Mas eu apelo também para que a Nação compreenda a posição, os elevados ideais que nos movem a todos, sem distinção de cores ou de raças.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Pauto Dimeme: -Terá de começar aqui, em Lisboa, e proliferar pela Nação toda, a compreensão.

O que acontece é que o País parece, infelizmente, não compreender, na sua integra, as grandes directrizes que estão a ser tomadas. A unidade nacional só pode ser tomada, efectivamente, desde que haja compreensão. E, então, será ao Mundo que nós apelaremos para que ele nos compreenda.

A tarefa que temos à nossa frente 6 grande, mas, para a construção do novo mundo que nós queremos, onde os homens não contem pela raça, pela cor ou pela religião, acho que vale a pena lutar, mas -e estou com o colega nisto- não só com as armas, mas, sobretudo, com a verdade, com a justiça e com a razão.

Muito obrigado por este momento que acaba de me conceder, e as minhas felicitações pela sua intervenção.

O interruptor não reviu.

O Orador: - Obrigado. Congratulo-me com as suas palavras, que ajudam, talvez, a inspirar mais a minha actuação nesta sala, nesta Assembleia.

Só tenho a dizer a V. Ex.ª que a manha presença aqui, como a de V. Ex.ª e de outros, naturalmente, traduz-se numa completa adesão, com o propósito firme de ajudar a resolver os problemas que nos afligem a todos, sem realmente se separar os indivíduos pela sua pigmentação, pela sua raça, origem ou pelo que quer que seja.

O que pretendemos é o convívio fraterno entre as raças e que a paz prevaleça.

Estou certo de que o povo português, quer no continente, quer no ultramar, quer noutros sítios, saberá ter serenidade e paciência para que continue a ser português.

Vozes:-Muito bem!

O Orador: - E, em qualquer parte do globo, a vida deixa de ter significado onde se não aceitar a fusão de civilizações, técnicas e costumes, em pé de igualdade, para todos, de direitos e deveres.

Faço sinceros votos de que este apelo que formulo venha a ser compreendido entre os homens de boa vontade do Mundo inteiro!

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Alberto Espinhal: -Sr. Presidente: Ainda que não avesso ao formulário praxístico, muitas vezes contributo decisivo à formação da corrente de ligação entre os homens, repugna à minha sensibilidade o cumprimento vazio da regra protocolar.

Não tendo até há pouco o privilégio de contactar pessoalmente com V. Ex.ª, Sr. Presidente, e acompanhando de forma interessada os trabalhos da última legislatura -como decorre da obrigação natural de todo o cidadão consciente -, possuía a boa imagem da escrupulosa independência, da experiência criteriosa, do rigor da dignidade, da dedicação à função, da serenidade própria do homem de bem e da imprescindível capacidade de tolerância aos vários matizes de opinião e comportamento sadiamente expostos e necessários à mais alta tribuna política do País.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Reconheço, deste lugar, o Presidente que se impôs à consideração dos Portugueses no decorrer da última legislatura. E é com todo o gosto que saúdo V. Ex.ª, votando para que esta Assembleia prossiga os seus trabalhos dentro do mérito e brilho que é apanágio desta Casa e que a Nação expectantemente vigia - este o meu cumprimento aos colegas.

Com muita simpatia me volto para os órgãos de informação, protestando-lhes quanto represento os predicados humanos, culturais e sócio-políticos de que sois possuídos, atributos indispensáveis à plena realização pessoal numa das mais belas e sedutoras profissões do homem. Elegendo como modo de vida a grande responsabilidade de prestar noticia, comentar o facto ou especular as contingências do momento, assumistes perante a Nação um dever da maior transcendência e delicadeza e é justo que vos sejam fornecidas as necessárias condições ao correcto cumprimento de tão nobilitante missão.

Sr. Presidente: Temos de admitir, e c om satisfação, que cada vez mais se impõe as consciências que ao processo dialéctico das sociedades se vai imprimindo um cariz acentuadamente «civilizado» no sentido de que as grandes transformações sócio-políticas, ainda que desesperadamente ansiadas quando comummente tidas por necessárias, não sejam veiculadas por bigorna onde são irremediavelmente ofendidos os caracteres específicos das nações para violentamente modelarem formas estranhas à génese e feição dos povos sujeitos à operação.

A analise dos resultados dos vários sistemas, e criatividade da ciência jurídica, a reformulação sistemática dos princípios - concebidos como tal e, portanto, numa visão actualista, não como absurdas ordens de comando-, o avassalador desenvolvimento da técnica, a condicionar poderosamente o nível de vida das populações, motivando-as para modificações estruturais..., constituem instrumentos decisivos, determinando esquemas de compatibilização do binómio Governo-governados.

É compreensível que assim seja, sob pena de recusarmos os frutos do passado, o que, em remate das consequências, punha em causa a própria legitimidade de parturejar o reclamar de novas formas de estar do mundo. Não só os Governos, para além do dever de o serem, têm de aceitar a força dinâmica das sociedades -o real cadinho das laborações sócio-políticas-, como devem estar em permanente estado de disponibilidade paca assimilarem as suas realizações, compreendendo-as, corrigindo-as e desenvolvendo-as.

Certo que o pulsar das sociedades se manifesta, muitas vezes, por formas artificiais que nada têm a ver com o seu verdadeiro querer, caberá aos Governos a primazia esclarecida da recolha ou da rejeição, como guardiões da lei fundamental plebiscitada.

Não se quer significar, é evidente, que os Governos sejam agentes passivos da representação fornecida