com a Assembleia, pula qual lhes estou muito agradecido, de virem entregar pessoalmente aquele documento, que vai ser publicado no Diário da* Sessões.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Comunico à Assembleia que foram eleitos os Srs. Deputados Joaquim José Nunes de Oliveira, presidente, e Miguel Augusto Pinto de Meneses, secretário, da Comissão: de Educação Nacional; Sebastião Garcia Ramirez, presidente, e Alberto Henriques de Araújo, secretário, da Comissão de Negócios Estrangeiros; o José Guilherme de Melo e Castro, presidente, e José Gonçalves de Araújo Novo, secretário, da Comissão de Política e Administração Geral e Local.

Tem a palavra o Sr. Deputado Cunha Araújo.

O Sr. Cunha Araújo: -Sr. Presidente: A um homem público da estatura de V. Ex.ª, nos múltiplos aspectos em que se desdobra e projecta nos domínios da inteligência, da cultura e da política, já nada pode ser dito que o não tenha sido, através das muitas e mais autorizadas vozes que nesta Assembleia me precederam na evocação e saliência do conjunto de qualidades que o distinguem e impõem, para além desta Casa, à própria consideração nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Todos, sem excepção, tanto os que se foram, como os que permaneceram, como os que, como eu, vieram de novo, têm o exacto conhecimento da personalidade que V. Ex.ª reveste. Todos conhecem a viveza da sua lúcida inteligência; a subtileza do seu notável e incisivo poder de .argumentação; a proficiência do Mestre catedrático de Direito; o talentoso e arguto jurisconsulto; o Ministro, o leader e Presidente desta Assembleia, tudo o que foi e continua sendo ao serviço dos mais altos valores que tão elevado o têm colocado e tão distante o têm projectado como homem público, estadista notado e notável.

Não obstante, nem por isso eu me sinto desobrigado - para além, muito para além da imposição protocolar dos cumprimentos que lhe são devidos no momento da minha estreia parlamentar- de deixar aqui bem vincado o modesto testemunho da minha muita admiração, consideração e apreço. Primeiro, pelo .Mestre, de quem tive a honra de ser apagado aluno na Faculdade de Direito da universidade de Coimbra; depois, pelo homem de Estado, que à política dos últimos 40 anos tem sabido dar o valioso contributo das suas altas qualidades, com uma presença de constância e fidelidade à, Pátria, ao Regime e seus chefes, que muito justamente lhe outorgam o direito não só ao respeito e consideração, mas também ao reconhecimento-público de que eu não quero deixar de ser humilde, mas exacta e sincera expressão.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para os Ex.mos. Srs. Deputados, meus ilustres colegas, as minhas saudações e o meu agradecimento também pelo sensibilizante, simpático e cordial acolhimento que me têm dispensado. E ainda, com a vénia de V. Ex.ª, a singela homenagem de uma fugidia evocação dos eleitores a quem devo a minha presença aqui.

Cacique, por imposição do sangue e por imperativo de um entranhado amor ao povo que me honro de continuar a servir e representar nesta Assembleia política - cacique, lembro-o, não é o que manda, mas o que serve ...

O Sr. António Santos da Cunha: - Muito bem!

O Orador: -... permita V. Ex.ª que, num aceno de amiga simpatia, o meu pensamento se volva para aqueles .e daqui lhes brado o meu propósito de permanecer fiel a mim mesmo e de conservar-me à altura da sua confiança, sem embargo do natural embaraço criado pela dimensão das esperanças de que me tornaram alvo e em muito excedem as possibilidades dos meus limitados recursos.

O Sr. António Santos da Cunha: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. António Santos da Cunha: - Eu queria sublinhai-as palavras que V. Ex.ª acaba de proferir no aspecto em que se refere à legitimidade, à necessidade das chamadas autoridades sociais, que durante muito tempo e através de todos os meios se pretende menosprezar, com as consequências que por vezes nós, desgraçadamente, verificamos.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. António Santos da Cunha: - Ainda há pouco, na televisão, alguém que é nobre sob vários aspectos que é dos titulares mais ilustres da minha província o também um nobre nas Letras se penitenciou de, num seu romance, O Pinto, ter procurado diminuir os homens que na província, no concelho, na cidade, desempenham a função que V. Ex.ª classificou de cacique. Folgo em que V. Ex.ª, que também é uma autoridade social na sua terra, tenha tido a coragem e o desassombro de aqui referir o problema.

O Orador: - Não é questão de coragem, É dever.

(Pausa).

Sr. Presidente: Vou fazer por ser breve. Na emergência, mais do que as palavras, prepondera a relevância da atitude, determinada pelo momento difícil que vivemos, a sugerir-me e impor-me que a primeira a tomar no seio desta Assembleia que constituímos se revista de um cunho marcadamente nacional, seja imagem e expressão de sentimentos colectivamente vividos no coração e na preocupação de todos nós.

Posto, na mensagem de S. Ex.ª o Chefe de Estado, que todos temos presente, o «trágico dilema de sermos ou não sermos» ..., forçados a escolher entre o sucumbir e o continuar, as primeiras reflexões do Deputado não poderiam deixar de incidir sobre a preocupação determinante da proposição daquele, a qual constitui, bem o sentimos, o problema que mais profundamente nos toca e mais amarguradamente nos domina - o da nossa soberania em risco, mais o da nossa própria sobrevivência., cuja manutenção nos obriga a uma guerra defensiva em terras portuguesas do ultramar distante, movida pela cobiça alheia em que estranhamente se mancomunam inimigos que nos ferem e certos amigos que nos atraiçoam.

Frente a um mundo impelido por ventos soprados das longínquas estepes asiáticas, nem o desfavor desses falsos amigos, nem o rugir ameaçador do vulcão soviético, nem o frenético delírio dos que despontaram a desfraldar ban-