destacado, normalmente nesta zona, com 600 000 ha anuais.

Trata-se de uma praga de piolho do trigo pertencente às espécies Rhopalosiphum cali L. e Sitobion avenae F, que está a infestar grandes extensões de cultura cerealífera.

Esta praga grassa com grande intensidade, deixando, ao que parece, as searas como que queimadas ou improdutivas quando da sua colheita e, segundo a opinião dos técnicos, nada tem a ver com o piolho que ataca a cultura de oleaginosas do tipo do cártamo, que normalmente se tem conseguido debelar com aplicações de insecticidas.

Podemos esclarecer que os serviços oficiais competentes estão atentos à situação, que, por ora, só reclama uma desinfecção maciça das searas, quando a infestação atinge certa intensidade, o que em muitos sítios se tem verificado.

De pouco serve a um agricultor proceder ao tratamento da sua seara se o seu vizinho contíguo estiver sujeito à mesma praga e não proceder da mesma forma.

A cobertura através do insecticida, segundo preconizam os técnicos, deverá fazer-se por via aérea, forma mais eficaz e rápida, mas implicitamente mais onerosa, chegando a custar cerca de 400$ por hectare.

Perguntar-se-á como pode este tratamento ser feito só com os próprios meios financeiros de uma actividade que se debate, inequívocamente, com senos problemas de elevação de custos, hoje ainda substancialmente agravados por uma crise energética que leva os combustíveis, os adubos e a maioria dos componentes que entram na formação do produto agrícola a níveis de custos nunca antes alcançados.

Não fora o desajustamento do preço de garantia dos cereais relativamente aos seus custos de produção e a situação não seria grave, pois o que é indispensável é que os produtos agrícolas vendidos suportem com folga as vicissitudes de qualquer praga, doença ou condições climatéricas adversas que possam eventualmente surgir.

Não me deterei aqui a fazer, sequer, uma pálida análise do que tem sido a ev olução dos preços destes cereais, pois é manifestamente reconhecido pela maioria dos portugueses que o quilograma do pão tabelado não enriquece o lavrador, mas, antes, o empobrece.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Perante isto, desejo exprimir a minha preocupação e apelar para S. Exa o Sr. Ministro da Agricultura e do Comércio, que sabemos à altura deste momento político e com uma visão económica dentro dos cânones actuais, coadjuvado pelos Srs. Secretário e Subsecretário de Estado da Agricultura e do Comércio, respectivamente, que também não são estranhos a todos os problemas agrícolas, que se esforce no sentido de tornar possível quanto antes as seguintes medidas. Comparticipação estadual no custo do tratamento aéreo da cultura cerealífera onde a infestação o justifique e, se necessário, torná-la obrigatória,

2) Actualização do regime cerealífero em termos justos e fundamentados nos efectivos preços de custo dos cereais, que correspondam aos legítimos anseios da lavoura

Sr. Presidente: Tais actuações julgo-as essenciais, indispensáveis e urgentes para a produção dos cereais necessários ao nosso abastecimento quotidiano, bem como para a sobrevivência de um importante sector da agricultura portuguesa com forte incidência na economia nacional.

Vozes:- Muito bem!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: Vamos passar à primeira parte da

Discussão das contas públicas referentes ao ano de 1972.

Tem a palavra o Sr. Deputado Roboredo e Silva.

O Sr. Roboredo e Silva: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Seguindo a norma que estabeleci na legislatura anterior, debruçar-me-ei designadamente sobre despesas militares e transportes marítimos, e agora também sobre transportes aéreos.

Aproveitarei para fazer algumas considerações de carácter geral, como a matéria permite, e do que peço já vénia a V. Exa., Sr. Presidente, e aos Srs. Deputados, até pela maior extensão da minha fala.

Não desejaria omitir uma palavra de muito apreço e alta consideração para a nossa Comissão de Contas e designadamente para o seu ilustre presidente, que bem merece o nosso respeito e gratidão pelo esforço que há tantos anos vinha fazendo, também como relator, na preparação dos relatórios da Comissão, em que com tanta clarividência fazia pertinentes observações e sugestões em múltiplos aspectos da vida económica nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A este respeito, ou seja, o pouco ou muito caso que o Governo faça do que se diz na Assembleia, seria injusto não inserir aqui uma palavra de saudação e de agradecimento ao Sr Presidente do Conselho por ter criado os Ministérios da Energia, com atribuições de coordenação em todo o espaço nacional, e o da Agricultura. Não tenho pretensões de que as minhas sugestões nesta Casa, aquando da apreciação do IV Plano de Fomento e da Lei do Plantio da Vinha, tenham tido alguma influência na decisão, mas, de qualquer forma, aparentemente, fez-se caso do que aqui foi dito.

Parece-me, e não hesito em adiantar algumas ideias, apenas com espírito de colaborar, que se impõe dar ao Ministério da Indústria e Energia, com a brevidade possível, estrutura que lhe permita cumprir a sua importantíssima missão nesta época de grave crise energética mundial.

Afigura-se-me, assim, que há que nele integrar várias atribuições dispersas por outros Ministérios Notoriamente, tem de fazer-se uma eficaz e operosa coordenação com o Ministério do Ultramar, sem a qual não será possível realizar uma política nacional de energia, isto é, abrangendo todos os territórios que constituem a Nação. Também a Junta de Energia Nuclear terá de adaptar-se à sua integração no Ministério da Indústria e Energia, intensificando as suas