Andongo, e ao Salto do Cavalo, no Cuanza; a sudeste, o Colonato da Cela, no vale do Cussoi, a querer reestruturar-se em termos de fazendas médias e de residências secundárias para fins de semana recuperadores da vida febricitante da cidade.

Sede do Governo-Geral de Angola e de várias direcções de serviços que superintendem em diversos domínios da Administração e sectores da província, a partir de Luanda estende-se a todo o espaço angolano uma vasta rede de relações político-administrativas que mais engrandece a sua vasta projecção económica e social

No centro, a zona Lobito-Benguela-Ganda-Nova Lisboa-Silva Porto define um outro eixo de desenvolvimento, orientado ao seu coração geográfico e que muitos desejariam também político-admmistrativo do Estado.

Lobito, principal porto da província, manuseando quase o dobro de carga que passa por Luanda, testa da mais longa via férrea de Angola e transafricana, entreposto comercial de uma região vastíssima que se estende até aos confins da Lunda e do Moxico, e se projecta para o interior de África, é outro importante centro industrial - se lhe adicionarmos as instalações fabris de Benguela

(42 580 habitantes), de Catumbela e Dombe Grande, ter-se-á pólo industrial de proporções quase equivalentes às do de Luanda, embora menos concentrado. No planalto já, vencidas as montanhas, Nova Lisboa (40 400 habitantes), em arrancada para o leste que ficou célebre, deve grande parte da sua projecção ao facto de ser cidade universitária e estar situada numa das regiões de mais denso povoamento e de intensa e prometedora agricultura de Angola.

A sul, um outro caminho de ferro desce dos altos de Serpa Pinto e Artur de Paiva e dos ramais de Cassinga (Jamba e Tchamutete), passando por Sá da Bandeira (cerca de 30 000 habitantes), a procurar o litoral em Moçâmedes, definindo assim um outro eixo e via de penetração Sá da Bandeira, pelo seu excelente clima e funções polarizadoras de ordem cultural, bem mereceria ser igualmente acarinhada, estimulada, fomentada, em ordem a constituir, com outras cidades do planalto -Nova Lisboa a caminho de Silva Porto e Luso, pólos de desenvolvimento e projecção para o interior de Angola, no sentido de vila Artur de Paiva, de Serpa Pinto, Cuito Cuanavale e Mavinga (por que não baptizá-las de Brito Capelo, Roberto Ivens e outros?), buscando a Zâmbia.

Para além de Luanda, reconhece-se assim a existência de vários pólos urbanos, acumulando ou não outras funções aglomerantes (administrativas, económicas, culturais, sociais, etc.) que exercem uma polarização regional de grau bastante variável: fraca e limitada no Norte, em virtude da atracção predominante da capital, mais pronunciada no Centro e no Sul, onde aquela influência se faz sentir já menos. Mas importaria arrancar decididamente com alguns desses pólos e eixos de desenvolvimento, se quisermos contrabalançar este urbanismo gigantesco que se afirma já com cerca de 10 % da população residente de Angola - antecipando-nos assim a futuras correcções dos desequilíbrios regionais do desenvolvimento, como ora se reconhece nesta parcela continental de Portugal.

Não podem esquecer-se essoutras raias do território, desde terras de Cabinda ao alto Uíje ou à Lunda, do Moxico e Cuando Cubango ao Cunene, a merecerem o reforço de alguns povoados que dinamizem as suas periféricas e mais retardadas economias e sociedades. Disso bem podem constituir felizes exemplificações quanto se vem passando nesse enclave de Cabinda, nessoutra Portugália no nordeste da Lunda, ou nas terras da Vila Roçadas e Pereira de Eça, fronteiras ao Sudoeste Africano, nuns casos voltados para o aproveitamento de recursos mineiros (petróleo e diamantes), noutro para o aproveitamento agrário e rega pelas águas a represar do Cunene Gigantescos caudais de água que de norte a sul da província se escoam esbanjadamente para o mar.

Numa altura em que todo o Mundo se debate com tamanha carência de produtos agrícolas e alimentares, matérias-primas e fontes de energia, o exemplo de Angola, das suas excepcionais potencialidades agrárias, mineiras e energéticas (poços de petróleo à hidroelectricidade a desbarato) bem é de meditar e fazer por apressar esse aproveitamento de tesouros que ainda se escondem no seio da terra ou se desvendam à superfície do solo - não é este, porém, o momento mais indicado para o tratar.

Teria desejado actualizar alguns elementos demográficos que aí ficam a atestar, neste ano mundialmente consagrado à população, o interesse da consideração dos mais recentes efectivos demográficos, mas não pude dispor dos resultados definitivos do último recenseamento da população por ainda não estarem publicados ou não serem do nosso conhecimento- têm assim mais de dez anos de idade os que às páginas do Diário das Sessões agora se acolhem em período de acelerada migração de gentes e forte urbanização, mas mesmo assim devem-nos fazer meditar sobre os prob lemas de desequilíbrio da rede urbana nestes primórdios da urbanização de Angola

Distribuição da população de Angola (1960)