Que Portugal seja cada vez mais de todos os portugueses, menos daqueles que estejam apostados em destruí-lo total ou parcialmente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Servindo-me de um exemplo da minha profissão, eu direi que desejo que todos possam ter ou adquirir uma visão binocular, com boa fusão dos fenómenos sociais e políticos, e não uma visão alternante tão em voga, ou apenas visão monocular.

O Portugal do futuro será de todos os portugueses que o saibam conquistar e que desejaríamos fossem todos.

Vozes: - Muito bem!

O Sr Almeida Santos: - Sr Presidente, Srs. Deputados Como é do conhecimento de VV Ex, boa parte da juventude portuguesa sofre a influência de uma propaganda subtil e dissolvente Com efeito, não é segredo para ninguém que os nossos jovens, nos liceus, nas faculdades, nas oficinas, estão a ser aliciados por um emaranhado de meias verdades e descaradas mentiras, servidas em panfleto clandestino, com uma insistência quase hipnótica Para obter este efeito, agem na sombra, consoante as modernas técnicas de acção psicológica, especialistas da subversão, diplomados em institutos europeus e asiáticos. É assim, com maestria, com diploma e, convenhamos, com triste êxito, que se tem procurado levar a cabo a dissolução moral da nossa gente moça.

Muitos são aqueles que pretendem destruir-nos, num futuro mais ou menos próximo E que maneira, mais simples, e simultaneamente mais diabólica, de alcançar os seus propósitos do que infectar o espírito dos futuros intelectuais, dos futuros ostas Açores, Madeira, Cabo Verde, Guiné, S Tomé, Angola e a própria metrópole?

E ainda há portugueses que, numa distorção mental das analogias históricas, temem os fantasmas de Alcácer Quibir - como se Alcácer Quibir para o Portugal de hoje não resultasse precisamente do abandono do ultramar...

Outros dos muitos que nos mal querem e armam a mão dos sabotadores da nossa juventude constituem grupos responsáveis em países que se dizem livres e democráticos (mas que, afinal, mostram menos preocupação pelo futuro da liberdade política do que pela barganha e pelo lucro do presente ) Pressupõem esses grupos ocidentais, alguns deles na gerência de países nossos parceiros em associações de mútua defesa, que no desmoronamento do bloco português encontrariam a oportunidade ideal para a exploração comercial de vastas parcelas africanas, que da destruição da nossa unidade mais facilmente surgiriam as possibilidades apetecidas de novas fontes de matérias--primas e de colocação, talvez com tratamento preferencial, dos produtos acabados das suas fecundas indústrias.

Outros ainda, daqueles muitos que procuram abalar a nossa juventude, são os que, pela sua actuação às ocultas, pretendem realizar fora do tempo aquilo a que chamam a união ibérica, e vêem na manutenção do bloco português o maior obstáculo à realização deste sonho extemporâneo Procuram, por isso, com a doblez de um Cristóvão de Moura, avultar no espírito da gente moça e menos esclarecida os gastos com a defesa do ultramar, o sangue derramado na defesa do ultramar e as fantasiosas injustiças étnicas resultantes da permanência do ultramar

Entrementes, numa estranha aliança com uns e com outros de quantos nos são adversos, e utilizando no aliciamento da juventude e dos incautos a prédica, o folheto, a homilia, a conferência, surgem também no tablado internacional certas igrejas e certas congregações religiosas E, perante este facto insólito, ecoa-nos no íntimo uma pergunta preocupante e angustiosa Quais serão as razões por que o povo que mais trabalhou na vinha do Senhor e mais lutou pela expansão do cristianismo é assim tão ingratamente combatido por tantos daqueles que se intitulam ministros do Filho do Homem Será apenas por deficiência de informação Será apenas por causa de notícias erróneas e deturpadas.

O Sr Veiga de Macedo: - Porque verdadeiramente não são ministros de Deus

Vozes: - Muito bem!