polizantes, conduzindo à ditadura do espírito, que é a pior de todas, com sacrifício e menosprezo dos valores personalizamos que, pouco a pouco, levam o jovem à formação do homem novo, que Beatrice Ávalos classificou de «personalidade independente, espiritualizada, alegremente decidida, responsável e interiormente livre, isenta de uma escravidão de formas e de um voluntarísmo caprichoso».

Então sim, o educador poderá deixar o educando sozinho, por já estar na posse do ideal pessoal que alguém classificou de «remo da liberdade», porque já está ligado a grandes e vivos ideais que o defendem na vida

A conclusão a tirar é que devemos levar as nossas primeiras atenções para a formação de educadores, dos quais se possa dizer que são educadores educados

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E ao chegarmos a esta parte do meu argumento, temos de voltar-nos de novo para o sector «família», lembrando a palavra do Concílio Vaticano II, que classifica os pais de primeiros e principais educadores

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Eis por que a causa da instrução não poderá dissociar-se daquela missão que nos pais é absolutamente intransferível Poderão interpelar-me dizendo que a família está em crise e como tal impossibilitada para cumprir a sua função educativa Mas precisamente por isso, e porque o papel da família é insubstituível, é que para ela devem convergir as atenções e preocupações, quer da parte dos Poderes Públicos, ajudando a consolidar mais e mais o património da vida familiar autêntica, quer por parte das instituições mais directamente empenhadas em pôr a salvo os valores da família, em cuidar da preparação familiar.

Assam, a palavra «educação» não será entre nós uma palavra vã

Será oportuno lembrar aqui a comparação já sobejamente conhecida de que o coração da criança é como um vaso profundo que guarda por intuito tempo o cheiro do primeiro líquido que nele foi derramado, concluindo como um grande pensador «Que desgraça se está suja a primeira água d eitada neste vaso Ainda que depois se derramasse nele toda a água do mar, não se lavaria suficientemente das impurezas primeiro recebidas, porque o abismo é imenso e a mancha é muito profunda »

Muito de propósito comecei por invocar a instituição paraestatal da Obra das Mães, fundada no nosso país por um grande Ministro de larga visão, que também fundou em Braga a primeira Escola de Agentes de Educação Familiar D. Luís de Castro.

Outras escolas do mesmo género vieram a criar-se mais tarde, sempre na tentativa de prepararem profissionais que venham a projectar-se no desempenho de uma missão prevalentemente educativa, visando muito particularmente a preparação do lar.

Da própria etimologia do matrimónio das palavras matris múnus, «múnus de mãe»- ressalta quanto esta missão é relevante

Também aqui poderíamos invocar a reflexão de José de Maustre «A vós, homens, compete-vos formar geómetras, químicos e outros profissionais; mas aquilo a que se chama o homem, qu er dizer, o homem moral, esse formou-se dez anos sobre os joelhos da mãe. E, se não se formou, será sempre uma desgraça, porque ninguém poderá substituir uma educação materna.»

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Referi-me à função específica destas escolas, voltadas muito particularmente para o sector «Família»

Mas o problema reveste uma especial acuidade nos meios rurais, onde o fenómeno migratório, a nova explosão escolar e a dispersão ocasionada por tantos divertimentos e espectáculos acarretaram para a família novas formas de desagregação. A tudo isto há a acrescentar as doutrinas deleténras difundidas rapidamente pelos novos meios de comunicação social Chega mesmo a pôr-se em causa a função específica da família, considerada apenas como célula germinal de uma sociedade concebida em moldes inteiramente novos.

Espreita-nos, com novas formas do messianismo, o perigo da socialização, ameaçando romper os laços maus sagrados da família E seria da nossa parte uma lamentável ingenuidade deixar-nos levar na onda.

Mas, se todos reconhecemos que a família como tal tem valores reais e insubstituíveis, então joguemos tudo por tudo para pô-los bem a resguardo, a começar petos ambientes maus desprotegidos do País E porque esta é a minha convicção, acompanhei com vivo interesse os trabalhos do Seminário de Educação Familiar a que acima me referi Um dos grupos deste Semanário tirou conclusões muito pertinentes, no sentido de se definir em termos bem explícitos o conceito da educação familiar, das acções que tal educação deve englobar e das zonas prioritárias onde tais acções devem ser exercidas Viu-se a necessidade imperiosa de a educação familiar ser englobada com particular incidência nos cursos de formação de pessoal docente a todos os níveis, assim como a necessidade de determinar a qualificação a exigir e saber quais os mecanismos de formação inicial e permanente adequados que permitam uma programação por etapas da verdadeira educação familiar É toda uma problemática nova que se impõe às prementes necessidades do País, reconhecendo o referido Seminário, quase por unanimidade, a importância de uma reestruturação dos cursos geral e normal de educação familiar, de monitores e assistentes familiares, cursos que têm as suas inscrições suspensas desde o ano lectivo de 1960-1961.

No último congresso da ANP, realizado em Tomar, um ilustre membro do Governo referiu-se a um grupo de trabalho que, durante alguns meses, se reuniu periodicamente, com a representação de vários departamentos governamentais, para estudar em concreto a problemática das agentes de educação familiar, tendo-se afirmado no referido congresso constituir programa do Governo fazer-se o enquadramento de tais agentes através das assistentes sociais familiares

Também no Seminário de Estudos Rurais, realizado em Lamego em princípios de Setembro do ano transacto, foi exposto muito circunstanciadamente tanto o problema das agentes de educação familiar.