audaciosamente foi consagrada como «Universidade do Desenvolvimento Sul». Tal denominação sugere desde logo a ideia de que a escola, para além de centro de cultura e de investigação científica, assume particular relevância na óptica da formação técnico-profissional Este entendimento casa-se perfeitamente com o espírito das considerações expostas antes e traz implícita a ideia da preocupação de que os cursos a ministrar terão de ser informados pelos programas elaborados para os demais sectores propulsores do tão pacientemente esperado e mais que justificado progresso do Alentejo Se assim for, ter-se-á tomado a decisiva medida política para o desenvolvimento global de tão importante e expressiva parcela do nosso território eurocontinental. Será mesmo desta premissa que se deverá partir para a desejável diversificação regional na instalação das unidades de ensino da nova Universidade.

Lembra, contudo, o céptico espírito alentejano que há que programar a tempo e horas os di versos tipos de acções em ordem à satisfação das necessidades globais das populações e, sobretudo, aproveitar as lições do passado recente, dadas por exemplos típicos de insuficiente aproveitamento das potencialidades contidas nos vultosos empreendimentos.

O caso dos planos, de rega do Alentejo -que se calcula sejam completados nos próximos cinco anos - são a imagem flagrante do muito que se poderia ter alcançado, se, em simultâneo com a obra realizada, tivesse sido levada a cabo uma política concertada com vista à maximização da rentabilidade do investimento.

O Estado mobilizou no regadio centenas de milhares de contos, que só por si implica as cautelas de estudos económicos e sociais de molde a um melhor aproveitamento, dispondo-se, assim, do valioso elemento para o desenvolvimento integrado do Sul.

Pior ainda, é que, para além dos defeitos apontados, se criaram situações sociais, absolutamente condenáveis Alguma esperança se retira da decisão, registada no IV Plano de Fomento, da criação das chamadas «zonas de desenvolvimento agrícola integrado».

Hoje mesmo se vai construindo o matadouro industrial de Beja, complexo que envolverá o dispêndio de milhares de contos e que poderá vir a constituir poder rosa alavanca no progresso económico-social da região alentejana, se devidamente enquadrada dentro de um esquema que logre extrair as imensas virtualidades do empreendimento, nomeadamente pela acção de incentivos ao fomento da pecuária, pela prestação de assistência técnica às respectivas explorações e pela definição de uma política de estímulos à implantação de indústrias de rações compostas, curtumes e artigos de couro e peles, produtos pré-cozinhados, com base na carne, etc. Se assim se fizer não se disporá de óptimo laboratório para o ensino da veterinária?

De contrário, isto é, a continuar-se a programar por sectores independentes dos demais, jamais se alcançará o objectivo superior do bem da comunidade, com a agrava nte de se contribuir para o sentimento da frustração generalizada.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Isto mesmo acontece com dezenas de jovens do distrito de Beja, que, obtendo os cursos geral do liceu ou da escola industrial ou comercial, são despejados no labirinto da sociedade competitiva, onde os aguarda a maior das decepções ao verificarem a impossibilidade de colocação, por absoluta e confrangedora inexistência de postos de trabalho condizentes com o seu grau de preparação curricular.

Beja foi contemplada, e muito bem, com um estabelecimento de ensino superior curto destinado à formação de professores do ensino preparatório, mas causa espanto que, sendo um distrito quase exclusivamente rural e o maior do País em área cultivada, não exista uma única escola dirigida à formação de técnicos agrícolas, sector de forte motivação local.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E porque o consenso rural, desperto pelo caminho penoso da emigração e curioso observador das formas de vida urbana, reage aberta e positivamente a toda a acção dirigida à sua promoção, suscitados os apetites a uma mais completa formação humana impulsionados por uma educação básica obrigatória de oito anos é imperioso que a rede capilar do ensino secundário polivalente se estenda, propiciando o acesso que, por próximo, aproveitará o maior número de jovens pertencentes a classes economicamente débeis Lembra-se, a propósito, a necessidade de se proceder ao estudo de instalação de unidades deste tipo de ensino nas zonas polarizadas por Aljustrel, Odemira e Vidigueira.

Sr. Presidente Nesta primeira intervenção deixo o traço de algumas preocupações perfeitamente enquadradas nos princípios fundamentais da Nação, procurando uma sintonia com o querer da grande maioria da sociedade portuguesa, confiando no Governo e esperando que -com a cooperação de todos, mesmo dos que desejariam medidas mais audaciosas, quer por coerência mental, seja por livre expensão da sua hiper-sensibilidade humana, hesitam em acompanhar ó andamento a que a história nos obriga- possamos atingir em glória os horizontes do futuro, onde já se projecta a nova sociedade portuguesa ora em construção, espantosamente admirada e imposta ao resto do mundo.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Camilo de Freitas: -Sr Presidente: Peço a palavra para uma bem curta intervenção. Motivada pela sessão de trabalho que no Governo Civil do Distrito de Braga, na manhã da passada segunda-feira, S. Ex.ª o Sr Ministro Veiga Simão teve com os presidentes das Câmaras do distrito de Braga. Em que também estive presente.

Prioritário seria talvez que, distinguisse e enaltecesse, o que aliás já fez o meu distinto colega Meireles de Campos, a clarividência que a generosidade proporcionou a S. Ex.ª aplicar cerca de 50 000 contos, isentos de burocracia, quase no terreno, avalizada a propriedade dos investimentos pelo consenso dos testemunhos qualificados que estavam presentes.

Atribuo mesmo ao Sr. Ministro a elevação de espírito, a agudeza de entendimento, que o levam a quase aborrecer o agradecimento da circunstância, o elogio fácil pelos benefícios que concede por força das suas funções.

Não quereria, porém, deixar de salientar, e aí com elogio, o seu modo de actuar, depositando confiança