actividades de investigação. Por mim preferia vê-la transformada em Direcção-Geral, à semelhança das outras que constituem o Ministério.

O novo Ministério, além da sua organização interna, terá de enfrentar problemas complexos, em que se salientam os de abastecimento de combustíveis e energia eléctrica. Não obstante o nosso colega Sr. Deputado Hermes dos Santos já lhe ter feito a referência merecida, ate pela acção que pessoalmente desenvolveu como membro do Governo, não desejaria deixar sem uma nota pessoal a assinatura dos contratos de prospecção de petróleo off-shore no continente e a adjudicação da grande refinaria a levantar no complexo de Sines, pois significarão alcançar-se, se bem sucedidas as prospecções, como é de esperar, autonomia em tão vital matéria.

Quanto aos problemas do sector eléctrico, além da oportuna continuação de criação de novos centros produtores - convencionais e nucleares -, cuja programação poderá ser necessário rever em face das pesadas subidas de preço dos agentes energéticos primários - ocorre-me voltar a falar na central térmica à boca da mina para queimar as linhites de Rio Maior -, haverá certamente que reformular a política de tarifas e de corrigir os actuais desequilíbrios no sector da distribuição, intensificando os programas de electrificação, de forma que não haja mais aglomerados populacionais sem abastecimento de energia, verdadeiras manchas ou nódoas escuras da nossa terra, inaceitáveis no fim do terceiro quartel do século XX. O meu distrito e o meu próprio concelho são prova clara desta afirmação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nesta matéria ainda me permitiria dizer que as grandes distribuidoras que funcionam a contento geral devem ser apoiadas e até acarinhadas, desde que a sua idoneidade não deixe quaisquer dúvidas. É que a electrificação é, pelas suas características, um empreendimento sempre em marcha e não uma obra que termina, e isto em qualquer país do Mundo.

Finalmente, desejaria sugerir que, para alcançar os grandes objectivos pretendidos neste campo da electrificação, fosse criado, tal como existe, por exemplo, para a indústria, um Fundo de Fomento de Electricidade, ou mesmo, numa perspectiva mais ampla, um Fundo de Fomento de Energia.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Eu quero, neste momento, afirmar que acompanho o Sr. Presidente do Conselho com toda a sinceridade e o veemente desejo de que o seu fardo lhe seja o menos pesado possível neste momento tão complexo da vida nacional, em que importa manter o equilíbrio em que temos vivido. Creio que todos os portugueses verdadeiramente conscientes assim o desejarão.

O Sr. Jorge Proença:- Muito bem!

O Orador:- As dificuldades económicas, a inflação assustadora e o não menos galopante aumento de custo de tudo o que é essencial à vida e correspondentes implicações sociais que são inevitáveis, além da política geral interna e externa de um país que enfrenta em África um terrorismo cruel há treze anos, e cuja esclarecida posição não consegue ser compreendida até pelos que deviam ser amigos e mesmo interessados, pois o problema transcende as fronteiras nacionais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -..., levam-me a reconhecer que só um grande homem, com uma agilidade mental fora de série, uma vontade sem limites e declarada habilidade política, pode manter a nau do Estado no rumo certo, através do mar proceloso em que navega. Aqui lhe apresento, pois, a minha modesta homenagem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E recordo nesta altura o sentido do que por outras palavras já li ou ouvi algures.

A cruz de Cristo sempre serviu de farol a um povo nobre e indómito que construiu uma nação imortal e projecta-se ainda, graças a Deus, no meio do fermento de destruição e de morte que campeiam no mundo, na fé e na heroicidade do Portugal soldado, marinheiro e missionário que na actualidade continua a ser.

A Sra. D. Teresa Lobo: - Muito bem!

O Orador: - E ainda acrescentaria o que o padre António Vieira disse uma vez sobre o poder de adaptação e de aventura dos Portugueses «Deus deu-nos uma terra pequena para nascer e o mundo inteiro para morrer.»

Francamente, bem desejaria que os nossos irmãos de todas as raças e credos, designadamente os jovens, se debruçassem sobre estas verdades e nelas meditassem nos seus momentos de lazer. Pretensiosismo? Talvez, mas acima de tudo um forte sentimento de portugalidade e de amor à minha terra que morrerão comigo. Perdõe-se-me o desabafo.

E já que falei em jovens, tenho de aqui deixar uma palavra de total reprovação aos pouquíssimos que pelas suas loucuras anárquicas prejudicam a grande massa que apenas quer trabalhar e habilitar-se com a necessária ferramenta para, com confiança, enfrentar o futuro.

O Sr. Ávila de Azevedo: - Muito bem!

O Orador:- Para aqueles poucos impõem-se severas medidas de disciplina, como aliás para todos os desmandos, venham donde vierem, que pretendam perturbar a tranquilidade dos espíritos e a paz pública.

O Sr. Jorge Proença: - Muito bem!

O Orador: - Continuo a pensar que a chamada «crise do petróleo», como já noutra oportunidade aqui referi, poderá fazer regressar ao Pais grande número de emigrantes, e certamente na sua maioria rurais, os quais poderão ser reintegrados no trabalho agrícola e muitos encaminhados para o ultramar.

Abro agora um parêntesis para lembrar que as estimativas para 1974 dizem que o acréscimo do preço