Pela situação que parece emergir de outras passagens do projecto do Plano não se aproveitariam as potencialidades próprias e o dinamismo bem conhecido do distrito de Aveiro. Há, por isso, que criar aqui uma situação bem clara, que poderá, nas suas últimas consequências, ir tão longe como alterar inclusivamente os limites das regiões de planeamento e incluir nos estudos em execução para o plano director da área metropolitana do Porto o distrato de Aveiro. Ousarei perguntar se não será pouco racional, ao considerar o Porto como centro de uma área metropolitana, que apenas se abranja para sul um concelho (Vila Nova de Gaia), indo, em contrapartida, a norte até Viana do Castelo, Braga, Guimarães, etc.

Será que deverá continuar a persistir a ideia de que o rio Douro deva constituir uma fronteira que separa regiões de planeamento, quando simultaneamente, além da construção sucessiva de barragens, que estabelecem outras tantas pontes, até está incluída no projecto do Plano - e Apesar de sentir que muito ficou por dizer, não consegui encontrar tempo para ser mais sintético.

Vou finalmente terminar, esperando que ao confirmar o meu voto na generalidade à proposta de lei a elaboração do Plano definitivo possa ter em conta, se disso foram merecedoras, algumas das minhas reflexões.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Alberto de Alarcão: - Sr. Presidente: Ao subir a esta tribuna pela primeira vez no decurso da XI Legislatura, seja-me permitido dirigir a V. Ex.ª cumprimentos de respeitosa estima e muita consideração. E peço vénia para endereçar aos Colegas, da passada legislatura como a quantos vieram renovar esta representação nacional, as saudações amigas de um coração português.

Sr. Presidente: Um novo plano de fomento é submetido à consideração desta Assembleia Nacional: IV de sua história sexenal, é primeiro, no entanto, no decurso do mandato do Prof. Marcelo Caetano como Presidente do Conselho de Ministros de Portugal. Traz a marca inconfundível da sua personalidade, que encontrou no Ministro de Estado adjunto para o Planeamento Económico, Dr. Mota Pereira, de Campos, um notável servidor da causa pública em matérias de planificação do crescimento económico e promoção do bem-estar social.

Não vão fáceis os tempos para quem tem de considerar e estabelecer as coordenadas de um futuro desenvolvimento da economia e sociedade das nações. Pesadas responsabilidades impendem sobre cada um de nós e todos conjuntamente, portugueses, que amamos a nossa terra e muito consideramos o seu povo, para que de ânimo leve nos pronunciemos sobre um documento tão importante como aquele que irá informar o viver nacional no próximo sexénio.

Sobram de responsabilidades o que possa minguar de competência, mas a cada um de nós é pedido o esforço do labor da sua inteligência, o apagado perscrutar das consciências. Está em causa o futuro comum, nosso e dos nossos companheiros dos círculos eleitorais de concidadãos da Pátria Portuguesa ou dela ausentes, a labutar em terra alheia o pão nosso de cada dia. É a vida de nossos filhos que ora se prepara e se contrói, é a realidade da comunidade nacional que se apronta, se dispõe e se previne quê cada qual lhe responda no íntimo das consciências.

Não são palavras simples as que me proponho hoje dizer. Ditais um coração lusíada, espero seja entendido em seu verdadeiro sentido e compreendido o seu significado e alcance.

Sr. Presidente: Vem de há longa data a dispersão do povo português por «mares nunca dantes navegados», a povoar novos espaços que o sentido ecuménico da presença lusitana no Mundo de há muito nos habituou.

Mais recentemente, perdido o carácter eminentemente transoceânico das deslocações, parte o povo português à descoberta dessa Europa que fica para além dos Pirinéus. Europa industrializada ou, talvez, mesmo mais adiantada em termos de crescimento económico e de progresso social, acolhe no sedo de farta economia e, porventura, melhores repartidos resultados, legiões de migrantes: foram outrora os romanos e demais habitantes da Península Itálica, sobremodo da parte mais mediterrânica, jugoslavos e gregos, como mais tarde se seguiram os vizinhos hispânicos ou os mais longínquos turcos, os norte-africanos, portugueses também.

Que leva as gentes a trocar o pátrio lar por terra alheia neste processo de mobilidade geográfica das populações que se perde no negrume dos tempos? Múltiplas razões as motivam. Mas hoje em dia, para além de um sempre renovado espírito de aventura e desejo de emancipação, além de outros aspectos e factores determinísticos, muito tem que ver a (c)migração com as oportunidades de emprego ou a criação de postos de trabalho.

Procurei assim estimar, neste interregno parlamentar, não apenas o volume total da emigração metropolitana - compreendidos os clandestinos -, mas os