realidade administrativa, apenas a duas horas de voo da Portela de Sacavém Nunca foi tão íntima a ligação afectiva de continentais e insulares.

Mas não se podem suprir com o avião as vantagens do transporte marítimo Por aquelas razões que acima evoquei e até para corresponder a certa clientela turística que preteria conhecer os Açores num navio que escalasse todas as ilhas.

Já lá vai o saudoso tempo em que de quinzena em quinzena, em dia e hora exactos de cada mês, largava do cais de Santos um paquete da extinta. Empresa Insulana de Navegação, uma companhia marítima que se pôde orgulhar de, celebrar o seu centenário. Eu sei que era um barco ronceiro, um barco que transportava passageiros como transportava cargas e animais, um barco compartimentado em três classes, um barco cuja passagem ficava assinalada por espessas nuvens de fumo, um barco que fundeava nas pequenas e nas grandes enseadas do arquipélago soltando fortes roncos de satisfação, um barco com que Madeirenses e Açorianos se tinham familiarizado como se pertencesse ao seu ambiente doméstico. A chegada do navio aos portos das ilhas era acontecimento de tal importância na monotonia da vida insular que passou a ser incluído no calendário litúrgico, com intenção humorística, «o dia de S Vapor» Nas ilhas mais pequenas, como no Corvo, acorre toda a população ao cais de desembarque.

Porém, há anos a esta parte começou a dança dos navios sem escalas nem horários certos, com intervalos imensos entre as suas partidas e chegadas, com tarifas exageradas, com descuidos flagrantes no bem-estar e na comodidade dos passageiros, com avarias frequentes que os deixavam ao sabor das ondas no meio do oceano. Mas, mesmo com estas clamorosas deficiências, ainda se podia contar com um navio de passageiros na carreira dos Açores.

Como solução do navio de passageiros para os Açores, atrevia-me a sugerir a aquisição de um navio de pequena tonelagem, uma espécie de ferry-boat, rápido, confortável, dotado de uma classe turística e uma classe económica, que servisse ao mesmo tempo aos Açorianos com necessidade de viajar pelo mar e aos continentais que visitassem os Açores em viagem de recreio. Os planos deste navio teriam de ser cuidadosamente estudados para não se repetirem os fracassos anteriores. A sua construção seria precedida de um inquérito em que se ouvissem os utentes e tivessem igualmente a palavra os empresários como os tripulantes qualificados da marinha mercante em serviço nos Açores.

Sr Presidente. Todavia, não são apenas os navios de passageiros que reclamam a atenção dos armadores e das autoridades marítimas. Recebi um angustioso telegrama dos agricultores da ilha Terceira lamentando que não podem fertilizar os seus pastos na época própria por falta de transporte para os adubos! Chegou também às minhas mãos, provinda da vila das Velas, uma queixa subscrita por todos os comerciantes que tinham as prateleiras das suas lojas vazias por não haver praça para as mercadorias nos navios que, de tempos a tempos, escalam aquele porto. Outros clamores se levantam constantemente dos habitantes da ilha Graciosa.

Pelas notícias que chegam ao meu conhecimento, a fusão de três companhias numa empresa de grandes dimensões, a Sociedade de Transportes Marítimos, anima-nos, com a esperança de se cuidar, finalmente a sério, das carreiras de navegação para os Açores Sei, igualmente, que tanto o Sr. Ministro da Marinha como o Sr. Presidente da Junta Nacional da Marinha Mercante estudam as providências mais adequadas para pôr termo a esta aflitiva situação. Esperemos que elas não demorem.

Que as comunicações marítimas entre o continente e as ilhas venham a dispor de navios apropriados tanto a passageiros como a cargas, que os itinerários sejam rigorosamente cumpridos, que se estabeleça uma organização eficiente, como aquela que se manteve nas carreiras insulares durante mais de meio século. Beneficiaram as ilhas da primeira carreira de navegação a vapor da nossa marinha mercante. Parece que se não deve esquecer nem prejudicar uma experiência tão honrosa do comércio marítimo em Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Sr José Coelho Jordão: - Sr Presidente, Srs. Deputados Visitou S Ex.ª o Sr Presidente da República, na última semana, acompanhado do Sr. Ministro das Obras Públicas e. das Comunicações, do Sr Secretário de Estado das Obras Públicas e do Sr Subsecretário de Estado das Comunicações e Transportes, o vale do Mondego, desde a barragem da Aguieira até ao porto da Figueira da Foz, podendo assim verificar o andamento dos trabalhos, apreciar os projectos e conhecer da sua programação.

Toda a obra do Mondego, que constitui a base fundamental para o desenvolvimento de uma vasta zona e que tão ansiosamente tem sido solicitada, encontra-se em vias de execução.

A barragem da Aguieira está já em fase acelerada de construção A sua albufeira irá armazenar cerca de 500 milhões de metros cúbicos de água, que permitirão a produção de energia eléctrica e irão fornecer os caudais necessários à rega de 15 000 ha de terrenos do Baixo Mondego.

A incerteza em que a lavoura do Baixo Mond ego tem vivido, e ainda vive, quanto ao resultado das suas culturas, sempre ameaçadas por cheias tardias ou temporãs ou por falta de água, nos anos mais secos, para rega, desaparecerá num futuro próximo, logo que as obras de regularização do no e de rega e enxugo estejam concluídas.

A gama de culturas que nestas condições se podiam fazer era muito limitada, todas pouco rentáveis ou mesmo deficitárias, sem possibilidades de se poder optar por uma lavoura mais evoluída, mais mecanizada ou mesmo para novas culturas.

A execução das obras do vale do Mondego dependia da construção prévia da barragem, que, jubilosamente, os agricultores vêem começar a erguer.

Em Montemor-o-Velho, centro geográfico de todo o vale do Mondego, o Sr Presidente da República e a sua comitiva subiram ao Castelo, onde apreciaram os planos das obras e puderam admirar uma paisagem maravilhosa, na vastidão e grandeza de todo o vale, onde amanhã será possível fazer novas culturas e contribuir «para uma agricultura mais rica,