediana e defensiva satisfação burguesa perante os direitos adquiridos ou os interesses alcançados.

Porém, o crescimento do P N B., o descalabro da nossa balança comercial, a salvaguarda da nossa balança de divisas, por força dos ingressos vitalmente necessários, são respeitáveis parâmetros de natureza económica que, só por si, não esgotam nem absolvem uma política que assenta na dignidade da pessoa humana e se alicerça e mede por novos estádios de qualidade de vida.

Não sou apologista de um país estatisticamente rico com uma população desoladoramente pobre, como sucede lá para as bandas dos emirados e califados petrolíferos* há que procurar divisas estrangeiras, mas cuidando de saber se elas estarão vocacionadas para reduzir-se leque dos comportamentos sociais ou se irão alargar o fosso entre ricos e pobres.

E nesta convicção tenho por mim a palavra avisada e oportuna do Prof. Doutor Marcelo Caetano, que, ao referenciar os grupos e classes de intocáveis, afirmou no sábado passado, por entre estrepitosos aplausos. Privilegiados, ainda, se consideram por esse mundo certos grandes capitalistas, que julgam poder vergar tudo à força do seu dinheiro, e ensaiam a plutocracia, ao procurar fazer frente ao poder político e às leis do Estado, empregando as mais variadas formas de influência, de intimidação e de pressão.

Nesta conformidade, parece aceitável que todo o Oeste acompanhe com o maior cuidado a discussão do regime do plantio da vinha, não porque queira tapar-se e acobertar-se sob a manta protectora de um condicionamento mantenedor de infundadas regalias e propiciador de imobilismos paralisantes, mas porque deseja muito conhecer a forma como a administração pública pensa preparar-se para poder, cabalmente, pôr de pé um condicionamento fundado em realidades económicas, em estudos de mercados, em condicionalismos técnicos, em esquemas de promoção social, em planos e canais de escoamento, e não apenas em miríficas conjecturas ou em «palpites» de importantes taumaturgos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os poucos e esparsos estudos conhecidos e provenientes do sector oficial não apontam