O Sr Viegas Carrascalão: - V Exa., que não conhece o ultramar, como pode pedir mais participação? É que se acha nula a minha presença aqui, acho que devo arrumar as malas e ir-me embora.
O Orador: - Nem por sombras! A presença de V Exa. nesta Casa significa que está a trabalhar nessa participação!
O Sr. Viegas Carrascalão: - Mas V. Exa. está a pedir mais participação!
A não ser que V. Exa. queira que haja vinte presidentes da república no mesmo país!
O Orador: - Perdão, que pretende V. Exa. dizer?
O Sr. Viegas Carrascalão: - Que há-de haver um presidente da república em Timor, outro em Angola, e por aí fora.
O interruptor não reviu.
O Orador: - Eu não falei nisso.
O Sr Cazal-Ribeiro: - Dá-me licença? V. Exa. está a deturpar as palavras e o sentir do Sr. Presidente do Conselho! V. Exa. está a levar a água ao seu moinho, V. Exa., que eu conheço da outra legislatura, tem uma política coerente e por isso o felicito
O Orador: - Muito obrigado!
O Sr Cazal-Ribeiro: -... mas contrária a determinados princípios e sistemas V. Exa. não está a fazer mais do que lentamente deturpar a palavra e o pensamento do Sr Presidente do Conselho, utilizando o seu nome a propósito e a despropósito.
O interruptor não reviu.
Vozes:- Muito bem!
O Sr Cazal-Ribeiro: - Nem oficioso.
O Orador: - De modo nenhum.
O Sr Cazal-Ribeiro: - O Sr. é um Deputado, não interpreta nada o seu pensamento.
O Orador: - Exactamente. É isto que eu estou a dizer.
Novos apartes do Sr. Deputado Cazal-Ribeiro
O Sr. Salazar Leite: - V. Exa. dá-me licença?
O Orador: - Faça favor.
O Sr. Salazar Leite:- Imensamente grato pela sua autorização Tenho estado atentamente a seguir as intervenções que se fizeram aqui, e há um facto que
eu gostaria de realçar só tanto quanto possível. É que nós estamos em face de um momento em que é preciso proceder com a maior dignidade dentro desta sala e, por conseguinte, todos nós deveremos procurar nas. nossas apreciações portarmo-nos dignamente, como estou certo de que é intenção de todos e a finalidade de todos os que aqui estamos.
E é isso, precisamente, o apelo que estou a lançar, para que não se possa, de qualquer maneira, tornar pouco digno um acto desta natureza.
Muito obrigado.
O interruptor não reviu.
O Sr Veiga de Macedo: - Mas o debate não está de forma alguma a tornar-se menos digno e era absolutamente necessário.
O Orador: - Muito obrigado, Sr. Deputado Salazar Leite, e julgo que V Ex» não pretende afirmar que sou eu que estou a comportar-me, no debate, com menos dignidade.
O Sr. Presidente: - Srs Deputados - Este debate não me parece compatível com mais interrupções do tipo das que têm sido produzidas, quaisquer que sejam as intenções que as ditem.
Sr. Deputado Mota Amaral: - Tenha a bondade de concluir a sua intervenção.
Aparte do Sr. Deputado Henrique Tenreiro.
O Orador: - Sr. Presidente Aproxima-se este debate do seu fim tratando-se, como se trata, de uma solicitação urgente do Governo, quiçá no remate de uma crise política, não é possível dilatá-lo por todo o tempo que a transcendência do tema e a sua relevância na vida nacional em princípio exigiriam.
Mas não se fecha esta Câmara à consideração dos problemas do ultramar, manter-nos-emos atentos ao que lá se passa, preocupados pela situação desses territórios e das suas populações e dos que lá combatem sem distinção de raças, vigilantes face ao evoluir da conjuntura interna e internacional, ansiosos, mas confiantes - por paradoxo -, quanto ao futuro de Portugal
Vozes: - Muito bem!
Vozes: - Não apoiado!
O Sr Cancella de Abreu: - Sr. Presidente, Srs. Deputados Como presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros desta Assembleia, entendi, em consciência, que não poderia deixar de dar a minha modesta contribuição a tão momentoso debate, como é o que se está discutindo nesta ocasião. Aquilo que vou dizer representa, apenas, a minha opinião pessoal, já que não houve tempo de reunir a Comissão a que tenho a honra de presidir, mas estou certo, porém, de que os seus membros concordarão com as palavras que vou proferir.
É de todos conhecido que, mercê da desassombrada atitude que o País tomou na defesa dos interesses das populações que vivem sob a nossa gloriosa Bandeira, a posição de Portugal, no que vulgarmente se chama o conceito internacional, está longe