cruzilhada da história onde grande parte das gentes e dos povos se debate com problemas que transcendem a sua própria imaginação. Forças adversas lutam corajosamente para demolir a obra que gerações se gastaram a edificar. Propaganda insidiosa e corruptiva é lançada no espaço, na imprensa, em publicações de diversos matizes, algumas das quais surpreendentes, pelos ventos que as sopram e pela incoerência que as caracteriza.

Tudo isto são frutos do tempo que vivemos e que, mau grado nosso, não está nas nossas mãos tornar mais aliciantes e apetitosos. Mas é exactamente nas horas difíceis e de provação que se revelam os méritos ou se denunciam as fraquezas e a cobardia.

Portugal, ao longo da sua história de mais de oito séculos, foi arauto do culto da honra, missionário da fé, obreiro incontestado da unidade e fraternidade entre os povos. Agora chamado a reflectir e a decidir dos problemas da sua vida nacional, na deliberação de apoio a uma moção que será a resposta desta Assembleia, e do País inteiro do Minho a Timor, à pergunta do Governo se deve ou não continuar a seguir a mesma orientação e o mesmo caminho, a resposta não poderá ser outra que não seja de completo e incondicional apoio à sua política, e de louvor pelo que tem feito em defesa da Pátria, que é de todos.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Delfino Ribeiro: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A V. Exa., Sr. Presidente, reitero a expressão de muito apreço e consideração, a que junto o contentamento decorrente de a direcção dos destinos desta Casa continuar entregue a quem, com sobejas provas, tem revelado rara propensão para o exercício de tão elevado e espinhoso cargo.

O Sr. Calapez Garcia: - Muito bem!

O Orador: - Sentimentos de simpatia e franca colaboração dirijo aos meus ilustres pares, na convicção de que uma sã convivência facilitará a prossecução dos objectivos que aromam a nossa presença neste hemiciclo.

Na hora em que, incompreendido por um mundo de dia para dia mais conturbado e decadente na aferição de valores espirituais e morais, o País serenamente enfrenta inimigos que procuram desagregar os fundamentos da nossa sociedade ecuménica e destruir a nossa soberania, a tempestiva moção de plena fé nos destinos da Pátria, enternecida e de incondicional aplauso e solidária adesão à política que, definida em magistral discurso na recente conferência da Acção Nacional Popular e ontem brilhantemente recapitulada perante esta Assembleia, tão bem se concilia com os verdadeiros interesses da grande família portuguesa, cria-me o imperativo de, nesta tribuna, render homenagem à acção governativa de quem, com inexcedível lucidez e extrema devoção, vem preservando e acentuando da melhor forma a coesão nacional na multiplicidade das terras e gentes.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Macau, pela voz do seu único mandatário neste plenário, não podia de modo algum eximir-se, embora com a singeleza de umas breves palavras, ao cumprimento deste indeclinável dever, pois, à semelhança de outros rincões do solo luso, dá o devido apreço ao ingente esforço de permanente defesa e desvelada administração do nosso património, do mesmo passo que não olvida os ilimitados benefícios colhidos a favor do seu progresso e do bem-estar da sua população.

Regista-se, efectivamente, no nosso ultramar um surto de desenvolvimento moral, cultural e económico que, impulsionado em larga medida pelas últimas alterações à lei fundamental, espelha o afã e a eficiência de uma governação que, servida pela sabedoria de antanho e atenta aos particularismos dos meios geográfico e económico e aos estádios de cultura e civilização dos seus beneficiários, promove, na «prossecução da convivência pacífica de todas as raças» e no «acesso às funções em razão da capacida de e dos méritos, e não pela cor da pele», uma participação mais ampla e activa dos cidadãos na vida política e administrativa, ao mesmo tempo que, aumentando a desconcentração de funções e a descentralização administrativa e atenuando uma excessiva intervenção do Governo Central, favorece a melhor gestão das coisas colectivas.

O Sr Ávila de Azevedo: - Muito bem!

O Orador: - sem que daí advenha o mínimo abalo para o poder político que, revigorado, se conserva comum a todos os territórios.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No que a Macau respeita, os reflexos positivos de tal actuação têm sido por de mais visíveis nos vários sectores da sua actividade, quer de natureza pública, quer de feição privada, sendo de destacar, quanto aos primeiros, as realizações conexas com a assistência, obras públicas, comunicações e saúde, bem como a ocupação crescente dos postos cimeiros de responsabilidade por macaenses, e, nos últimos, a expansão da indústria transformadora, com relevância para os têxteis, e do turismo.

E tudo se processa num clima de respeito e harmonia que caracteriza as relações entre as comunidades que, portadoras de usos, costumes e mentalidades próprios de etnias distintas, ali coabitam.

Assim sucede em tudo quanto é português e assim terá de continuar a acontecer, para maior glória e engrandecimento de Portugal.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: Este debate continuará, e espero que se possa concluir na sessão de amanhã.

Amanhã haverá sessão à hora regimental, tendo como ordem do dia a continuação da discussão e eventual votação da moção apresentada pela Comis-