Queremos homens que sirvam amorosamente o País em todas as suas latitudes, bem preparados para formarem condignamente o Portugal de amanhã.

Vozes:-Muito bem!

O Sr. Oliveira Ramos: -Sr. Presidente. No último fim de semana, o Sr. Ministro da Educação Nacional esteve em Braga e dirigia-se a Guimarães no decurso de uma visita que é, decerto, a mais relevante de quantas, alguma vez, um membro do Gabinete fez àquela histórica e operosa região. Motivou-a a solene instauração da Universidade do Minho, uma das novas Universidade portuguesas, em cuja reitoria S. Ex deu posse à respectiva comissão instaladora na presença de altas entidades civis, religiosas e militares do Minho, aí também representado pelo seu povo e, bem assim, pelas pessoas gradas de variadas terras, entre as quais me permito salientar o Magnífico Reitor da Universidade do Porto.

Do júbilo que provocou a criação da Universidade e a indicação dos professores e pessoas ilustres encarregadas de lhe destinarem a estrutura original, sob a égide do seu experimentado reitor, o Prof. Engenheiro Carlos Loyd Braga, falam muito expressivamente, quer os discursos proferidos pelo Governador Civil, Dr. Ascensão Azevedo, e pelos presidentes das Câmaras de Braga e de Guimarães, estes aquando da justa imposição das medalhas de ouro das duas cidades ao Doutor Veiga Simão, quer a oração do eminente arcebispo-primaz, quer ainda a genuína participação popular e de outros significativos estamentos da sociedade minhota nas cerimónias dos dias 17 e 18, a que não faltou a vivacidade comunicativa das camadas jovens da população, isto é, daqueles para quem os homens de hoje fundaram uma instituição que se deseja à altura do amanhã.

Em face do sucedido, na minha qualidade de Deputado eleito pelo círculo de Braga, quero notar perante V Ex, Sr Presidente, perante a Assembleia Nacional, a relevância do acontecimento, como ainda a sua significação no contexto da política desenvolvida pelo Governo da Nação.

O Sr. Meireles de Campos: - V. Ex dá-me licença?

O Orador: - Tenha a bondade,

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Deputado, pelo seu contributo, que veio chamar a atenção para uma faceta importantíssima da passagem do Prof. Veiga Simão pelas terras do Minho, e que, caso curioso, eu, por hoje, não me propunha tratar no discurso que estou a fazer, uma vez que me centro apenas na questão universitária Muito grato, por isso.

Sem guardar um passado universitário em qualidade e extensão análogo ao de Coimbra, ao de Lisboa, ou mesmo ao de Évora, a província do Minho possui, nos seus fastos, sinais evidentes de antiga pujança no plano das instituições de instrução superior.

A testemunhá-lo aí estão, para além do papel escolar desempenhado à sombra da Catedral de Braga na Idade Média, o convento vimaranense da Costa, que em Quinhentos graduava bacharéis, licenciados e doutores, e o colégio braguês de S Paulo, centro de altos estudos no Renascimento, onde exerceram o magistério humanistas de nomeada Já no reinado de D Maria I, houve, no também bracarense Hospital de S Marcos, uma escola de cirurgiões, mas foi nas últimas décadas que a Cidade dos Arcebispos teve a sua primeira Faculdade, a prestigiosa Faculdade Pontifícia de Filosofia, hoje integrada na Universidade Católica.

De resto, ao longo da sua brilhante e acidentada história, Braga, como Guimarães, nunca deixou de ser um centro escolar e intelectual com valor próprio, marcado pelas facetas eclesial e tradicionalista, constituindo-se em foco regional de cultura, que vicejou graças à animação de cenáculos e de tertúlias, graças à pena de teólogos, de juristas, de homens de letras, de poetas e de jornalistas, graças ao labor de músicos, arquitectos e artistas, graças ao interesse das suas revistas, jornais e editoras, graças ao prestigio do magistério, propiciado nos diversos estabelecimentos de ensino civis e religiosos, entre os quais se distinguiu, do liberalismo aos nossos dias, ao lado dos seminários, o liceu central, núcleo de atracção de estudantes de todo o Norte, que aí vinham concluir os seus cursos pré-universitários

E a alicerçar o movimento cultural agora esboçado esteve, naturalmente, o vigor do processo social e do processo civilizacional próprio desta região agrária, cheia de vilas e cidades, beneficiada por um litoral ameno e incrustada de manchas industriais, frutos do trabalho e da inventiva dos seus povos

Por se tratar justamente de uma terra rica, activa e capazmente virada para a frente, a falta de ensino superior era notada pelos que terminados os estudos superiores voltavam à zona de origem e muito principalmente pelos que à míngua de possibilidades materiais permaneciam frustrados ou ignorantes no lugar de origem

Em muitas ocasiões reclamou-se uma Universidade para a região. O assunto foi tratado com exemplar propriedade, sobretudo em 1966, e em variadíssimas ocasiões Deputados solicitaram o benefício ao Governo da Nação nesta Câmara. Eu próprio acompanhei a cruzada de outros colegas durante a legislatura passada.

Como é sabido, durante muito tempo as reclamações, posto que ajustadas, foram submersas pelo silêncio do Executivo

Entretanto, a situação universitária piorou. As estruturas tradicionais deram sinal de estiolamento,