em dúvida por todo o Mundo, ou pressionar outras soluções em. que o tempo é componente fundamental, como tão autorizadamente nos foi recordado há dias.

Vozes: - Muito bem!

O Orador - O que importa verdadeiramente é saber se as linhas da política actual têm a possibilidade de realizar a missão histórica por que somos responsáveis Saber sã, através dessa política, caminhamos no sentido da rejeição cada vez mais perfeita dos possíveis factores que limitem ou contrariem a nação harmonicamente multirracial que somos e queremos continuar a ser, venham donde vierem as tensões, a tentativa de supremacia, os interesses em jogo.

O Sr. Pinto Castelo Branco: - Muito bem!

O Orador: - Saber se, através dessa política, se preserva e anima a indispensável solidariedade de todas as partes da Nação, sejam elas as suas componentes políticas, os seus indivíduos e grupos, as suas realidades sociais, e tudo e sempre no absoluto respeito pela vocação ao desenvolvimento e progresso que cada uma exiba, pois não há, não pode haver interesse verdadeiramente nacional que se realize fora desse quadro, nem nação que a si própria se fortaleça como tal sem a coesão realmente participada de todos os que a compõem.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - É isto que importa saber, porque é isto que importa verdadeiramente realizar E importa sabê-lo sem cometer a injustiça, desnecessária e agravante, de querer aferir o patriotismo pela adesão às fórmulas práticas que cada um de nós considera melhores para atingir aqueles objectivos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não é isso que está em causa e não podemos consentir que as nossas inteligências se perturbem

O Sr. Pinto Castelo Branco: - Muito bem!

O Orador: - Sr Presidente, Srs. Deputados. Vou concluir. O que importa apurar neste debate é se es linhas fundamentais da política ultramarina expostas pelo Pressente do Conselho constituem um caminho adequado à realização dos supremos valores nacionais, nas condições históricas em que a nossa responsabilidade se exerce.

Não necessitaria de responder agora, pois seria pura e simplesmente repetir-me Estão em causa coisas tão importantes para a Nação que qualquer pessoalismo de opinião sobre os pormenores, por mais legítimo e autorizado que fosse, assumiria nestas circunstâncias a gravidade da inconsciência.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A realização dos grandes objectivos que nos propomos pode ser conseguida pelas sendas da orientação que nos foi submetida, exige cada vez mais uma autoridade forte.

Vozes:-Muito bem!

O Orador: -.. um apoio sem reservas nem hesitações Não serei eu quem o deixe de dar, e sem condições.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Daniel Barbosa: - Sr. Presidente, Srs. Deputados Há, com efeito, horas solenes na vida das nações horas profundas, horas que fazem história, horas que ficam, depois, a ressoar longamente no tecido do tempo.

E esta, meus senhores, é, sem sombra de dúvida, para todos nós, uma delas, se não das mais cruciais, pelo menos das mais transcendentes.

Trata-se, Srs. Deputados, dos graves momentos em que, como cidadãos e como homens, se nos torna imperativo inescusável repensarmos muito do que, de essencial, já tivéramos ocasião de pensar por vezes.

E trata-se também de ponderarmos, consciente e deliberadamente, convicções, opções e até crenças surgidas espontaneamente em nós, coadas pela directa vivência das realidades nacionais, e as quais, a despeito da sua importância, não terão nunca sido, porventura, objecto, por nossa parte, de qualquer esforço analítico ou de qualquer raciocínio sistemático.

São as horas solenes de que falei; as horas de reexame.

Reequacionam-se e perfilam-se diante de nós, exigindo a nossa atenção e o nosso veredicto, grandes problemas nacionais. E a qualidade em que os abordamos, resultante do próprio facto de termos assento nesta Casa, não permite que os afloremos ou resolvamos de ânimo leve. Não basta, consequentemente, aderir ou rejeitar, na crista de uma emoção ou de cegas convicções irracionadas adesões ou rejeições por que tenhamos de optar hão-de ser profundamente meditadas, já que só assim, correspondendo à importância das questões que se suscitam, elas serão efectiva e plenamente responsáveis.

Hora solene é esta, pois, em que o Presidente do Conselho convida a Assembleia Nacional a pronunciar-se sobre os princípios fundamentais que estruturam a sua política, nomeadamente em tudo quanto respeita aos problemas ultramarinos.

O convite -na dignidade dos termos em que foi deduzido - começa logo por revelar a dimensão política do homem que o formula.

É que, meus senhores, e antes de mais, não tinha manifestamente o Sr Presidente do Conselho de no-lo dirigir. Na realidade não tinha, não precisava, rigorosamente, de perguntar à Assembleia o que a tal respeito esta pensava, como directa representante da Nação.

O Sr. Moreira Longo: - Muito bem!

O Orador: - Com efeito, a Nação lhe significara já em 1969, através de um voto decisivo, a sua incondicional adesão aos princípios a que se propunha submeter a vida do País, em especial no respeitante à política ultramarina.

Voltou, depois, a significar-lha, em 1971, através da Assembleia, com a aprovação de tudo o que se manteve e, especialmente, do que de novo se introduziu na Constituição Política. E mais uma vez inequivocamente lha traduziu, há pouco mais de quatro