sentido unitário da política euro-africana, está no caminho certo da história de que os demais não deveriam ter-se afastado e de que agora estão arrependidos.

Vozes:- Muito bem!

O Orador: - Como muitos gostariam de ter ouvido, em 1945, da boca dos seus governantes as palavras então proferidas por Salazar apontando e advogando tal política.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não é, finalmente, por razões de inteligência que se procura negar, por um lado, o sentido unitário da comunidade lusíada só porque as suas partes componentes estão dispersas, embora se reconheça a unidade sócio-política da sua estrutura, e, por outro lado, se aceita a unidade proclamada de outras comunidades, embora algumas das suas parcelas, haja em vista o caso dos países bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia), só tenham de comum a continuidade geográfica e nada as aproxima sob o ponto de vista sociológico ou político.

Pois bem, se não têm sido certamente razões de inteligência que se tem oposto e procurado contrariar a nossa presença no ultramar, há que denunciar essas outras razões e com coragem procurar combatê-las, apelando insistentemente para a inteligência dos demais povos Há que denunciar os racismos e os novos imperalismos como principais responsáveis pela guerra que nos é movida e da qual procuram recolher os despojos.

O Sr. Cazal-Ribeiro: - Muito bem!

O Orador: - Há que verberar a mediocridade dos que, na impossibilidade de conseguir triunfar pela razão, pretendem vencer pela força das armas ou do número Há que responsabilizar o medo e a pusilanimidade dos que se sentem incapazes do sacrifício e da luta pelos altos ideais colectivos e da Humanidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Há, em suma, que continuar a opor às anti-razões as razões da inteligência e do bom senso e continuar a reafirmar, se possível ainda com maior vigor e dinamismo, os motivos que nos assistem e os objectivos que nos propomos, para que a ninguém seja lícito alimentar dúvidas e equívocos e, principalmente, para que cada um, onde quer que situe a sua frente, saiba claramente as razões por que se bate e as razões por que se sacrifica e morre.

O Sr. Assahel Mazula: - Muito bem!

(...)

O Orador: - Imaginação bastante para convencer os demais povos, interessados como nós nos valores da liberdade e da igualdade entre os homens, de que combatemos a mesma luta e prosseguimos os mesmos ideais e, se necessário, mostrar-lhes com coragem a nossa determinação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Imaginação bastante para evidenciar aos países ocidentais, designadamente os países europeus e aos Estados Unidos da América, de que a nossa luta é pela salvaguarda dos mesmos valores e interesses que importam à sua sobrevivência, garantindo a liberdade e presença do Ocidente em terras e mares que outros povos de interesses divergentes também cobiçam.

Imaginação bastante para tornar ainda mais acessível a verdade evidente de que à Comunidade Luso--Brasileira está reservado papel de relevo no contexto mundial se souber e puder preservar a liberdade do Atlântico Sul e manter as suas actuais fronteiras na África, na América do Sul e na Europa.

Perdidas estas, cada uma das partes será devolvida para o seu continente e a mediocridade poderá cair inexoravelmente sobre a sua história e a sua gente.

O Sr. Pinto Castelo Branco: - Muito bem!

O Orador: - Imaginação bastante para correr as sete partidas do Mundo procurando solidariedades e compreensões onde quer que elas possam surgir, a norte ou sul do Globo, sem preconceitos ou rancores, e com todas habilmente procurar ajustar acordos que salvaguardem os interesses de uma comunidade que a actual geração recebeu intacta e terá de devolver às seguintes, quiçá em nova veste político- sociológica que assegure a sua actualidade e funcionalidade, mas reforçada outrossim no sentido unitário da sua força colectiva.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É possível que para que toda esta política possa ser seguida e toda esta orientação adoptada, haja que rever algumas concepções, substituir métodos ou até sacrificar agentes.

Pois, também aqui devemos ter a imaginação e a coragem suficientes para agir com decisão e serenidade. Os interesses que estão em causa são superiores a quaisquer de nós e transcendem a nossa própria geração.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Essa a razão por que, se se reconhece, e é um facto, que a estrutura e a natureza da comunidade lusíada, cada vez mais impõe, até para salvaguarda da sua unidade, a autonomização progressiva e participada, sob o aspecto político- administrativo, das suas parcelas devemos ter a coragem de enfrentar tal evolução sem desânimos nem frustrações, mas como consequência natural da evolução do corpo vivo nacional, ao mesmo tempo que, também com a mesma coragem e decisão, devemos lutar serenamente pela preservação de todos os laços e vínculos que, sem prejuízo daquela autonomia, defendem e garantem a unidade da Nação, seja pela criação de serviços nacio-