Quanto ao equipamento turístico, falta-lhe golfes e uma vida hípica mais intensa. Não há teatros em condições e, finalmente, direi que falta uma disciplina urbanística que a todos submeta para que se preservem certas zonas na sua traça de sabor mais ou menos primitivo, e bem assam que nas outras zonas se faça uma urbanização com largueza, tendo em conta o futuro.

Poderia ser caso de perguntar por que espera, Sr. Presidente? Que lhe falta? Que sugere para a sua resolução? Mas deixemos aos cuidados municipais o que ao seu município essencialmente pertence.

Voltemos, pois, a Cetras e a alguns aspectos do seu ordenamento ribeirinho.

Foi-me dado conhecer recentemente uma dessas «reservas» de terrenos que ainda existem junto ao litoral e importa salvaguardar, valorizando e aproveitando enquanto é tempo - e talvez não muito reste, que os apetites são tamanhos.

Quero referir-me precisamente ao triângulo que descai do Alto das Antas até ao rio e mar e vai desde o Espargal, onde hoje se ergue a nova Escola Náutica «Infante D. Henrique», até ao antigo Forte das Maias, actualmente ocupado com a Colónia Balnear Infantil Dr. Pedro Teotónio Pereira.

Reservada há cerca de trinta anos como zona verde e já baptizada de Parque Florestal e Recreativo das Antas, numa antecipação do mais que poderia vir a ser, nela se inclui, nomeadamente, a praia das Fontainhas, de características muito especiais, com rocha e não muita areia, mas com a sombra e o pitoresco das primeiras e pesqueiros bastante frequentados pelos apreciadores desse entretenimento.

Dos altos avista-se panorâmica espectacular, que abrange, a norte, a serra de Sintra e se estende, a sul, até à Costa da Caparica e cabo Espichel, e varre, de nascente a potente, Lisboa, com sua ponte sobre o Tejo, a Torre de Belém, a Outra Banda, o Bugio e o mar fora, esse mar Atlântico que os Portugueses sulcaram com as quilhas das caravelas e vão cruzando com a renovada expressão da sua marinha.

Importa preservar e defender esta maravilhosa zona, implantada em plena região turística da Costa do Sol, dos assaltos de uma edificação urbana que já avança desconforme, por vezes horrenda, sem dimensão humana e enquadramento paisagístico capaz, ao assalto dos poucos terrenos ainda vagos desta barbara invasão dos tempos modernos.

O Sr. Ávila de Azevedo: - Muito bem!

O Orador: - Não irei fazer a história deste caso que talvez merecesse investigação de integérrimo magistrado que investigasse o que se vai passando com essa autarquia municipal dos termos de Lisboa.

O Sr. Ávila de Azevedo: - Muitíssimo bem!

O Orador: - Outros a escreveram e às páginas de órgãos de informação diária já passou, nomeadamente nos finais de Novembro de 1972, sem se ter adiantado grandemente em sua resolução.

De Paço de Arcos (mas não só ...) uma muralha de edifícios avança, implacável, contra Oeiras, e já chega a atingir os limites da área em questão. Esta, considerada «o pulmão de ar e sol» de Oeiras e de Paço de Arcos, está destinada há trinta anos, segundo um plano de urbanização, ao Parque Florestal e Recreativo das Antas.

Há, pois, um problema de habitação Um problema de urbanização Um problema de conservação de um espaço verde, com ar, sol, vista para o Tejo. Um problema de poluição, talvez, neste caso, estendido ao campo administrativo.

A sua população teve, nomeadamente, ocasião de se manifestar maciça, exuberantemente, em exposição e abaixo-assinados, contra a alteração dos limites das freguesias de Paço de Arcos e de Oeiras, proposta pela presidência da Câmara Municipal de Oeiras, sem consulta sequer da Junta e dos paroquianos, isto é, os mais directamente interessados, como manda, aliás, o Código Administrativo. E tal justificou a devida solicitação pelo governador civil desses elementos fundamentais do processo.

Conforme escreveu o articulista.

Os habitantes de Oeiras não percebem a finalidade da proposta da sua Câmara Municipal Consideram que a zona deve ser protegida e que qualquer plano de urbanização que não seja o da concretização do Parque Florestal das Antas só anularia o «pulmão» que constitui o local e destruiria a paisagem.

O tempo não volta atrás. Evitemos, enquanto for tempo, mais essoutro atentado à natureza e ao meão ambiente, à zona turística da Costa do Sol, tão mutilada já em sua (...) que muitos a têm por irreconhecível.

O problema não é o da guerra do Arlequim e da Manjerona, de disputa entre duas freguesias e seus habitantes que sempre conviveram e se deram bem.

O problema é mais fundo, tem a ver com o futuro ordenamento do território e vida de portugueses, das famílias que residem nas vizinhanças, seja Paço de Arcos ou Oeiras, ou procuram a Costa do Sol para se deleitarem e espairecer, das crianças que haverão de constituir o Portugal de amanhã.

Como afirmou o cientista americano Dr. Dayton Clewell no Museu da Técnica, em Estocolmo.

Como ser humano responsável reconheço que o custo de controle da poluição é um dos preços que a Humanidade terá de pagar como consequência das explosões demográficas e de níveos de vida que se têm registado no Mundo nos dois últimos séculos.

Tais despesas não poderão ser evitadas. Cada cidadão terá de pagar, quer como consumidor, quer como contribuinte, quer como vítima.

Centenas e centenas de famílias, mais de milhar e meio de residentes, dezenas de empresas e outras entidades subscreveram exposição que esteve presente nas Junta de Freguesia e Regedoria de Oeiras e em café local, na qual, nomeadamente, solicitavam aos responsáveis «para não deixarem anular o pulmão.