que ali está a ser levado a efeito pela Torralta e que até agora tinham de percorrer cerca de 100 km.

É a possibilidade de servir os milhares de pessoas que no Verão procuram as magníficas instalações que a Torralta põe ao serviço do público, passando a dispor de mais um meio de transporte com todas as comodidades.

É a valorização dos produtos agrícolas dessa região, que podem ser consumidos alguns minutos após a colheita.

É, em suma, trazer até nós uma zona que estava completamente isolada no que respeitava a transportes automóveis e proporcionar-lhe condições óptimas para o desenvolvimento turístico e económico.

As duas margens do Sado, até agora ligadas por barcos convencionais, tipo «cacilheiros», e por hover-crafts, constituindo o que de melhor há no País no que respeita a transportes fluviais, pois os hovercrafts só existem em Setúbal e constituem talvez a maior frota do Mundo, passam agora a ser servidas também por modernos ferry-boats, podendo dizer-se que o problema da travessia ficou completamente resolvido.

Bem hajam os homens que tal conseguiram, numa associação de interesses em favor do bem comum, que é de pôr em realce, aliando-se a iniciativa particular com a do Estado, através da Junta Autónoma do Porto de Setúbal, e resolvendo um problema que se revestia de grande premência.

Estando Tróia à vista de Setúbal, era necessário percorrer cerca de 100 km para a atingir de automóvel, quando uns escassos quinze minutos bastam hoje para ligar as duas margens.

Tudo agora se processa com grande facilidade e até já se esqueceram as dificuldades que era preciso vencer para atingir o que estava à nossa vista.

Um ponto há que merece uma referência especial e que é a união que ao sistema viário da zona esta ligação veio trazer.

Para além da estrada nacional n.º 10, que seguia pela Marateca para o Sul do País, não era possível outro caminho.

Também as estradas que do Sul vinham até à Tróia aí acabavam sem terem possibilidade de ligação que não fosse apenas de passageiros.

Com o novo melhoramento uniram-se as estradas existentes e que tinham como solução de continuidade o rio.

O que era considerado uma dificuldade intransponível deixou de o ser com os novos barcos que a partir do momento presente passaram a unir as duas margens.

A ligação a Alcácer do Sal pode ser feita através de uma magnífica rodovia, que em boa hora o Ministério das Obras Públicas, através da Junta Autónoma de Estradas, mandou executar.

É uma estrada extraordinária, com panoramas lindos, e que rapidamente nos põe na velha urbe alcacerense.

Para Grândola e Sul do País, economizando muitos quilómetros com o arranjo da estrada que está a ser feito e com a conclusão da ponte do Carvalhal, tudo se processará com uma facilidade digna de registo.

Para Sines, logo que a estrada para Pinheiro da Cruz e Melides esteja completamente arranjada, teremos também as comunicações muito facilitadas, pois essa ligação, que pela estrada nacional do interior atingia mais de 100 km, fica agora reduzida a cerca de 60 km.

E é de apontar o extraordinário interesse que é a facilidade de comunicações entre Setúbal e o grande centro urbano-industrial que Sines virá a ser.

É a ligação de duas grandes cidades, é o estreitamento dos laços que hão-de unir dois dos centros industriais mais importantes do País.

Em resumo, toda esta vasta região passou a estar ligada por um sistema rodoviário completo sem solução de continuidade e cobrindo as suas terras mais importantes.

Daqui apelamos para S. Exa. o Ministro das Obras Públicas, cuja boa vontade e interesse pelo desenvolvimento desta zona está bem patente, para que, se possível, sejam apressados os trabalhos de arranjo das estradas já em execução e completada a ponte do Carvalhal.

Mas, e há sempre um mas, ao regozijarmo-nos por Setúbal e a sua região ter visto resolvido um dos problemas mais instantes no capítulo de comunicações, não podemos esquecer as populações do Montijo e de Alcochete.

Elas continuam sujeitas a transportes anacrónicos, antiquados, sem quaisquer comodidades, servidas por barcos velhos, sem velocidade, barcos que foram deslocados da travessia de Cacilhas-Lisboa e que chegam a fazer o trajecto, quando a maré é desfavorável, numa hora e meia.

E quando o tempo está mau as dificuldades aumentam, pois os barcos utilizados não oferecem qualquer segurança, nem têm o mínimo de comodidades para os passageiros que transportam.

Isto sucede porque não há uma entidade responsável pelos transportes fluviais no rio Tejo, uma empresa que, para além do lucro fácil nos transportes de Cacilhas a Lisboa e vice-versa, tenha a responsabilidade dos transportes deficitários, como sempre hão-de ser os de Alcochete e Montijo.

Se houvesse apenas uma empresa, mesmo formada por aqueles que têm alguns direitos adquiridos no que respeita ao transporte entre Cacilhas e Lisboa, já seria possível exigir que tomassem a seu cargo o do Montijo e Alcochete, feito por barcos rápidos, cómodos, apropriados, convencionais ou não, o que seria de grande vantagem, pois desapareceria o problema da cala e poderiam fazer, com grande comodidade do público, os transportes indispensáveis.

Agora, andar há cerca de três anos a tentar que as empresas cheguem a acordo para fazer essa união, não parece ser o melhor processo para resolver tal problema.

Urge tratar do assunto com real vontade de o resolver, pois são os interesses de milhares de pessoas que estão em jogo.

Toda a vasta zona do Montijo e Alcochete sofre uma estagnação em virtude da deficiência de transportes para o grande centro que é Lisboa, polarizador de todas as actividades numa vasta área.

Para o Montijo há apenas sete carreiras diárias e outras tantas para Lisboa, excepto aos sábados, em que há oito Por sua vez, aos domingos e feriados realizam-se apenas três.