continuarmos a viver a certeza de que o país inteiro, através do Governo Nacional, não esquece nem desampara qualquer das parcelas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-É assim na paz e na guerra. É Cabo Verde, com as medidas para resolver os problemas das suas terríveis secas. É a Ginné, Angola e Moçambique, nas suas frentes de terrorismo. É Macau e Angola, no seu desenvolvimento económico espectacular. É a metrópole, no crescimento que se verifica de ano para ano.

Somos todos os que, por sermos portugueses, beneficiamos do bom combate das "frentes silenciosas e discretas", que se desenvolvem nos gabinetes, nas chancelarias e, acima de tudo, nas inteligências e nas vontades dos governantes para que as soluções possíveis sejam definidas e executadas a bem da Nação no seu conjunto.

Não quero alongar-me, Sr. Presidente.

Os sentimentos mais profundos são geralmente de expressão simples.

Perante o enorme benefício moral das afirmações do Sr. Presidente do Conselho nos dias 16 de Fevereiro e 5 de Março, perante a concretização da solidariedade nacional em mais um acto de que tanto se espera em Moçambique, como é o apoio financeiro a que me referi e para cujo pedido contei com tão generoso apoio dos meus pares nesta Câmara, é meu dever juntar a minha voz a tantas outras (e tão autorizadas) que chegam da província, para apresentar ao Chefe do Governo - e também a esta Assembleia, pelo seu voto sustentando a política nacional que, para os aspectos ligados ao ultramar, definiu o Prof. Marcelo Caetano- a nossa gratidão e o nosso total reconhecimento, na singela mas portuguesíssima expressão: "Bem haja, Sr. Presidente!"

Seria imperdoável injustiça, em que não incorro, deixar de abranger neste agradecimento os esforços dos Srs. Ministros do Ultramar e das Finanças e ainda os dos seus mais imediatos colaboradores, que sabemos terem sido incessantes e porfiados, para que se atingisse a solução material que se impunha. É justíssimo que os associemos ao nosso profundo agradecimento, o que faço com plena consciência de que cumpro um dever grato a todos os portugueses, especialmente os de Moçambique.

Terminei as minhas considerações do dia l de Fevereiro classificando de "duras e amargas" as minhas próprias palavras. Quão mais agradável é poder terminar hoje com estas, de agradecimento a quem tão elevadamente as mereceu. Tenho a consciência de que as profiro, com aquelas, com a mesma "precisão das armas" e a mesma "dureza da vida castrense" que a grande hora viril que Portugal vive nos impõe a todos.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Gonçalves de Abreu: -Sr. Presidente, Srs Deputados: No mercado actual de matéria-prima, depois do petróleo -a energética que comanda o Mundo -, poucos serão os produtos que sobrelevam, em volume de utilização e em valor de rendimento, a produção de madeira.

Na construção civil e no mobiliário, na produção de celulose, painéis de fibra e de partículas, na construção naval e de moradias pré-fabricadas consomem-se anualmente centenas de milhões de toneladas em todo o Mundo.

Países há, como é o caso dos países nórdicos, da Polónia, Checoslováquia, U. R. S.S, e em diversos países também da América Latina, em que a floresta tem o seu ministério específico, que se ocupa exclusivamente dela. Daí se poderá aferir da sua importância no campo económico-social.

No nosso país, a indústria que utiliza a madeira como matéria-prima é, também, importante e contribui, no cômputo do rendimento nacional, com elevada soma de numerário Mas pode ir mais longe ainda, desd e que para tanto se assegure o seu abastecimento. A indústria da celulose - a maior consumidora de madeira-, e logo a seguir a produção de painéis de partículas e de fibra e ainda os contraplacados e folheados, está a aumentar dia a dia com a concessão de novas licenças para a implantação de mais unidades produtoras, prevendo-se que em 1980 a produção triplicará, e nesse caso a madeira será insuficiente para manter tantas fábricas em laboração.

Sabemos que a Secretaria de Estado da Agricultura cuida o melhor que pode deste sector da produção, e que está prevista a florestação de milhares de hectares de terra anualmente, com vista a suprir as carências de que falamos. Porém, a floresta leva mais de uma dúzia de anos - sobretudo nas regiões montanhosas- antes que possa dar material lenhoso adequado, e até lá as fábricas transformadoras abrirão clareiras intermináveis nas reservas existentes!

Assim, há que tomar providências adequadas para reduzir os riscos e preservar a floresta de um extermínio fatal, o que, a dar-se, pata além dos problemas de ordem material que provocaria, teria a agravá-los o próprio desequilíbrio biológico da terra e do meio ambiente, que todos nós desejamos evitar.

A preocupação de uma carência de madeira não é exclusivamente nacional, ela é - isso sim - problema do mundo, que quase em pânico procura apressadamente preservar as florestas do corte maciço que a indústria cada dia lhes provoca. Dos países produtores mais significativos, na Europa, poderemos citar a U.R.S.S e a Polónia, assim como a Suécia, que reduziram as suas exportações de madeira em bruto e lenha para transformação em mais de 60 % e subiram consideravelmente o seu preço para sustar a saída para o estrangeiro.

O Brasil, por exemplo, proibiu, pura e simplesmente, a exportação de madeira em toros, isto é, a exportação de matéria-prima para transformação fora do seu país.

Medidas análogas terão de ser tomadas aqui também, pois estamos a ex portar aquilo que amanhã nos faz falta e que não teremos maneira de remediar.

Vozes:-Muito bem!

O Orador: - Na verdade, na Europa já não há quem exporte madeira em rolos para a produção de celulose e de madeira prensada, somos nós os únicos que actualmente deixam sair ainda esse precioso produto.