tribuir para um dispositivo legal que, vindo a servir-se de nós como executores, tenha algo de nós próprios em aceitação e sugestões. Damos a garantia de contribuirmos para uma legislação que assenta na realidade, e não aceitamos um documento mais ou menos bem arquitectado, constituindo um êxito político, mas impossível de executar, por desenquadrado.

A experiência alcançada, e já ia vão alguns anos, tem-me demonstrado e feito compreender da importância da formação profissional agrícola como instrumento de orientação política.

Um técnico experimentado, com elevado poder convincente e grande experiência profissional, poderá orientar a formação profissional, que vai realizando de acordo com a sua própria formação política de base. Um exemplo, o corporativismo agrícola, hoje considerado indispensável ao rápido desenvolvimento da nossa agricultura, como aliás tem sucedido noutros países, e que tanto pode ser aproveitado numa linha de participação com base na entreaj uda na procura de benefícios económicos e sociais, como numa linha puramente diferente de política democratizaste de um homem igual a um voto, ou mesmo numa outra orientação colectivista de pura integração sem que haja qualquer tipo de participação financeira.

A nossa agricultura é ainda um centro de virtudes, que convém não deixar destruir. Fazer formação profissional agrícola sem que se conheçam estas realidades, aproveitando experiências e copiando programas de outros países, para, do mesmo modo, serem introduzidos no nosso ambiente agrícola, pode ser extraordinariamente grave. Cada país tem a obrigação de legislar para a realidade do seu ambiente.

No entanto, não vá pensar-se precipitadamente que pretendo criar homens frustrados ou anões intelectuais. Desde que aos agricultores seja facultada a formação de base indispensável a uma normal evolução humana, não haverá receios, por mais fundamentados que possam surgir, razão por que apelo para um enquadramento social a montante e a jusante.

Mas se toda a formação profissional agrícola surge desacompanhada, estritamente técnica e sem um entendimento comum de orientação filosófica, então poderão surgir surpresas inesperadas.

Sei da surpresa que alguns dos Srs. Deputados e outros sentiram ao terem conhecimento de que um técnico dos serviços agrícolas, integrado na Secretaria de Estado da Agricultura, talha feito uni aviso prévio a um assunto da competência desta sem que tivesse havido uma informação anterior. Fi-lo intencionalmente, pois, além de revelar uma maneira de ser que me é própria, não quis sofrer a pressão favorável ou contrária. Sou Deputado eleito pelo meu círculo eleitoral, por mim, pelo que valho de muito ou pouco, respondendo em consciência perante os meus eleitores.

Como técnico, respondo perante os serviços em que me encontro, não vamos, pois, confundir uma coisa com outra!

Para acalmar os ânimos, poderei informar que o «período a partir de 1950 foi muito importante para a agricultura francesa, no que diz respeito ao anseio agrícola e formação profissional, com diversos trabalhos governamentais e debates parlamentares».

A formação profissional agrícola é, efectivamente, uma ferramenta técnica de desenvolvimento, como igualmente o é o ensino técnico-profissional ou a formação profissional acelerada dos operários industriais. Mas, dado o seu impacte político e peso financeiro, merece que a Assembleia Nacional, beneficiando da experiência de alguns dos seus membros e da formação política de todos os Srs. Deputados, possa beneficiar a legislação que venha a permiti-la.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Cada um de nós entrou nesta sala com uma determinada missão, consequência da linha de rumo que vinha trilhando na sua vida profissional ou de sociedade.

Assim nos guindámos ao prestígio suficiente, para nos nossos círculos sermos os escolhidos, para na luta árdua que tivemos de travar, e no meu distrito assim foi, chegarmos a esta sala.

Na continuidade da acção anterior, e conforme vontade expressa, é conveniente que cada um continue a ser aquilo que efectivamente é. Esta a linha de orientação estabelecida para num próprio, para me evitar problemas de consciência, de, quando passados quatro anos, à saída de S. Bento, ter a satisfação pessoal de que cumpri e que contribuí para minorar as dificuldades das pessoas que em mim têm acreditado.

Ser-me-ia mais fácil aceitar e ouvir, em género de atitude cómoda de laissez faire, laissez passer. Mas se na minha vida particular e profissional não optei por este caminho, não irei agora aqui escolhê-lo. Só assim, a meu ver, poderemos contribuir para o desenvolvimento do nosso país.

Sr. Presidente: Conforme orientação técnica estabelecida, a Estação Agrária das Caldas da Rainha foi dos primeiros organismos do nosso país a trabalhar voluntariamente em formação profissional junto dos agricultores do Oeste desde 1967, e assim tem continuado, numa acção permanente. A infra-estrutura associativa para a utilização em comum do equipamento mecânico e de comercialização de frutas, a agricultura de grupo e a expansão da pecuária e de novas culturas teve no Oeste a sua origem, nesta intensa acção de formação profissional. As jornadas de divulgação agrícola têm merecido o apoio e compreensão dos vários serviços técnicos e têm feito sentir aos pequenos, médios e, até, grandes empresários a necessidade da técnica como um factor de produção e estão na base da entreajuda, que tem dado os seus frutos.

Criou-se, assim, por um lado, uma élite de agricultores, hoje devidamente evoluídos, e que são os leaderes de uma moderna agricultura que começa a viver-se, por outro lado, deu-se experiência a um corpo técnico com autodomínio, à vontade e projecção, consequência da acção desencadeada.

Foi com imensa satisfação que vimos, mais tarde, o Prof. Eugénio Castro Caldas, presidente do Gabinete de Planeame nto da Secretaria de Estado da Agricultura, estabelecer as bases dos cursos de empresários, hoje a cargo da Junta de Colonização Interna. Realizaram-se programas tipo e aproveitou-se a totalidade dos técnicos que haviam ganho experiência.

Igualmente há que referir a colaboração dos organismos de acção católica, encaminhando as populações agrícolas e no estabelecimento e elaboração dos programas mais adaptados às realidades.