bem, políticos, como disse, se não resolve ou se não dê um esclarecimento público sobre os motivos por que se negam novos alvarás de licença.

Estou certo de que só haveria a lucrar com esse esclarecimento.

Por outro lado, há ainda que rever, segundo tenho ouvido e lido, o salário e o regime de trabalho dos motoristas de táxi e ainda o problema perturbador de a rendição dos turnos se fazer simultaneamente para todos, ou quase todos, os veículos.

Quem não sofreu ainda o desespero de ver aproximar-se a hora do comboio ou do avião perante a impassibilidade dos motoristas de táxi, que, de bandeirada levantada, não atendem os sinais de paragem, porque muito justamente chegou a hora de serem rendidos, depois de doze horas passadas ao volante?

Na sessão de amanhã, se V. Ex. ª, Sr. Presidente, me autorizar, terei a oportunidade de enviar para a Mesa um requerimento pedindo esclarecimentos que me faltam para tratar do assunto mais desenvolvidamente.

E acredito que, entretanto, no decurso de tempo para a resposta a esse requerimento, já ele estará resolvido e, então, nada mais haverá a dizer, com proveito para o Governo, para o público e para VV. Ex.ªs, que teriam a paciência de me ouvir.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Melo Giraldes: - Sr. Presidente: Para V. Ex. ª. em primeiro lugar, os meus cumprimentos e a expressão de quanto me é grato ter a presidir a esta Assembleia, em que inicio um trabalho para mim inteiramente novo, alguém que desde muito pequeno me habituei a considerar e respeitar como homem e como português.

Para VV. Ex.ªs, Srs. Deputados, e melhor que quaisquer cumprimentos, a minha confiança no patriotismo, sério, desinteressado e independente, que aqui nos trouxe, nos há-de animar sempre e já sobejamente VI manifestado nas intervenções de VV. Ex.ªs

Aceitei este mandato, absolutamente livre, sem outro compromisso que não seja aquele que me liberta de outros compromissos e confusões de ideias ou atitudes e me liga à Pátria que Deus me deu e que aqui procurarei servir, sem quaisquer particularismos pessoais ou regionais, mas sem esquecer quanto a vida e progresso de Portugal dependem da vida e progresso de cada uma das suas parcelas.

É por isso que, nesta Casa, onde todas estão presentes, me permito chamar a atenção para o distrito de Castelo Branco, que tenho a honra de representar e que merece que para ele se dirija boa parte das medidas com que for dada concretização ao propósito de desenvolvimento regional expresso na Lei de Meios e que tantas esperanças veio trazer a todo o País.

Região muito pobre, com a sua economia baseada fundamentalmente numa agricultura de solos delgados e inclinados que as contingências do clima, dos preços, e, presentemente, de braços, têm feito resvalar em grande velocidade para o esgotamento e abandono.

O capital, o trabalho, a iniciativa, já não querem a terra do nosso distrito.

As rendas baixam vertiginosamente, quando não desaparecem por falta de rendeiros.

O trabalho da terra é duro e sem as garantias sociais de uma previdência que, no mundo do trabalho português, contempla todos, até o emigrante, mas põe, in-

compreensivelmente, de lado o trabalhador rural, o mais numeroso ainda e o não menos necessário.

Vozes: -Muito bem!

e altamente vantajoso que uma boa parte dessa população se empregasse noutras actividades mais prósperas, desde que o pudesse fazer dentro da sua região, valorizando e enriquecendo o meio, num processo de autêntico desenvolvimento regional.

Mas, quando essas outras actividades têm de procurar-se a grande distância, temos uma migração entre regiões que estabelece o clima favorável a todas as emigrações.

E á o que está a acontecer. Uma autêntica debandada. Não é só a agricultura que sofre, por falta de braços, é toda uma sociedade rural que desaba por falta de gente que lhe dê vida e expressão humanas.

A gente foge porque sente que, num mundo em progresso e num país que progride, a sua região parou e, quando tudo anda, parar é andar para trás, e não anda por falta de rendimentos que não lhe podem vir apenas de uma agricultura no estado a que a nassa chegou.

Salvos os núcleos da Covilhã e Castelo Branco, as indústrias transformadoras de produtos regionais, as que mais interessam e podem contribuir para a valorização de toda a região, só muito lenta e timidamente tentam instalar-se, e sujeitas a um condicionamento em que são mais as dificuldades que os estímulos e não está de acordo com as necessidades de acelerar a industrialização das zonas retardadas.

Um alvará custa a conseguir, e, uma vez conseguido, é um valor negociável, que tanto pode servir para realizar como para empatar a realização.

No nosso distrito quase não se vê fumo. e, hoje em dia, as regiões são como os navios só andam depois de deitarem fumo. E em havendo fumo e suficientemente espalhado, todo o meio se desenvolve sem a desvitalização das aldeias e vilas, nem o desmedido desenvolvimento populacional dos centros de grande concentração industrial, feito sempre à custa do desenraizamento do homem e do desmembramento ou promiscuidade da família, com todos os seus inconvenientes morais, sociais e políticos.

O turismo no nosso distrito, fora de certo período propício a desportos de Inverno na serra da Estrela, vive da paisagem e do carácter vincadamente português de algumas das suas terras, já que o atractivo, para que possui excepcionais aptidões e poderia dar-lhe grande interesse económico, está praticamente reduzido a zero, por uma concepção de caça que pode ter muito de