Kegião com um tipo de agricultura que precisa de ser entendido e compreendido, para que os homens possam fazer o milagre de viver uma vida digna; região que precisa de ser encarada à luz de uma óptica especial e servida por uma política realista, pois nunca mais sairá das dificuldades em que se encontra se tudo, ou quase tudo, continuar a depender dos factores naturais e não houver uma sã e corajosa política de fomento e de recapitali-zação. Fomento e recapitalização são dois termos de uma equação que de certo modo se contradizem e anulam.

Fazer fomento, por vezes e ali, sem dúvida, é assim , representa alterar, modificar, ensaiar, experimentar. Numa palavra: fazer fomento representa no estado actual em que as coisas se encontram despender mais capital.

Já o Governo, no último regime cerealífero que traz em si o sinal de mudança e de viragem quanto à política de preços que vinha sendo seguida , sublinhou que a palavra «reconversão» não é grata à lavoura e o Governo sabe que assim sucede, não por rotineirismo ou falta de vontade de progredir, mas porque toda a modificação traz exigências de capitais, e estes cada vez são mais difíceis de obter, dadas as limitadas possibilidades de crédito que a grande maioria dos agricultores possui.

Este, Sr. Presidente e Srs. Deputados, o quadro geral em que se desenvolve a economia da minha região, quadro que temos de tentar modificar para que a vida dos empresários e dos trabalhadores rurais seja mais feliz e mais grato o mister de ser lavrador ou trabalhador do campo.

Bem sei que não é possível, à escala regional, modificar, substancialmente, este estado de coisas.

Para além do fomento pecuário que, ao abrigo de disposições legais recentes, precisa de ser incrementado ao máximo , não cremos que sejamos capazes de alterar estruturalmente, por um largo período de anos, o tipo de exploração dominante.

Compete, no entanto, a quem tenha responsabilidades de qualquer ordem quanto ao problema debruçar-se sobre ele e procurar encontrar soluções parciais que, por aglu-tinamento, venham a constituir núcleos diferenciados que contribuam para uma maior valorização da terra, ou das actividades regionais. São três os pontos sobre que podemos, com confiada esperança, concentrar a nossa atenção, pois só através deles poderemos provocar uma cadeia de reacções de muito útil e eficaz influência sobre a economia regional e o nível de vida das populações. Enumerá-las-ei pela ordem que me parece mais recomendável: o aproveitamento hidroagrícola do Caia, a industrialização da região e a criação da zona de turismo de Eivas.

Encontram-se em adiantada fase as obras do aproveitamento hidroagrícola do Caia, que abrangerá terras -dos concelhos de Campo Maior e de Eivas. Uma vasta área será irrigada a partir de canais que já serpenteiam ao longo dos campos e em breve estará erguida a barragem que permitirá que a água seja posta à disposição dos agricultores da zona incluída neste perímetro de rega.

A formação de uma extensa albufeira terá pana .a região vantagens enormes, pois permitirá que se garanta, a partir dela, abastecimento de água a Eivas e a Campo Maior e ainda às sedes de diversas freguesias dos dois concelhos. Do ponto de vista turístico, a albufeira terá também o maior interesse, uma vez que possibilitará a prática da natação, da pesoa e dos desportos náuticos numa região onde os Estios são duros e as gentes sofrem, de Junho a Outubro, a inclemência de clima deveras agreste.

A zona a irrigai1 abrange uma faixa d© terrenos que se estendem numa área de 7400 ha.

Nela encontramos variados tipos de solos, que não vamos aqui enumerar, apenas dizendo, quanto à sua classificação, que 16 por cento são terras de primeira, 24,1 por cento de segunda e 59,9 por cento de terceira.

Com a próxima chegada da água

Vozes: Muito bem!

O Orador: Terá de se levar a cabo uma obra de reconversão cultural profunda, em muitos casos, e já atrás dissemos o que o termo significa para a lavoura. E é assim, como. também frisámos, porque sabe que toda a mudança traz despesa e que quase todo o capital a investir terá de ser obtido através de operações de crédito.

Ë evidente que a lavoura pode recorrer à Junta de Colonização Interna e não será de mais louvar aqui o que este organismo tem feito através da Lei de Melhoramentos Agrícolas , mas estamos certos de que nem sempre conseguirá que o juro a praticar permita que o empreendimento seja rentável, nem terá disponíveis bens não comprometidos que possam garantir os empréstimos que aquele organismo lhe possa facultar.

Sei que não serão, no entanto, todas estas dificuldades que paralisarão o esforço daqueles que, em época de economia tão perturbada, terão de arcar com os encargos e asresponsiabilidades de uma reconversão deste tipo, mas temos de pensar na maneira de os ajudar e de lhes dar possibilidades de êxito e de recuperação.

Pensamos que a lavoura da região, se tiver o necessário auxílio e se souber defender-se a si própria, poderá organizar-se desde já, com o fim de programar todo um plano de acção, estabelecendo uma ordem de prioridade que permita realizar os diversos trabalhos ordenadamente e sem atropelos.

Pensamos que mais cedo ela deveria ter começado a tratar destes assuntos; mas disso nos caberão a nós também culpas, pois, agricultores que somos, por igual, desses problemas devíamos ter cuidado.

Os Grémios dia Lavoura de Eivas e de Campo Maior, que tão altos serviços têm prestado às regiões, encontram-se, sem dúvida, em condições de organizar um grupo de trabalho que, de acordo com os serviços competentes, planifique todo um esquema de actuação e solicite as colaborações devidas.

Lembramo-nos da necessidade de se deslocarem para a região máquinas de grande porte para trabalhos de nivelamento, ou seja para preparar os terrenos para a sua adaptação ao regadio.

Pensamos no estudo de um plano de ordenamento cultural, a efectuar com a maior rapidez, ainda que sujeito mais tarde às correcções que a prática aconselhe.

Pensamos que cada regante deveria receber, antes da entrada em regadio, uma carta com a indicação da aptidão