gamento do génio lusíada além-Atlântico, não duvida dos destinos de Portugal nem ignora que da sua luta heróica e nobilitante depende o futuro do Ocidente e da civilização de que o Brasil é elemento indispensável no conturbado continente americano.
Vozes: - Muito bem!
Ainda hoje, e por toda a parte aonde levámos a Santa Cruz e onde regámos o solo com o sangue dos nossos soldados e o suor dos nossos colonos, está bem patente o mérito da nossa presença, da nossa tenacidade e da nossa raça.
E assim não há forças, por mais demolidoras e subversivas que se mostrem, mesmo usando falsos conceitos de uma liberdade que repudiamos, que consigam contrapor-se à força da razão e do direito em querermos manter integralmente aquilo que é nosso! Não nos batemos em África por um capricho nem pela imposição de uma política colonialista ultrapassada; lutamos, sim, pela defesa de uma civilização que fomos os primeiros a levar por esses "mares nunca dantes navegados" e que hoje está enfrentando em todo o Mundo uma terrível tempestade resultante de um semear de ventos que do Oriente sopram forte e contra os quais as grandes potências ocidentais psèudo-aliadas não têm sabido ou podido opor salutar resistência.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Falta-lhes, pelo menos, o moral indispensável para defender uma política séria e que, embora influenciada pelo rodar dos tempos, se baseie em princípios cuja abdicação pode significar a perda de tudo quanto levou séculos a construir.
E porque neste momento se joga o destino de um povo, por cuja defesa dá generosamente a vida a sua juventude, não quero nestas minhas primeiras palavras como Deputado deixar de afirmar o meu profundo reconhecimento e incondicional e entusiástico apoio a quem superiormente dirige a política portuguesa num período tão difícil da vida nacional.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Com efeito, só com um prestígio ímpar, resultante de inexcedível firmeza, sã orientação e abnegado exemplo, se tem podido vencer a incompreensão e o egoísmo de alguns portugueses e a manifesta hostilidade de alguns governos estrangeiros. E se é certo que existe preciosa e inegável colaboração de eminentes homens públicos, aquele facto deve-se ao condutor público do nosso povo, ao homem genial que vai para 38 anos detém nas suas mãos firmes e honradas o leme da grande nau do Estado.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Refiro-me, como é evidente, ao Sr. Presidente do Conselho, em torno de cuja figura inconfundível se polarizou toda a resistência da Nação Portuguesa, a
confiança de quantos a compõem, a autoridade dos que intransigentemente a defendem e a esperança de frutuosa condução até dobrarmos o cabo das Tormentas ...
Vozes: - Muito bem!
encontram tão próximos de todos nós através dos laços indestrutíveis que unem a Pátria Portuguesa!
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Gostaria que ficassem plenamente certos de que esta minha fala não é uma afirmação isolada e romântica de um saudosismo piegas e doentio. É apenas um grito de confiança sadia e viril, um grito de entranhado amor por tudo e por todos quantos sob a bandeira de Portugal, na guerra como na paz, o sabem servir até ao último sacrifício, o da própria vida se necessário for.
Vozes: - Muito bem!
. O Orador: - Sei que assim pensa a grande maioria dos homens da minha geração e, sobretudo, o que é consolador, a juventude, em cujo peito não entrou o gérmen da autodestruição que grassa pelo Mundo.
E porque estou a referir-me ao ultramar e tenho bem presente a generosa e incansável acção de quantos nos últimos anos o têm servido, no mais alto nível, daqui lanço um apelo, pedindo a devida vénia aos ilustres Deputados que o representam nesta Assembleia, para que a presença dos portugueses da metrópole se intensifique e ali se faça sentir o mais frequentemente possível. Que o intercâmbio entre a juventude, metropolitana e ultramarina, continue a realizar-se, mas em ritmo mais acelerado e sem quaisquer reservas. Que aos portugueses da metrópole seja dado observar o esforço gigantesco exceptuado no Portugal africano; e que aos portugueses do ultramar seja permitido verem, com os seus próprios olhos, o que é Portugal europeu, com mais de oito séculos de existência e que vive, luta e quer manter uma unidade que constituirá a pedra fundamental da sua própria eternidade!
Vozes: - Muito bem!