muitas vezes da mesma forma pela possibilidade de dispor de tempo para outras ocupações.

O certo é que esta maneira de pensar já há muito estava, contudo, errada, porque dar aulas, sair da escola e não mais meditar no assunto ou apenas dedicar algum tempo mais à enfadonha correcção de exercícios era sistema que não podia continuar.

Professores havia que mantinham alunos em suas turmas durante três anos, sem os conhecerem e sem meditarem nos seus problemas de juventude. Apenas sabiam o seu número.

Hoje é indispensável que o professor do ensino básico se dedique inteiramente à sua missão - assim o exigem os novos métodos pedagógicos, assim o exige a necessária permanência na escola, para além dos tempos escolares, disposto a travar diálogo com as famílias que precisam de receber apoio para depois o darem.

As associações de pais e professores, são elas indispensáveis nesta cadeia e ou elas ou as autoridades escolares deverão, no começo de cada mês, fornecer às Enfim... Pretendemos mais ampla colaboração de professores? Comecemos urgentemente pelo aumento dos seus vencimentos, mas não tenhamos ilusões, pois que esse aumento não resolverá todo o problema, uma vez que o que se modificou com espantosa rapidez foi a própria situação de professor e seu conceito.

O trabalho do professor já não pode ser considerado como até hoje, e, de certo modo, um part-time, a sua responsabilidade aumentou - tem de ensinar e, sobretudo, educar (dantes dizia-se o professor ensina, o pai educa); as suas excepcionais férias tendem a desaparecer, a sua constante preparação não lhe permitirá sentir-se jamais realizado.

O professor que vê ruir o mundo em que foi criado carece, pois, da compreensão e do respeito da sociedade que deve com ele compartilhar as suas responsabilidades.

A primeira destas cabe à família - é a sua preparação que exige informação.

A rápida promoção social que se vem operando em Portugal e que tanto beneficia as nossas gentes exige este atento cuidado, pois se devemos evitar o choque entre a criança e o seu meio familiar impreparado não podemos também admitir que essa impreparação tenha prejudiciais reflexos na escola. Creio residir neste ponto uma das mais importantes ajudas que os que sabem devem transmitir aos que ignoram.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Sr. Presidente: Ao pedir hoje a palavra pretendi juntar a minha modesta achega ao muito e bem que nesta Câmara se tem afirmado sobre educação. Não desejava apenas falar, pois não está no meu feitio criar pessimismos e nada acrescentar que inspire confiança.

O Sr Santos Pecegueiro: - V. Ex.ª dá-me licença?

A Oradora: - Faça favor.

O Sr. Santos Pecegueiro: - Desejaria não ter de interromper as palavras clarividentíssimas de V. Ex.ª, mas a tal ponto elas me emocionaram como agente de ensino que também sou há longos anos, não apenas na metrópole, como também no ultramar, que não posso deixar de dizer duas coisas.

Uma desejando que as suas pertinentíssimas considerações se generalizassem, no nosso espírito, a todos