diferente Ainda no discurso proferido por S. Exa. no encerramento da II Conferência da Acção Nacional Popular, depois de referir precisamente uma ideia que em tempos tinha defendido e que se casa perfeitamente com aspectos de Portugal, que os problemas do federalismo ou da integração são aspectos internos e que não põem em causa a unidade da Pátria. O Sr. Presidente do Conselho disse que aquilo que efectivamente as Nações Unidas ou «Desunidas» querem, que todos os movimentos antiportugueses querem é única e simplesmente a desagregação de Portugal por uma reivindicação racista. Essa foi a interpretação que S. Exa. fez, a meu ver, da política ultramarina do Governo.

O interruptor não reviu.

O Orador: - Permito-me frisar que para a intervenção do Sr. Deputado Rómulo Ribeiro valem exactamente as considerações que há pouco fiz em resposta ao Sr. Deputado Veiga de Macedo. Na realidade, eu não me considero, nem ninguém me considera, julgo eu, intérprete oficial de quem quer que seja. Falo em nome próprio e emito as minhas opiniões Elas são discutíveis, há pessoas que eventualmente estarão em desacordo, outras estarão de acordo, dentro e fora desta Casa.

O Sr Calapez Garcia: - Mas V. Exa. cita as opiniões dos outros para arranjar argumentação Isso é que eu lamento.

O Orador: - Não sei bem porquê, mas enfim.

O Sr. Almeida Santos: - V Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faça favor

O Sr. Almeida Santos: - Queria só perguntar-lhe o seguinte, Sr Deputado. Num mundo em que as nações se englobam em blocos, blocos em que as fronteiras se vão diluindo, debatendo e desaparecendo, V Exa. preconiza a dissociação do bloco português?

O interruptor não reviu.

O Orador: - Acerca do que eu disse, tem havido aqui na Câmara uma série de interpretações apressadas. Eu limito-me a apontar para aquilo que poderá acontecer no futuro, poderá acontecer uma coisa, poderá acontecer outra .. Pelos vistos, algumas pessoas querem que eu faça aqui declarações sobre o que vai acontecer daqui a vinte anos. Sei lá. Neste momento nós temos determinada política, temos de trabalhar nela, não podemos é fechar nenhuma porta dessa política! Essa, é a minha opinião, outras pessoas terão outra . Mas olha, p'rá frente!

O Sr Almeida Santos: - Eu não fiz essa pergunta...

O Orador: - Estou a referir-me a observações que aqui foram feitas

O Sr. Mendonça e Moura: - Dá-me licença?

O Orador: - Com certeza, dou licença a toda a gente - isso pelo menos não vai faltar .

O Sr. Mendonça e Moura: - Parece-me que nós estamos essencialmente a discutir ou a trocar impressões, se quisermos, sobre u que o Sr Presidente do Conselho nos disse há dois dias aqui E o que nos disse de fundamental, no meu entender, foi que os combatentes e os residentes nas nossas províncias do ultramar, sejam ou não Estados, não podem viver na dúvida, nem podem manter-se debaixo de equívocos Suponho que é fundamental que desta Assembleia saia claramente, nitidamente, uma posição que não admita dúvidas nem equívocos

O futuro a Deus pertence, mas nós estamos a trabalhar para o dia de hoje e a criar a história de amanhã.

O interruptor não reviu.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Em relação a essa observação, o que queria dizer é que eu também não tenho dúvidas nenhumas: é preciso desfazer os equívocos, tenho-o dito até mais que uma vez É preciso ter uma certeza, e as certezas que eu preconizo - outros preconizarão certezas diferentes- são aquelas que aqui expendi

O Sr. Deputado Cazal-Ribeiro tem estado muito preocupado por eu estar a fazer um ensaio de futurologia. Mas o que é que vai acontecer? Sabe-se lá!

O Sr Casal-Ribeiro: - O Sr Deputado dá-me licença?

O Orador: - Faça favor

O Sr Cazal-Ribeiro: - Não me impressiona nada que V. Exa. use a ciência da futurologia, que é uma coisa que está muito em moda Mas eu tenho muita pena que V Exa. também não se recorde do passado!

Eu bem sei que V Exa. é muito novo . . Ó Sr. Deputado, desculpe, que idade tem?

O Orador - Tenho trinta anos.

O Sr Cazal-Ribeiro. - O Sr Deputado fez serviço militar?

O Orador: - Cumpri todas as minhas obrigações militares, Sr. Deputado.

O Sr Cazal-Ribeiro: - E o Sr. Deputado foi à África?

O Orador: - Não estive na África.

O Sr Cazal-Ribeiro: - Ai que pena! Ai que pena!

O interruptor não reviu.

O Sr. Henrique Tenreiro: - O Sr. Deputado não falava assim se lá fosse!

O Orador: - Talvez ..

O Sr. Viegas Carrascalão: - Permite-me só uma pergunta?

O Orador: - Com certeza