desta Assembleia, convencidos, como estamos, de que tudo quanto possamos dar a esses jovens soldados nada significará perante os serviços que prestam e pela doação com que servem a Pátria!

Vozes: - Muito bem!

O Sr Leite de Faria: - Sr. Presidente, Srs. Deputados Tantas têm sido as intervenções nesta Câmara efectuadas para chamar a atenção do Governo sobre assuntos de interesse geral, comentar e pedir esclarecimentos sobre a execução de serviços públicos e acontecimentos de natureza política e social, que poderá pensar-se estar-se, porventura, a exagerar aqui o descontentamento dos povos.

Pelo que me diz respeito, desejaria que a administração pública visse sempre nos meus eventuais reparos o propósito fundamental de a alertar, em termos de verdadeira colaboração dirigida à defesa dos altos interesses nacionais Exceptuadas, porém, as matérias relativas aos tradicionais segredos de Estado -de entre as quais toma particular vulto entre nós a magna questão da segurança-, há que reconhecer aos governados um sadio direito à informação.

A Sr.ª D. Teresa Lobo: -Muito bem!

O Orador: - Não pode conceber-se, na verdade, que no mundo de hoje os povos se resignem perante a injustificada insatisfação das suas mais legítimas aspirações, tendo de suportar, para mais, o silêncio do sector público responsável e, porventura, apostado em calar as suas próprias insuficiências ou frustrações.

Referindo um caso concreto, que tanto tem desalentado um laborioso sector do meu círculo eleitoral, dir-lhes-ei que em 18 de Janeiro de 1973 o temporal que então martirizou a costa portuguesa fez rebentar as amarras do cargueiro Novo Redondo. À deriva, embateu violentamente esta embarcação contra o tramo da ponte móvel de Leixões, do lado de Leça da Palmeira. Os prejuízos daí resultantes determinaram, como não podia deixar de ser, as entidades administrativas do porto de Leixões a vedarem ao trânsito de veículos automóveis a referida ponte, que liga as duas grandes freguesias que integram a vila de Matosinhos-Leça da Palmeira e Matosinhos.

De então para cá vivem em natural estado de alvoroço as populações aí residentes, bem como os inúmeros utentes habituais da aludida ponte móvel, designadamente comerciantes e industriais, cujas actividades os prendem ao porto de Leixões Contam-se por muitos milhares as pessoas cujas economias foram, afinal, duramente atingidas pelo decretado encerramento de tão importante via de comunicação. É que, além do mais, a suspensão de tão vital ligação entre as duas grandes e laboriosas localidades -Matosinhos e Leça da Palmeira- importa um desvio de 8 km (ida e volta), já que todo Q movimento tem de ser efectuado pelo viaduto da estrada nacional n.º 107.

Crianças que frequentam as escolas primárias, jovens estudantes dos ensinos liceal e técnico, professores, agentes de navegação, transitados, empregados comerciais e operários fabris-sobre todos pesa o agravamento, em tempo e em dinheiro, das suas deslocações. Dir-se-ia que o que se deixa referido bastaria para punir impiedosamente tantos inocentes. Não fica, porém, por aqui o seu sofrimento. Interpretando os anseios das populações, têm procurado, na verdade, os responsáveis locais apresentá-los ordeiramente às autoridades regionais, que, aliás, sempre os acolheram com inequívocas manifestações de afectuosa solidariedade.

A verdade, porém, é que, decorridos quase quinze meses, tudo parece envolver em autêntico mistério o que se passa em redor de tão inquietante problema. Crê-se que a Administração dos Portos do Douro e Leixões não terá descurado um só instante a sua solução.

O tempo que decorreu é, todavia, demasiado, já que, se era insuficiente para edificar uma nova ponte, sobra para reparar os danos provindos de um temporal já esquecido.

Entretanto, ninguém, cuja palavra responsável para tanto tenha autoridade, se preocupou até hoje em esclarecer, como se impõe, tantos milhares de cidadãos duramente atingidos nas suas comodidades e nas suas fazendas.

Ainda na sua última «Conversa em Família», anotava o Presidente do Conselho:

Há por ai frequentes queixumes de que não temos por cá informação completa. Nada, porém, do que de verdadeiro se passa e que ao público interesse deixa de ser trazido ao conhecimento dele.

Seguro de que a palavra do Chefe do Governo terá de ser fielmente cumprida, resta-me aguardar, pois, que em breve seja reparada a aludida ponte móvel de Leixões e prontamente sejam informadas as laboriosas populações nela interessadas do estado actual dos problemas que a tal matéria digam respeito.

Só assim o Ministério das Comunicações dará concretização à ideia de que será sempre melhor governado quem, antes de mais, andar bem informado.

Vozes: - Muito bem!

O Sr Presidente: - Srs. Deputados Vamos passar à

Continuação da discussão na generalidade da proposta de lei sobre transplantações de tecidos ou órgãos de pessoas vivas.

Tem a palavra o Sr Deputado Medeiros Galvão.

O Sr Medeiros Galvão: - Sr Presidente, Srs. Deputados- De entre os anseios do homem em desvendar os insondáveis mistérios da Natureza, avulta, sem dúvida, o que se refere à sua duradoira permanência física no planeta em que habitamos.

Assim, cuidou, logo nos alvores da sua racionalidade, procurar o domínio da dor e do sofrimento, numa permanente tentativa de diferir a morte.

Foi longa a caminhada através das idades e só com Hipócrates, 300 anos a C, os conhecimentos adquiridos neste domínio deram origem ao conceito da medicina como «arte de prolongar a vida, retardando a morte»