da efectiva variação do número de trabalhadores (ou de empregos), por decénio. São os resultados desta investigação que ora trago à consideração desta Assembleia Nacional:

Foram, como tive oportunidade de afirmar, ainda não há muitos dias no decurso da campanha eleitoral, cerca de 1 300 000 portugueses que terão saído, na década de 60, deste rincão europeu para as sete partidas do Mundo.

Não o atenua grandemente o contingente militar a prestar serviço nos territórios de além-mar ou as gentes pana lá emigradas, nem a precariedade dos resultados de uma estimativa a 20 % do último recenseamento da população: o de 1970.

Já não é o Brasil, essa pátria irmã na língua e cultura, nos valores de civilização que acreditamos, o sorvedouro normal das gentes emigradas. É terra estranha, de língua incomum, de usos e costumes por vezes bem diferenciados, o destino predominante dessas levas de portugueses.

É certo que o problema não é apenas nosso, e antes de ser português de muitas outras terras e gentes o foi no fluir das civilizações. Nós mesmos acabámos de aprontar comunicação para colóquio internacional sobre «A emigração da bacia mediter começos do século, até 1911, ainda a população activa com profissão aumentava no total, mas já então se desenhava uma crise das actividades agrárias, superadas em termos de emprego pelas possibilidades oferecidas pelas actividades artesanais ou fabris: cerca de 100 000 trabalhadores a mais acresceu o montante total nesses onze anos.

A partir de então, e até 1930, a situação do «mercado de trabalho», como é de uso economisticamente chamar, alterou-se significativamente: a população activa com profissão diminui pela primeira vez e de quase aquele montante, não apenas no que medievalmente se continua a chamar «lavoura», mas também na própria indústria: 80 000 trabalhadores, em números redondos. E foram os serviços - sem cuidar da sua estrutura, repartição ou «qualidade» - os grandes responsáveis ainda para o decrescimento da população activa não ser maior.

Na década de 30, com o «Estado Novo», um surto de progresso e expansão das actividades produtivas parece ter-s e desencadeado em terra metropolitana: 500 000 novos profissionais se vieram juntar aos precedentemente activos. Dele quase todos os sectores beneficiaram: 200 000 a agricultura e outro tanto os serviços, 100000 a indústria.

Jamais se voltou a alcançar igual acréscimo global: 500 000 novos profissionais. Reduz-se para metade na década seguinte, e novamente para metade (ou menos: apenas 120 000) na década de 50.

Em Í950 alcançara-se o máximo valor de sempre da população activa agrícola metropolitana: por falta de novas actividades suficientemente dinâmicas e progressivas, propiciadoras de empregos em quantidade capaz, a agricultura vira-se obrigada a dar trabalho ou facultar ocupação a um milhão e meio de activos ou subempregados nas actividades agrárias, outro tanto ser partilhado quase irmãmente entre a indústria e os «serviços».

Mas, já então, em 1956, o Prof. Engenheiro Eugênio de Castro Caldas, no I Curso de Sociologia Rural promovido no País, ia previsionando com certa surpresa ou mesmo escândalo nacional:

Para alcançarmos este padrão (o figurino dos Estados Unidos da América), teríamos de contar no sector primário com a população de 480 000 rurais, em vez do milhão e meio que temos; havíamos de contar com 810 000 trabalhadores na indústria, em vez dos 830 000 que temos, e o sector terciário, o dos serviços, passaria dos 700 000 trabalhadores para 1 711 000.

Reparem VV. Ex.ªs no vigor destes números.

Um milhão a menos na agricultura; menos 20 000 na indústria, o que mostra que poderíamos ter uma indústria proporcionalmente tão produtiva como a da América, sem ocupar mais gente; e um milhão a mais nos serviços, o que significa faltar-nos viver bem, para viver melhor,