Vou falar tão-somente de um santo da minha região, cuja vida simples enriqueceu este nosso país de lés a lés com o brilho fulgurante da sua personalidade inconfundível, que até no domínio do político pode servir de paradigma para quantos não há maneira de atinarem com o luzeiro da verdade.

Em 2 de Abril de 1874 - dia seguinte ao da mentira... - nasceu (talvez na proa de alguma bateira, como poeticamente viria a escrever) na freguesia de Vera Cruz um autêntico capricho de Deus, a quem foi imposto o nome bem expressivo de João Evangelista de Lima Vidal.

Aquele por quem Pio XII haveria de manifestar especial ternura cresceu em inteligência e em bondade, sempre com as raízes bem fundas mergulhadas no lodo da sua ria, mas cujos braços se alongaram, quer para os longínquos sertões do nosso ultramar, quer para as severas vertentes trasmontanas, quer ainda para a conturbada capital de então, sem esquecer a doma papal, onde refinou o traço de união com Deus.

Feito bispo de Angola e Congo nos estertores da Monarquia, cedo se viu colocado na responsável posição de presidente do conselho governativo da província de Angola, por se haver retirado o Governador Álvaro Ferreira.

Havia de ser nessas lusitanas paragens que a sua extraordinária vocação de missionário e de patriota se revelaria em toda a sua pujança, nesses tempos difíceis de antidericalismo fanático, que a implantação da República soltou e açulou, procurando levar Cristo aos nativos por mãos portuguesas.

De mão firme e coração brando, D. João Evangelista conseguiu semear em todo o vasto território da sua diocese os ensinamentos cristãos e a alma lusíada, que tão bem encarnava - cruzada que não mais abandonaria, mesmo depois do seu regresso à metrópole, em 11 de Maio de 1914.

Aqui serviu como arcebispo de Mitilene e bispo de Vila Real, sempre agrilhoado à saudade permanente da sua laguna.

Desse amor da sua vida nasceu a restauração da diocese de Aveiro, que havia sido criada em 12 de Abril de 1774, e de que foi bispo até ao último sopro com o título pessoal de arcebispo de Ossirinco.

Dotado de rara sensibilidade artística e de profundo humanismo cristão, deixou em páginas de antologia peças literárias de uma inexcedível beleza e em cada coração uma gota do seu incomensurável amor pelos desprotegidos, sem nunca ofender os bem instalados na vida, de quem sacava, com rara finura, o mais que podia em benefício daqueles.

Esse pendor de consumado diplomata lhe havia de servir para dar corpo a um dos grandes sonhos da sua imaginação ardente: a edificação do seminário, hoje tão tristemente vazio, a atestar a lepra materialista do nosso tempo.

E até seria mártir, às mãos assassinas de um tresloucado na Sociedade de Geografia, para quem imediatamente pediu clemência.

Congregador de divergências, na feliz expressão de um dos seus dignos sucessores, D. Manuel de Almeida Trindade é bem um símbolo das gentes aveirenses.

Em cada casa tinha um lar e nem uma só vez negou a Cristo discriminando palácios ou choupanas, cristãos ou agnósticos, políticos ou amorfos.

Da sua montanha de génio nunca saíram ratos mesquinhos ou equívocos.

Foi sempre claro na sua doutrinação e compreensivo nos seus contactos humanos.

Esbanjou fraternidade para a esquerda e para a direita, em constantes explosões de misticismo franciscano.

Quando na passada terça-feira foi imortalizado em genial figura de bronze, há muito ela estava esculpida na alma dos aveirenses, ao lado de Santa Joana - princesa que se fez humildade, príncipe que se fez da humildade.

É perante esta veneranda figura de santo e de patriota que eu peço, comovidamente, que a Assembleia se incline, como é de suas nobres tradições - figura que para servir a Deus e a Humanidade não careceu de trair a Pátria, que tanto amou!

Vozes: - Muito bem!

direcção», acha o Governo - e eu com ele - que com este processo mais dinâmico de administração se pode contribuir para a correcção de atrasos ou desequilíbrios no desenvolvimento regional, devendo-se para isso ter em verdadeira conta a selecção de projectos a programar e a desenvolver.

Ora, de entre os programas autónomos considerados prioritários naquele diploma, permito-me salientar o do desenvolvimento do vale do Mondego e a intensificação da execução dos esquemas de electrificação agrícola e rural em zonas determinadas, por serem os que mais de perto podem afectar o círculo que aqui represento e que tão desfavorecido continua a ser no contexto do desenvolvimento nacional, como o reconhecem todos os que lá nasceram e ou vivem, as pessoas que nos visitam e até alguns estrangeiros que ali não deixam de ver uma fronteira de subdesenvolvimento, com muita mágoa de todos nós.

Por isso não posso deixar de me congratular com o facto, e espero, portanto, que o vale do Mondego, a que o decreto-lei se refere, não deixe de incluir o alto Mondego, zona que carece de ser devidamente considerada, não só no aspecto agrário como hidráulico, sem deixar de ter em conta a barragem do Cal-