de ser satisfatória. E porquê? Será por culpa nossa? Pois certamente que não, e a resposta a estas interrogações não é difícil de enunciar. Por um lado, porque as potências neocolonialistas pretendem ocupar os nossos territórios ultramarinos ou para deles sugarem as vastas capacidades económicas que ali existem, ou para militarmente dominarem as valiosíssimas posições estratégicas que muitas dessas portuguesas terras apresentam. Por outro lado, porque, e ainda que por simples imperativo do seu subconsciente, algumas potências europeias, até nossas amigas, não nos apoiam como deviam e era do seu próprio interesse, dado, ao fim e ao cabo, que não tiveram a coragem, em circunstâncias e perigos semelhantes, de assumir a nobre atitude que Portugal tomou na hora grave em que foi cobarde e insidiosamente atacado por armas, hordas e interesses estrangeiros, ferindo a nossa honra e a nossa carne nas gentes de Angola, de Moçambique ou da Guiné. E também porque alguns desses países que hostilizam a nossa política em África não compreenderam, não compreendem e nunca compreenderão o sentir e o viver dos povos africanos, brancos, pretos ou de qualquer etnia, e nesciamente ali querem instaurar regimes e ideologias políticas que, dando talvez bons resultados nas regiões nórdicas, são absolutamente inaplicáveis e inoperantes na mentalidade e no modo de ser dos habitantes das zonas tropicais. Finalmente, para outras nações, as manobras dos partidos políticos são utilizadas sem olhar a meios e visando somente os fins; apoiam os nossos inimigos unicamente porque necessitam dos seus votos nas assembleias internacionais, sem que, egoisticamente, se preocupem com o mal que possam vir a ocasionar aos outros.

Mas se somos atacados um pouco por toda a parte, é precisamente nessas assembleias internacionais, muito particularmente na desacreditada ONU, que nos insultam, nos provocam e nos agridem com catadupas de estéril verborreia para ver se conseguem amedrontar-nos. Assembleias internacionais essas onde apenas conta o número, e não a qualidade, onde tanto equivale o voto de uma pequena e recém-criada nação, com escassos milhares de habitantes e, quantas vezes, com precários sinais de cultura, como o de um grande, prestigioso e civilizado país, cuja população se estime em muitas centenas de milhões de almas! Fraca, desconceituada, enxovalhada e arruinada Organização das Nações Unidas, que, ao longo da sua penosa existência, nunca conseguiu resolver qualquer importante problema do Mundo! Onde está a sua actuação nas disputas do Médio Oriente, na guerra do Vietname, nos massacres do Biafra, nas repressões da Hungria e da Checoslováquia ou nas questões do Sudão? E tantos outros casos graves que ameaçam a paz? Pois é esse ineficaz organismo internacional que pretende que Portugal democraticamente lhe obedeça, já que as chamadas democracias se negam a acatar as suas decisões ... Pobre direito internacional, que está praticamente feito em farrapos e que cedeu o lugar à violência, à força e à prepotência ...

Mas, Sr. Presidente e Srs Deputados, retomemos o fio da minha fala. Portugal, defendendo os territórios que fazem parte integrante da Nação há muitas centenas de anos, terras que encontrámos sem estruturas de qualquer espécie, quase todas desérticas ou com escassas tribos aqui e além, tribos essas que não foram mortas ou escorraçadas, mas, pelos nossos antepassados, integradas e civilizadas, Portugal, dizia, não está apenas lutando para que lhe não roubem o que lhe pertence desde há séculos, mas batalha na própria e indiscutível defesa da Europa e do Ocidente.

Todos aqueles que se debruçam sobre os problemas internacionais sabem, perfeitamente, que a América do Norte, para continuar a ser o que é, necessita em absoluto de uma Europa forte e independente, assim como para o nosso continente é imprescindível a existência de uma África a ele intimamente ligada. Esta simples realidade foi facilmente compreendida pelos países do Leste na impossibilidade de vencerem frontalmente os Estados Unidos da América e perante a forte oposição da Europa, apoiada no poder de dissuasão da NATO, os nossos inimigos, aliás muito inteligentemente, resolveram atacar por África. Seguindo o seu raciocínio, caída esta em suas mãos, teriam a Europa ao dispor e, consequentemente, a América do Norte vergaria à sua vontade. Por isso estamos nós sofrendo em Angola, em Moçambique e na Guiné ataques apoiados em países estrangeiros e financiados e armados dos comunistas, sejam eles russos ou chineses. O verdadeiro significado da independência dos povos africanos é apenas este!

A União Soviética, que tem já livre acesso ao Mediterrâneo, ao Pacífico e ao Indico, procura, com o maior interesse, e para isso faz os maiores esforços, obter bases navais no Atlântico. Terão os responsáveis pela política do mundo ocidental realizado o que representaria uma base russa em Cabo Verde ou na Guiné, para não tado à massa eleitoral quaisquer pontos de vista diversos.

Vozes:- Muito bem!