ao serviço do ideário nacional-católico e, por outro lado, nesta tribuna as palavras assumem maior alcance e solenidade e um teor de responsabilização a que nunca procurei eximir-me.

E, como elas pressupõem longo estudo e meditação, fornecem mais garantia de possibilitar os dois ensejos que a argúcia do velho Tácito reputa como os mais louváveis aos intervenientes nos debates colegiais: discutir sem fingimento e deliberar sem erro.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: A nota basilar que desejo pôr em evidência é a de que sinto a maior honra em me declarar um Deputado da União Nacional, considerando os três sentidos em que podemos desdobrar esses termos - o literal, o especificamente estatutário e o pragmático, a que se tem confinado a organização respectiva.

No dramático momento histórico em que vivemos, a própria denominação da União Nacional encerra o profundo escopo da sua existência, que é o de conjurar todos os verdadeiros portugueses à unidade de pensamento, palavras e actos em torno do ideal da Pátria, íntegra, honrada e livre.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Como lembrou o Sr. Dr. Castro Fernandes, num dos seus primorosos discursos, a Pátria é um valor absoluto. E não tem outro sentido a arguta observação do venerando arcebispo de Braga ao declarar que, por "supremas razões, o patriotismo logra atingir o transcendente".

E seja-me permitido acentuar que essas luminosas conclusões estão na linha do ensinamento da Summa Theologica. de S. Tomás, em diversos passos inequivocamente consagradores do pensamento da Igreja, e que culminaram na lição de que "depois de Deus, estão os nossos pais e a nossa pátria, chamados pela vontade da Providência a dar-nos a vida material e social e a dirigi-la para o bem de todos".

Não me alongo em citações, visto estarmos num lugar em que mais se aconselham sínteses do que análises. Mas suponho ter sempre cabimento a enérgica menção das verdades fundamentais da vida colectiva, visto já se ter chegado à espantosa heresia cívica de haver quem as discuta e negue, mesmo dentro da cidadela cristã.

Quando lemos e secundamos o apelo à unidade dos Portugueses, devemos ter sempre presente, como legenda indelevelmente gravada em nosso espírito e em nosso coração, aquilo que o venerando Chefe do Estado considerou como sendo a resposta adequada a quantos querem ofender a integridade nacional - um não, seco e terminante. Foi a resposta de quem legitimamente a podia dar, em representação de todas as gerações de portugueses. Foi a resposta viril de um povo viril. Uma resposta que não carece de interpretações nem de justificações, à qual o Sr. Almirante Américo Tomás deu a forma mais adequada e definitiva da fria e rígida determinação de defendermos o nosso património sagrado.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E é na sequência dessa resposta que Portugal está demonstrando que não se deixa abater pelo ferro, nem corromper pelo ouro, que são os instrumentos com que muitas forças inaquiavélicas, personificadas numa personagem criada pelo genial Papini, supõem poder dominar o Mundo.

Para nos comandar nesta ingente e temerosa tarefa, o génio de Portugal, que sempre faz surgir os necessários génios políticos nos transes decisivos da nossa longa história, mais uma vez se manifestou ao suscitar a vocação ou chamamento do Doutor Salazar às supremas responsabilidades do governo da Nação Portuguesa, a mais antiga da Terra na sua configuração geopolítica europeia o das mais antigas no seu conjunto pluricontinental.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nestes tempos tristes, em que o Mundo parece governado pelo Anticristo, pois a mais de um bilião de pessoas se ensina a odiar o nome de Deus e do Seu Filho Unigénito; por Judas, o traidor, aqui e ali vestido com opa de sacristão e, até, com hábito de clérigo, como nos elucidam livros idóneos; ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... por Pilatos, o covarde, que treme com a chantagem para permitir a perseguição aos justos e inocentes - o que tudo constitui o grande mistério da Iniquidade de que falam os livros santos; nestes tempos tristes, a personalidade de Salazar atinge uma grandeza digna dos momentos culminantes da história da cristandade e do grande soldado de Cristo que é Portugal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Apraz-me proclamá-lo aqui, e com intenção o faço, pois, mesmo no nosso país, embora muito restritamente, mas não inocentemente, se estadeiam a traição, a covardia, a pusilanimidade, sob eufemismos de conformidade com as tendências dominantes de prudência ou de virtuosismo neutralista, em tarefa intoxicante que visa principalmente as consciências ainda em formação.

Eu compreendo o sentido de um arroubo literário ou de uma sublimação retórica, de grande beleza, que exalte o silêncio como pórtico da glória.

Mas quando as credenciais dessa glória vão buscar fundamento na glorificação da Pátria, o serviço desta exige principalmente o ostensivo e permanente reconhecimento de uma chefia e de um magistério.

Chefia e magistério esses que nos restituíram a consciência plena do assombroso conjunto histórico-ético-jurídico que é a Nação Portuguesa, numa pedagogia conduzida, nas suas peças mestras, com impressionante opulência conceituai e com exemplar serenidade, sem rajadas tribunícias, nem apelos às vibrações sentimentais, mas com argumentação do mais elevado quilate dialéctico, subjugando as mais exigentes reservas, dúvidas ou solicitações das inteligências bem formadas ou de boa fé.

E que, acima de tudo, importa que vontade nacional se determine como uma conclusão da inteligência e da consciência, segundo a lição do Doutor Aquinense, ao ensinar, na sua tese XXI, que a vontade não precede mas segue a inteligência - Intellectum sequitur, non praece-dit voluntas.

Eu não queria demorar-vos. Mas permitam-me a transcrição, para meditarmos, de palavras proferidas há mais de 25 anos:

Vereis em nações que blasonam de livres serem negadas liberdades reconhecidas e praticadas em Estados autoritários; em nome da independência dos Estados admitida a ingerência, na sua vida interna, de organismos revolucionários estrangeiros, e em nome da igualdade dos povos na comunidade internacional