lhos fiscais ou burocráticos. Outras indicações poderia adiantar, como uma eficiente organização de preparação psicológica e moral da juventude, mas entendo que as quatro apresentadas são as fundamentais para vincular o meu voto favorável à moção, como já declarei.

Desde logo, a condução de uma política ultramarina, nas difíceis condições que o mundo nos criou, é um quebra-cabeças e não há, infelizmente, um leque de soluções.

A mim, por exemplo, não me repugnava, antes pelo contrário, se os chefes terroristas em qualquer província das martirizadas, directamente ou por interposta entidade, viessem solicitar um cessar-fogo, passe o termo, e a integração na nossa sociedade multirracial, dentro da portugalidade que exigimos, a mim não me repugnava, repito, pactuar nessas condições, porque tal não constituía qualquer abdicação. Esta é uma situação que se me afigura poder algum dia surgir, se o progresso sócio-económico das populações se fizer o mais aceleradame nte possível, incluindo a sua real participação na administração local, e se uma autonomia bem progressiva e bem veloz forem um facto. Isto sem esquecer que "o tempo é um material imprescindível para construir solidamente qualquer obra humana". Mas esse tempo, que cautelosamente temos de prever menos extenso do que desejávamos, tem de ser conseguido numa posição de força, para permitir soluções políticas porventura necessárias.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Barreto de Lara: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Tenha a bondade!

O Sr. Barreto de Lara: - Muito obrigado, Sr. Deputado. Eu queria comungar inteiramente na opinião que V. Exa. tem estado a emitir, não só pela autoridade que lhe advém da sua qualidade de oficial general, almirante, das forças armadas, como também pela reconhecida alta categoria política de V. Exa..

E realço, e sublinho, que estou inteiramente de acordo com V. Exa. quando se refere a demasiada pressa que se nos deu para reflexão. Não porque divirjamos quanto à finalidade da moção, pois creio que a finalidade da moção é um denominador comum de todos aqueles indivíduos que se arrogam a qualidade de portugueses.

O Orador: - Eu já disse que aprovava a moção, e repito, mas quanto à forma.

O Sr. Barreto de Lara: -... mas porque haveria, talvez, mais algo a dizer. Haveria que ler a moção ponderadamente. Ler o notável discurso do Sr. Presidente do Conselho, no sossego e no recolhimento, para depois trazermos aqui qualquer achega nova - não porque esteja omitida no discurso do Sr. Presidente do Conselho ou na moção, mas qualquer coisa que, vindo do coração de cada um, é tão pessoal que não há mandatários que a possam transmitir com a indispensável firmeza.

V. Exa. aventou a hipótese de o inimigo estar melhor armado.

Efectivamente, estará muito melhor armado. Mas há uma diferença substancial: nós lutamos por aquilo que é nosso. Eles lutam por aquilo que não lhes pertence.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Barreto de Lara: - A força anímica pode, em certa medida, superar as deficiências de material bélico. Evidentemente, V. Exa. fala como técnico. Eu falo como político. Mas não há dúvida nenhuma de que, para além da expressão vaga que representam as minhas palavras, nós temos mais força, porque temos um ideal melhor, muito embora não possamos desprezar de forma alguma a necessidade premente de estarmos bem apetrechados, ou, pelo menos, tão bem como os nossos inimigos.

Por outro lado, e para terminar, apenas queria dizer a V. Exa., e reproduzindo um trecho deste livro que aqui tenho e se chama Linha de Acção, onde, referindo-se a certa província ultramarina, se diz que ela não teria expressão se não fosse a bandeira, de Portugal, pois a divergência de etnias que a habitam se encontra apenas no denominador comum da nacionalidade portuguesa.

Muito obrigado, Sr. Deputado. Comungo, pois, com V. Exa. nas suas palavras, muito embora divirja marginalmente quanto a certas afirmações.

O Orador: - Agradeço muito as palavras que proferiu, até porque vieram porventura completar alguma ideia que eu apresentei com menos clareza. Eu quero dizer a V. Exa. que nunca tive dúvidas sobre a força moral e capacidade psíquica dos nossos homens que combatem em África com armas na mão para defesa das populações.

Repito designadamente para defesa das populações, porque não está em causa defender propriamente o território. O território não está ocupado por ninguém. Este é um ponto que convém ter bem presente, inclusive a tal república fantasma da Guiné-Bissau cujos pretensos governantes estão instalados na Guiné-Conakry.

Eu não tenho, portanto, qualquer dúvida a respeito da valentia, da coragem e do portuguesismo dos nossos homens. Receio, contudo, à medida que for crescendo o potencial militar do inimigo, e cresce positivamente em armas muito mais sofisticadas, este é o termo, porque são armas que permitem atacar à distância quase sem riscos, que dão ao inimigo uma superioridade táctica imediata e extraordinariamente poderosa.

Eu ponho-me na situação de militar, lá em África, nos locais onde se tem de combater o terrorismo; não haverá moral para que um grupo de solidados apenas com armas ligeiras vá atacar, ou contra-atacar, uma força de terroristas que ele sabe que estão poderosamente armados, com morteiros de 120 mm, com lança-granadas-foguetes, com rockets (ou sejam misses), que os atacam à distância e para os quais eles não têm armamento apropriado para os contrabater.

Não tenho dúvidas de que temos de fazer um esforço muito grande para dotar as forças armadas com as armas que precisam de Ter. E como estou plenamente convencido de que o Governo, neste mo-