problemas respeitantes à organização política e administrativa do ultramar. As soluções encontradas são as que a Nação livremente escolheu como as melhores para a defesa dos seus interesses.
Renovar a discussão sobre qualquer daqueles temas é pôr em dúvida a vontade que a Nação livremente expressou no momento próprio e, por essa via, fazer o jogo do inimigo, que tudo aproveita nos círculos internacionais hostis para fazer crer que entre nós aquilo a que chamam a guerra colonial é impopular. Venceremos por certo esta guerra, porque a nossa causa é uma causa justa, mas venceremos com menor sacrifício colectivo se todos nos mantivermos unidos, unidos em redor do Chefe do Governo, apoiando-o, encorajando-o como merece no ingente esforço que está a desenvolver em todos os sectores, designadamente no da política ultramarina, ainda ontem tão claramente exposto no magistral discurso que proferiu nesta Casa.
Certo de interpretar fidelissimamente os sentimentos das populações que me elegeram, darei por isso o meu voto caloroso e entusiástico à aprovação da proposta de moção subscrita pelo Sr. Deputado Neto de Miranda e demais membros da Comissão do Ultramar, de que é seu muito ilustre presidente.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Sr Cazal-Ribeiro: - Sr. Presidente Referindo três sínteses admiráveis, oportunissimas de recordar, e que condensam em si a história vivida da guerra que travamos em África, eu serei muito breve nas minhas palavras, mas muito categórico e inabalável no meu apoio ao Governo quanto à sua política ultramarina.
Com efeito, a determinação de lutar, a certeza de vencer, o objectivo de construir um Portugal melhor, progredindo na paz que desejamos, sem renúncias nem capitulações, estão expressas liminarmente nos conceitos que em três datas distintas constituíam objectivo supremo a alcançar e a única política possível a seguir.
Srs. Deputados: Na madrugada de 15 de Março de 1961, há treze anos quase, dia por dia, o País tomava conhecimento, entre horrorizado e perplexo, da chacina cometida em Angola contra portugueses de todas as origens. Seria o prólogo de uma luta heróica travada contra o mundo comunista, perante a covarde transigência do Ocidente e que havia de pôr à prova, mais uma vez, a capacidade de resistência de um povo e o mérito desmentido dos seus soldados.
A 13 de Abril do mesmo ano - apenas vinte e nove dias depois daquela trágica data -, a Rádio e a Televisão transmitiam para todo o País a seguinte declaração de Salazar «Se é preciso uma explicação para o facto de assumir a pasta da Defesa Nacional, mesmo antes da remodelação do Governo que se verificará a seguir, a explicação pode concretizar-se numa palavra, e essa é Angola».
E o Chefe do Governo de então prosseguiu «Pareceu que a concentração de poderes da Presidência do Conselho e da Defesa Nacional, bem como a alteração de alguns altos postos noutros sectores das forças armadas, facilitaria e abreviaria as providências necessárias para a defesa eficaz da província e a garantia da vida, do trabalho e do sossego das populações. Andar rapidamente e em força é o objectivo que vai pôr à prova a nossa capacidade de decisão. Como só um dia, concluía Salazar, «pode poupar sacrifícios e vidas, é necessário não desperdiçar desse dia uma só hora, para que Portugal faça todo o esforço que lhe é exigido, a fim de defender Angola e com ela a integridade da Nação».
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - E os fiéis, o povo português em peso, tomaram com determinação, fé e espírito de sacrifício impressionante a única opção possível e válida para um país barbaramente atacado por guerrilhas subsidiadas, embriagadas e municiadas pelo estrangeiro. Todos unidos vencemos a primeira e mais decisiva batalha desta longa expiação do pecado de renúncia vergonhosa que outros cometeram1.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - A 24 de Maio de 1968, o general Spinola, novo Governador e comandante-chefe da Guiné, afirmava ao chegar ao aeroporto de Bissau «As minhas primeiras palavras ao pisar o "chão" da Guiné são de saudação, de homenagem e de fé. De saudação aos que aí labutam ou generosamente se batem pela paz, demonstrando ao Mundo a permanência das ancestrais qualidades do povo português.
De homenagem àqueles que tombaram em solo guinense dando as suas vidas pela causa sagrada da Pátria.
De fé no futuro económico-social da província, para grandeza de Portugal».
Síntese admirável e perfeita que serve para todas as martirizadas províncias africanas e se insere na vontade idómita de todos quantos querem continuar, sem um desfalecimento, sem uma hesitação, sem um desvio de rumo, a honrar a Pátria que foi seu berço e em moldes que a ponham ao abrigo de cobiças vindas de fora ou deserções vindas de dentro.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Com efeito, nada se deverá fazer que possa dar a impressão de que transigimos, nos acomodamos ou não somos «merecedores dos nossos mortos».
Vozes: - Muito bem!