os propósitos de acção que as declarações encerram.
O Sr. Barreto de Lara: - V. Ex.ª dá-me licença?
O Orador: - Com certeza.
O Sr. Barreto de Lara: - Queria felicitar V. Exa. vivamente por ter preferido optar por uma atitude dará e firme, sem se ter deixado aliciar pela tentação de posições demagógicas, decerto mais laceis e mais cómodas.
Por outro lado, gostaria de significar a V. Exa. - em nome das populações de Angola -, das quais acabo de receber o telegrama que, se V. Exa. me permitisse, eu leria já: «Temos a certeza de que a Assembleia Nacional confirmará a política ultramarina do Governo Central, que por ser a política da Nação é a única genuína. Cordiais cumprimentos» -, o seu acrisolado e fiel portuguesismo e que a sua única exigência é apenas a da definição de uma política firme e sem ambiguidades...
Vozes: - Muito bem!
O Sr. Barreto de Lara: - Desde que Marcelo Caetano está no Poder, e até desde que Portugal chegou ao ultramar, creio firmemente ...
O Sr. Casal-Ribeiro: - Portugal ocupou-se sempre do ultramar! Isso já vem de há muito tempo.
O Sr. Barreto de Lara: - Eu sei, Sr. Deputado... Muito obrigado pela lembrança.
O Sr Casal-Ribeiro: - De nada... Que não haja confusão! Eu tenho boa memória...
O Sr. Barreto de Lara: - Eu às vezes não tenho ... é pena!
O Sr. Barreto de Lara: - Confirmando, pois, direi que reafirmo, firmemente, e repetindo-me, que as populações de Angola o que exigem é uma posição política sem ambiguidades, que, de resto, as afirmações do Presidente do Conselho não consentem.
São, efectivamente, de uma limpidez cristalina os propósitos do Governo em relação ao todo nacional.
Felicito, pois, V. Exa. pelo desassombro das suas afirmações e com elas comungo vivamente.
Vozes: - Muito bem!
O Sr. Mota Amaral: - Sr. Presidente: Esteve anteontem nesta Casa o Chefe do Governo para expor à mais alta assembleia representativa da Nação a sua política relativamente ao ultramar.
Não nos limitamos, porém, a assistir à clara enunciação dessa política. Foi pedida à Assembleia Nacional uma nova reflexão sobre ela e a afirmação do rumo a seguir para futuro.
Temos, portanto, perante nós, em debate, o mais grave de todos os problemas que Portugal enfrenta, um momento que alguns não hesitam em qualificar como a crise máxima da nossa história de oito séculos.
Não vão fáceis os tempos para o nosso país. Há já mais de dez anos que tem sido preciso lutar, de armas na mão, em diversos territórios portugueses. A emigração levou-nos, entretanto, da metrópole cerca de 1 milhão de pessoas, na sua maioria gente jovem, arrastando pata a crise alguns sectores da economia. A inflação tornou-se nos últimos anos uma realidade inegável que todos sentimos, muitos de forma duríssima.
O Sr. Henrique Tenreiro: - Não tem nada uma coisa a haver com outra.
O Sr. Henrique Tenreiro: - E viverá...