O Sr. Cazal-Ribeiro: - Oxalá não a estraguem, Sr. Deputado!

O Orador - Por este motivo, na Guiné, aqueles dois nomes são e continuarão a ser indissociáveis para a maioria esmagadora da população respectiva.

Reconhecendo as dificuldades que ao Chefe do Governo são impostas na condução dos destinos do País e tendo presentes as vicissitudes por que passa a Nação, mercê de uma guerra sem quartel, que se vem desenvolvendo em todas as frentes e em todos os planos há já quase três lustros, entendo que todos os portugueses que se prezem, seja qual for a sua origem e sejam quais forem as suas condições sociais ou as funções que exerçam, lhe devem todo o apoio e uma sã e leal colaboração.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Sr. Henrique Tenreiro: - Muito bem!

O Orador: -... por razões que transcendem a vontade individual de cada um de nós.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Tal obrigação exige, porém, de nós uma participação efectiva - voluntária, activa e afectiva -, uma permanente acção tanto na busca como na aplicação prática das soluções mais adequadas para os problemas colectivos com que nos debatemos, isto é, um esforço integrado dos cidadãos na acção do Governo

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nisto consiste a verdadeira e indispensável colaboração, decerto a mais desejada pelo Chefe do Governo e seus directos colaboradores, e não na contemplação passiva e estática (com mais ou menos ruidosos aplausos) do trabalho que, com muito sacrifício pessoal, vem realizando, atirando-se de tal modo sobre os seus ombros toda a responsabilidade pelo futuro da Nação pelo qual todos, afinal, somos responsáveis.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Assim penso eu. Assim julgo que pensam todos os bons portugueses e verdadeiros patriotas. Assim reclama que procedamos nós, os vivos, o sangue de todos aqueles que morreram pela Pátria. E creio não haver nessa atitude lugar para contradições e muito menos para conflitos, que nesta conjuntura só podem contribuir para quebrar os últimos laços morais que nos unem, acabando pela liquidação total da sociedade que pretendemos construir.

O Sr. Henrique Tenreiro: - É assim mesmo!

Vozes: - Muito bem!

O Orador - No que se refere à política nacional, de que a política ultramarina é apenas um caso, sou da opinião de que aquela que não se desviar nem para um lado nem para o outro; a que não ceder às solicitações nem das direitas nem das esquerdas e. não vise agradar a uns ou a outros em prejuízo de terceiros; aquela, afinal, .que não sirva interesses de partidos e muito menos de grupos é a que melhor servirá a Nação na sua realidade pluricontinental, multirracial e pluricultural.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quanto a mira, é essa a política que defendo e estou certo ser aquela que o Governo e esta Câmara representam.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

poderá ter qualquer significado porque estou nesta tribuna para declarar, sem ambiguidades de qualquer espécie, que aprovo a política ultramarina definida pelo Presidente do Conselho no discurso aqui pronunciado na passada terça-feira, não regateando, por conseguinte, o meu claro apoio e inequívoco à moção que a Assembleia Nacional foi chamada a votar.

Mas desejava ir um pouco mais longe.

O Chefe do Governo, tendo depositado sobre os nossos ombros a responsabilidade do prosseguimento da acção governativa iniciada em Setembro de 1968, legitimou que a Assembleia Nacional, ao aprovar as coordenadas da política ultramarina, conforme lhe foi solicitado, faça chegar, até junto de quem .legitimamente se encontra colocado no vértice do comando político, a inquietação com que assiste ao desenrolar de determinados acontecimentos, sem que da parte de alguns sectores do Executivo se verifique a resposta pronta e o esclarecimento indispensável, de molde a sanear o ambiente político com rapidez e eficiência.

Vozes: - Muito bem!