Para Alcochete há duas carreiras diárias e três aos sábados, só de passageiros.

A partir das 20 horas e 30 minutos é o último barco, que não leva automóveis, e as comunicações ficam cortadas, o que impede as pessoas de ficarem em Lisboa para além dessa hora.

Até os transportes de carros que se dirigem ao Alentejo são prejudicados com esta deficiência de carreiras, pois de Lisboa a Montemor, pela estrada nacional, são 114 km, e atravessando o Tejo, pelo Montijo, a distância reduz-se a 69 km.

Quer dizer, para além da distância a cobrir no, cerca de 10 km, há uma economia de 35 km.

Ora, numa altura em que tanto se fala em poupar combustível, parece que é importante uma economia desta ordem de grandeza.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Muitas pessoas servem-se do barco que vai ao Barreiro e aí apanham as camionetas para o Montijo, o que representa uma despesa enorme e imenso tempo perdido.

A situação é insustentável O interesse público exige que se tomem medidas imediatas para a resolução do problema A falta de transportes é uma asfixia para o desenvolvimento económico que essas regiões merecem e que têm todas as condições para que se comece a processar.

Há necessidade de aumentar a frequência dos transportes e de que estes sejam mais rápidos.

Para um percurso máximo de 15 km até Alcochete, os barcos utilizados, os antiquados Rio Lena, Sul Expresso e Renascer, não satisfazem de modo algum, e o mesmo sucede quanto ao Montijo, com uma distância de 10 km e os velhos barcos da Parceria.

A Administração-Geral do Porto de Lisboa tem projectos que constam do prolongamento do cais de atracação do Samouco ou fazer um cais junto à Base Aérea do Montijo, e, entretanto, as pessoas são transportadas ao frio, ao vento e à chuva, pelo que ainda há pouco tempo mais de quatrocentas pessoas estiveram na Câmara Municipal a pedir providências, que nunca mais chegam.

Os encalhes a meio do no, com perigo evidente para os passageiros, os distúrbios que tem havido nas instalações da Administração-Geral do Porto de Lisboa e nos próprios barcos, são a prova mais evidente de que a situação está errada.

Utilizar um cacilheiro que faz a viagem em cinquenta minutos e ferry-boats antiquados que levam uma hora e meia, transportando muitas vezes pessoas em vez de carros, não é de modo algum solução para ligar Montijo e Alcochete ao grande centro que é a capital.

Quando em Setúbal há os mais modernos meios de transporte fluviais, desde o maior e melhor barco clássico até aos hovercrafts, que em cinco minutos fazem o percurso para a Tróia, passando pelos mais modernos ferry-boats, não se justifica que numa travessia muito mais importante e que interessa a muito maior número de pessoas se utilizem os barcos que já não servem para Caolhas.

Se em Setúbal é bastante rentável o transporte com bons e rápidos barcos, o que não será em Cacilhas? A diferença está nas obrigações que são impostas a uns e a outros concessionários. Ou a lei é diferente para os concessionários de Lisboa?

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Manoel Freire: - Serei muito rápido na minha fala, pois sei quão sobrecarregada está a agenda desta Câmara.

Apenas apontamentos sobre a eficiência de alguns serviços públicos que desejaria mais operativos na defesa dos interesses da comunidade.

Não será uma crítica azeda ou malévola, antes um apelo às boas vontades para remediar ou procurar soluções que melhor sirvam o País, quer do ponto de vista regional, quer nacional.

Fronteira e turismo - Na região fronteiriça de Trás-os-Montes a vida é dura e o desenvolvimento económico, melhor, a falta de desenvolvimento económico tão notória que não constitui novidade para alguém Falta quase tudo, mas as gentes são de boa têmpera e querem, e podem, se as auxiliarem, libertar-se do rotulo de zona subdesenvolvida, melhorar o seu nível de vida e permanecer na terra que amam e que só abandonam para sobreviver.

Um dos interesses ou valores potenciais da região transmontana é o termalismo, Chaves e o seu termo têm tal riqueza de águas termais que bem pode chamar-se a capital do termalismo Gentes de toda a parte procuram-na aos milhares, para tratar dos seus padecimentos ou para simples repouso, e se mais não acorrem, é porque faltam infra-estruturas e motivos de diversão.

No entanto, a Raia é um ponto de atracção de grande interesse regional, pelo que, tudo quanto possa fazer-se para satisfação do turista resultará em proveito da região.

Chaves, Vidago, Pedras Salgadas, Carvalhelhos, ver-se-ão, em breve (a época termal vai abrir), invadidas por aquistas e turistas, para os quais a fronteira será a tentação, a Espanha uma quebra na rotina dos tratamentos, um passeio, a ilusão das compras Do lado espanhol, outro tanto os mesmos motivos, as mesmas ilusões Há um fluxo e refluxo de pessoas e recordações Assim, em pleno entendimento, se vai processando algum comércio e, principalmente, um convívio buliçoso, agradável e amigo, que lhes deixa o desejo de voltar.

Gostaria de apelar para as autoridades aduaneiras a fim de que, sem menosprezar, naturalmente, a sua missão, usassem de menos rigor para os turistas nacionais e estrangeiros que transportam objectos de pequeno valor, recordações. Os contrabandistas, os profissionais, sabem como passar a fronteira sem grandes riscos, e não vão em alegre excursão, julgo eu.

Os funcionários da alfândega, como os da polícia, primeiros contactos de quem nos visita, têm de ter tacto diplomático e ser acolhedores - não seja o turismo uma das nossas maiores fontes de receita.

Não quero perder o ensejo de relatar a VV. Exas. um facto muito significativo que bem merece destaque pelo espírito de oportunidade e de galhardia das autoridades espanholas para com um membro desta