ir-se pouco a pouco substituindo à livre associação dos Estados um superestado em que por tal caminho se afundará.

Fui isto dito há mais de 25 anos. Parecem palavras de hoje. Essa visão profética determinou Salazar a criar, manter e reforçar as estruturas que possibilitam a resistência a tais tenebrosos propósitos e melhor servem, com o apelo ao que une e o repúdio do que divide, a indispensável unidade dos bons portugueses, que são a sua quase totalidade, graças a Deus.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Sendo esse o principal objectivo da União Nacional, é também a primeira determinante da minha actuação, ainda que modesta e desluzida

Mas não é tudo.

Como Deputado da União Nacional, procurarei servir os seus fins estatutários, na parte comportável no âmbito desta Assembleia.

Quando o diploma orgânico alude à íntima cooperação com os órgãos da administração pública, com a devida atenção aos reflexos políticos da acção do Estado, em todos os seus escalões, à efectivação de estudos sobre problemas de interesse nacional e ao poder de dirigir mensagens, representações e apelos às autoridades, organismos corporativos e aos Portugueses em geral, tem em vista apenas servir a Nação, pela forma que as lições do passado e do presente indicam como única, eficaz e frutuosa, que é velar pelo cumprimento integral do ideário do regime, defendendo-o na ética dos seus princípios, na grandeza patriótica dos seus fins e na pureza dos seus métodos.

O pragmatismo a que se tem limitado a acção da União Nacional tem-se revestido de evidente utilidade em momentos difíceis da nossa vida política. Mas isso não basta, nem para ela nem para o Regime.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se nenhum sistema de governo pode subsistir longamente sem o apoio de uma organização política perfeitamente estruturada, então há que tirar daí as necessárias consequências.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E permito-me manifestar a esperança de que este tema dominará o fundo, político das comemorações do 40.º aniversário da Revolução Nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No desenvolvimento desse tema, uma grande revisão deve ser feita, como, aliás, preconizou o Chefe do Estado na sua mensagem de Ano Novo.

Não para fossilizar ou coonestar alguns desvios que, sob pretexto de tecnicismo, apoliticismo e economismo, têm, aqui e ali, lançado pequenas nódoas na obra redentora do Regime, mas para repurificá-lo, em espírito e verdade, para bem do povo português.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Em exacta conclusão, é o povo português que servimos. Povo bom, honesto, patriota, digno de bons chefes, de bons governantes, de boa política.

A nossa demofilia é tão profunda e sincera que nos provocam repugnância as mistificações com que se pretende ludibriá-lo através de fórmulas verbais enganosas cuja refinação atingiu a quinta-essência no irónico achado de democracia popular, que não é só um formal pleonasmo, mas um substancial sarcasmo, porque o bem-estar do povo não constituiu nunca o fulcro das suas preocupações.

Srs. Deputados: Sentindo a maior honra por se encontrar entre vós, e esperando a vossa benevolência, este Deputado livre de um país livre propõe-se continuar a servir o Regime, sob a égide da União Nacional, pois, no plano político orgânico, outra forma não encontra de melhor servir a Nação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Moreira Longo: - Sr. Presidente: Acaba V. Ex.ª, com a sua proverbial gentileza e extrema sensibilidade de alma, de prestar homenagem à província de Moçambique, dirigindo-lhe palavras amigas e cheias de carinho, que muito conforto moral levam no rescaldo de uma tragédia, causada pelo ciclone Claude, em que pereceram algumas pessoas e que tantos prejuízos materiais causou na capital daquela província e em aldeias e vilas circunvizinhas.

Como um dos seus representantes nesta Gamara, não quero conservar-me em silêncio perante o testemunho de tão grande atenção e afabilidade que V. Ex.ª patenteia àquela província e a todas as populações, nas sentidas e ternas palavras que ditam o voto de pesar que V. Ex.ª acaba de mandar exarar na acta.

Em nome de Moçambique cabe-me a subida honra de agradecer tão carinhoso gesto, que muito nos sensibiliza.

Bem haja e que Deus proteja V. Ex.ª - são as palavras que encontro para exprimir o sentimento geral das populações atingidas em reconhecimento pelas palavras de V. Ex.ª

Sr. Presidente: As notícias procedentes de Moçambique dão-nos a dimensão dos prejuízos causados pelo referido ciclone Claude, que na sua impetuosidade deixou atrás de si a devastação, a miséria e até algumas, mortes, no Sul daquela nossa província.

Triste dealbar do ano 66 para Moçambique, que tem já sobre si tão pesadas preocupações de carácter político, originadas por infiltrações de terroristas, instigados o armados por alguns Estados africanos inimigos da civilização e da paz que tem reinado sempre no nosso território.

Pelo que a imprensa nos tem informado, sabemos ter sido a> capital e. aldeias e vilas situadas no Sul a parte mais atingida pelos temporais.

Pela natureza dos trabalhos a que normalmente se dedica uma grande parte das populações, cuja economia tem como origem os campos donde colhem os produtos para venda e essenciais à sua alimentação, tudo indica ter sido este sector um dos mais afectados.

Assoladas fortemente essas áreas pela fúria do ciclone, que deixou sem abrigo e sem pão milhares de almas e empobreceu famílias sem conta, derrubando casas, pontes e aterros e arrastando consigo várias dezenas de quilómetros de estradas que ligam a capital da província com várias localidades, inclusive o território vizinho da África do Sul, o governador-geral de Moçambique, sempre atento ao bem-estar de todos, pugnando pelo progresso daquelas terras, lançou imediatamente mãos de todos os recursos ao seu alcance, para socorrer as populações e minorar-lhes o sofrimento.