para defesa da Pátria comum. Assim o exigem todos aqueles empenhados na difícil e ingrata missão diplomática, cuja valorosa actuação é deveras prejudicada por equívocos que podem surgir em virtude de certas e determinadas atitudes que, ainda que bem intencionadas, podem ser mal interpretadas no tortuoso campo da política internacional.

Dou, pois, Sr. Presidente, todo o meu incondicional aplauso à moção que foi apresentada pela Comissão do Ultramar em apoio da sã política realista que vem sendo seguida pelo Governo. E faço-o em plena consciência, não apenas como Presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros, como Deputado e como português, mas, ainda, como pai de um filho que se está batendo em Angola e de um outro que dentro em pouco será enviado para o ultramar, para que, como tantos jovens que ali trabalham, se engrandeça cada vez mais o nome de Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Meus senhores: Aconteça o que acontecer, a vitória, não tenho dúvidas, não poderá deixar de ser nossa. Ganharemos com honra, porque, neste campo, tudo o que seja ceder é degradante e vergonhoso.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Aguiar e Silva: - Sr. Presidente, Srs Deputados: Chamada a pronunciar-se, em termos decerto singulares nos seus anais, sobre matéria do mais transcendente significado político, a Assembleia Nacional tem de assumir, perante a Nação e perante a história, uma responsabilidade excepcional. Uma responsabilidade a que não se pode eximir e de que não se pode libertar de qualquer modo, porque lho não consentem nem a magnitude dos problemas em causa, nem a sua dignidade de órgão da soberania nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nesta hora em que a confusão enreda tantos espíritos, impõe-se não gerar mais confusões, nem agravar equívocos em curso, alguns já em demasia enraizados; num momento conturbado da nossa vida colectiva, importa não dramatizar desnecessariamente situações já de si bem preocupantes.

Vozes: - Apoiado!

O Orador: - O que não deve significar, porém, iludir os problemas, nem forjar um optimismo fictício, em atitude de irrealismo político e de cegueira de espírito.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Penso que, em estrito rigor jurídico-constitucional, não fomos chamados a pronunciar-nos dilematicamente sobre a manutenção ou a destruição da unidade nacional...

Vozes:- Muito bem!

O Orador: -. . de modo a decidirmos se a Nação e o Estado Portugueses hão-de continuar, ou não, a existir tal como a história os conformou e tal como a Constituição vigente os define e caracteriza

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esta Câmara não podia aceitar tal dilema, quer por imposição do mandato que aqui nos trouxe e nos legitima como representantes do povo português..

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - quer por força de inequívoco imperativo constitucional, quer ainda em virtude de um imperativo histórico, que é anterior, no plano do tempo e na ordem dos valores, ao imperativo constitucional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Há situações, porém, na vida dos povos em que uma política de salvação nacional tem razões e exigências que se sobrepõem a outras razões e exigências que seriam normalmente atendíveis e pertinentes. Os momentos excepcionais do destino das nações requerem soluções excepcionais. Diria, correndo o risco de escandalizar alguns, que a política possui uma lógica que não desposa necessária e fielmente a lógica dos juristas-e mal dos governantes, e dos respectivos países, que ignoram tal verdade.

Vozes: - Muito bem!

p> O que está agora em causa, quando determinadas facções políticas heterogéneas, mas táctica e episodicamente concertadas, perturbam gravemente a opinião pública nacional, pondo explicitamente em causa os fundamentos do ordenamento jurídico-político do Estado e fazendo pairar ameaças de vária ordem sobre a unidade política da Nação, embora sob o utópico (ou capcioso?) aval dê uma futura redefinição messiânica dessa mesma unidade, o que está agora em causa é o juízo desta Assembleia sobre as linhas fun-