contrário, perder-se-iam ou viriam a diluír-se muitos dos possíveis efeitos das economias externas criados pela escala ou dimensão dos empreendimentos. Mas, passada a fase de arranque, deverá atender-se ainda à introdução de novos fabricos ou produções, o que requer a existência de um meio humano favorável às inovações

O exemplo mais típico é o de uma barragem, que propaga um fluxo de energia em múltiplas direcções e facilita a instalação de indústrias fortemente consumidoras dessa forma de energia. Os excedentes monetários (poupanças) localmente gerados serão assim levados a abandonar os sectores tradicionais, vindo engrossar os novos fluxos criados pela industrialização e originando exponencialmente fenómenos de multiplicação.

A intensidade e rapidez do esforço industrial são factores determinantes do crescimento económico e só podem conseguir-se em territórios em vias de desenvolvimento mediante importações maciças de capitais, tecnologia e competências técnicas - um outro aspecto a atender na reforma do sistema educativo

A experiência de muitas regiões mostra que o período de produção pode ser largamente encurtado mediante formas de colaboração nacional e internacional e graças à existência de um apreciável volume de investimentos mobilizáveis. Estes conjuntos de produção modificam e modelam o meio onde se inserem e vão propagar, induzindo efeitos de aglomeração, de complementaridade e de junção, de que bem podem constituir exemplos os centros produtores de energia e zonas ricas de matérias-primas, bacias hidrográficas agricolamente utilizáveis e nós de comunicações, sobretudo quando se conjugam ou confluem.

Criados os pólos ou eixos de desenvolvimento e difundidos os benefícios, resta determinar qual o seu significado social e humano, que resultará da modificação das atitudes e comportamentos dos agentes económicos e seus familiares.

De facto, os progressos técnicos não se transmitem isoladamente, antes as alt erações das estruturas económicas de produção e troca se fazem acompanhar de mudanças nas estruturas sociais e mentais. Importa por isso criar zonas de progresso, isto é, conjuntos demográficos ou humanos capazes de interpretar, adaptar e assimilar as inovações tecnológicas, as transformações mentais, as alterações de organização, as mudanças sociais.

Toda a inovação propagada diversifica o grupo social e obriga a novos comportamentos e adaptações. Aí inserem problemas de criação de novas instituições, ideias, valores, de abertura de outros horizontes aos mais diversos componentes da sociedade. É esta valorização do meio humano que se torna indispensável ao autêntico progresso das comunidades africanas - como de quaisquer outras- para que não seja destruidor dos homens e das esperanças de vida

Sr Presidente- Como afirmaram os autores citados, a existência de um condicionalismo natural, humano e histórico bem caracterizado retira todo o interesse à discussão sobre o tipo de modelo de crescimento mais ajustável à economia de Angola-crescimento disseminado ou crescimento polarizado.

Com efeito, vários factores se conjugam para eliminar quaisquer veleidades de aplicação à província de um modelo de crescimento disseminado.

A extensão do território l 250 000 km2, aproximadamente, mais do que a França, Itália, República Federal Alemã, Bélgica, Holanda e Luxemburgo reunidos, isto é, o primitivo Mercado Comum Europeu,

A reduzida população, cerca de 5,7 milhões de habitantes, muito menos que os efectivos demográficos da metrópole;

A desigual distribuição dos quantitativos populacionais (densidades médias por concelhos e circunscrições que vão desde 0,2 habitantes por quilómetro quadrado em Porto Alexandre a mais de 10 ou 150 habitantes por quilómetro quadrado em Luanda e outros núcleos populacionais);

A coexistência de tipos diferentes e extremos de economias, cultura e vida social (percentagem importante ainda da população autóctone vivendo numa economia de subsistência, de agricultura colectora ou de pastorícia itinerante, de civilização e cultura primitivas, outra, mesmo nativa, inserida largamente em economia de mercado ou monetária, aspirando já, porventura, às sociedades da abundância),

A debilidade de fluxos monetários e de mercado interior em largas áreas da província, dificultando ou desincentivando a propagação dos efeitos de investimentos que nelas se efectuassem;

A diversidade de recursos e de aptidões naturais ou adquiridas das várias regiões do território,

A existência de algumas «ilhotas» desenvolvidas, mas ligadas sobretudo à exploração de recursos mineiros voltados para o exterior;

A presença e afirmação de pólos de desenvolvimento que importa acarinhar e projectar, não descurando aspectos de equilíbrio da rede urbana e de desenvolvimento regional harmonizado

Recomendando-se, por essas razões e outras, a preferência por um modelo de crescimento polarizado, foi tentada posteriormente a análise dos pólos de crescimento e regiões polarizadas em Angola

Sr. Presidente. No Estado de Angola, Luanda impõe-se ao observador menos atento como capital económica e principal pólo autonomizado de crescimento.

O rápido desenvolvimento da cidade evidencia os aspectos demográficos dessa polarização de uma população de 60 000 almas em 1940 passou a 200 000 em 1960, a cerca de meio milhão em 1970, e deverá dobrar a casa do milhão lá para os finais da década de 80.

Com as zonas industriais circunvizinhas, Luanda é o primeiro centro industrial do território e nela têm igualmente sede muitas das grandes empresas do comércio de importação e exportação, bem como de armazenistas internos Centro de tráfego aéreo da província, testa de um caminho de ferro de penetração, segundo porto do território, Luanda é ainda o centro da vida cívica, social e cultural de vasta área polarizada pela cidade: a nordeste, o Zaire e o Uíje, S Salvador e Carmona, a este, depois do Cuanza Norte, a testa de caminho de ferro de Malanje e a zona turística circunvizinha, das Quedas do Duque de Bragança, no Lucala, às Pedras Negras, no Pungo