A Oradora: - A problemática ultramarina tem exigido dos nossos governantes profunda reflexão na escolha dos caminhos que assegurem a política de «variedade na unidade», já preconizada por Salazar.

Na unidade multirracial que formamos, mercê dessa política, poderemos afirmar ao mundo que Portugal é indiscriminadamente de todos os portugueses, e não reserva compartimentada de brancos, de pretos e de mestiços.

Muito recentemente, afirmou Marcelo Caetano. «A consulta ao eleitorado, as resoluções da Assembleia Nacional, a auscultação da opinião pública do Norte ao Sul do País e aquém e além-mar têm sido os meus guias».

Na verdade, temos ainda bem vivas no écran da nossa memória as imagens colhidas na longa estrada que percorremos durante a campanha eleitoral do povo citadino, evoluído e consciente, que sabe o que quer, ao povo simples e aberto que adivinha o que mais lhe convém, mercê de uma intuição tão tradicionalmente portuguesa, todos manifestaram, com inequívoca eloquência, o veemente desejo de que Portugal continue uno e indivisível, na sua fisionomia ímpar de país pluricontinental e plurirracial.

A solução portuguesa dos nossos problemas ultramarinos deverá assentar, como tão lucidamente o concebe Marcelo Caetano, em estratégias que visem uma unidade traduzida pela convivência pacífica de todos os portugueses, qualquer que seja a sua religião, cor ou etnia, uma unidade concebida pelo justo acesso aos lugares administrativos, em função da capacidade e dos méritos de cada um, e não pela pigmentação da pele; uma unidade interpretada, em suma, através do aumento progressivo da participação efectiva das populações na gestão dos interesses locais.

O pano de fundo do ataque terrorista tem apresentado, nos últimos tempos, uma nova faceta, que visa minar a resistência moral das populações.

Mas, quer na frente, quer na retaguarda, não permitiremos que se hasteie a bandeira do desânimo, não contemporizaremos com ideias derrotistas, não capitularemos na luta subversiva, diabolicamente concebida pela imoralidade que endeusa a pornografia, pela clandestinidade de drogas que subverte a juventude, pela literatura que polui os espíritos, pela sabotagem que vitima os indefesos, enfim, por todos os processos desumanos e de traição tendentes a abalar a progressiva edificação da vida nacional.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Integrada nesta linha de pensamento, seria imperdoável que, como mulher e como mãe, não deixasse aqui o meu enérgico apelo a todas as mulheres e mães portuguesas, lídimas descendentes de heróicas mulheres que forjaram ao longo da história, e no silêncio da sua humildade, este Portugal que hoje somos nesta hora solicitadora da vida da Nação pesa sobre nós a herança do passado e a consciencialização do presente, com premissas basilares da construção do futuro.

Vozes: - Muito bem!

não abdicaremos.

Estreitamente ligados a uma responsabilidade tão sui generis, sobrecarregada pelo papel decisivo que lhes cabe na problemática nacional, todos os Deputados deveriam ser testemunhas vivas do surto evolutivo de desenvolvimento que, a passos rápidos, se vem processando no Portugal de aquém e além-mar.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Ouso, a propósito, levantar a minha voz, nesta Assembleia, para solicitar a quem de direito a efectuação de uma visita de esclarecimento dos parlamentares que, porventura, as não conheçam a terras ultramarinas.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - ... cuja temática vem sendo objecto de sérias reflexões no seio desta Câmara.

Disse o Sr. Presidente do Conselho numa das suas conversas em família: «Apela-se para todas as pessoas conscientes para que auxiliem e não dificultem a acção governamental».

Embora a sua voz soe ainda como um toque de clarim, é bem evidente que apreciável número de cidadãos «não conscientes» continua causando entraves à acção governativa, comprometendo a economia nacional, mercê de vergonhosas operações especulativas.

Tais atitudes deveriam merecer, por parte do Governo da Nação, sanções mais severas, tendentes a eliminar um cancro, cujas raízes, dia a dia mais profundas, constituirão, quando impunes, mais um elemento desagregador do nosso contexto económico e social.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

A Oradora: - Refiro-me, muito particularmente, ao caso do gasóleo. Cedido com um bónus à agricultura, à indústria (mormente à da pesca) e a outros sectores da vida nacional, alguns dos seus utentes, traindo intenções altamente superiores e construtivas, o vendem, pela calada, a preços desonestamente lucrativos.

São traineiras que não partem para a pesca São pescadores que, não indo ao mar, se quedam nas tabernas, olhar e mãos vazios de fé e de pão, enquanto os «patrões» aumentam o seu pecúlio bancário, não