«Nada sem o bispo». A confirmação de um querido doutor da Igreja renova-se em nossos dias, na multiplicidade das tarefas que hoje esperam os que a servem e com ela a Pátria.

Nesta hora de renovação em que a voz do Concílio Ecunémico Vaticano II traduz uma esperança para a nossa pobre humanidade, as palavras pronunciadas pelo Sr. D. Júlio na sua preclara saudação pastoral inserem-se naquela visão perene que é a força da Igreja-Mãe. «O nome da Igreja enche a história», como salientou o novo prelado. Ele, representante dessa Igreja, anunciará a todos, crentes e descrentes, a boa nova da salvação e da paz.

O bispo é portador, para os homens da Terra, de uma mensagem que permite ao corpo social realizar, na vida de todos os dias, os caminhos da justiça social e da harmonia fraterna. A voz de D. Júlio remonta à vetusta Sé de Silves, ressoa em uníssono com a dos santos, guerreiros, monges e bispos, ordens militares e religiosas, povo, príncipes e reis que fizeram cristã e portuguesa a terra amorável do Algarve.

Eu vi, Sr. Presidente, o entusiasmo, a devoção, a fraternidade, que ontem brilhavam nos olhos e aqueciam os corações dos homens do mar, dos meus queridos pescadores do Algarve e de Ilhavo.

Todos eles se associaram aos que trabalham nas fábricas e nos campos, aos pobres, aos ricos, às crianças, para repetirem a saudação evangélica: «Bendito o que vem em nome do Senhor».

A voz do Algarve era ainda a voz dos seus filhos ausentes, os que em mares longínquos ou em terras estranhas trabalham e lutam, granjeiam o pão, sempre com a terra que lhes foi mãe na memória e a saudade dos que lhes são queridos no coração. Júlio sucede a um outro egrégio bispo da Igreja: Frei Francisco Rendeiro, que, na devoção do seu luminoso destino, vai agora servir na Diocese de Coimbra, e alegra-nos saber que, noutra terra portuguesa, continuará o seu operoso labor.

«Alguém» vai servir a Igreja no Algarve. Isto quer dizer que as populações dessa terra maravilhosa continuarão, das alturas da serra às areias cintilantes onde o mar se espraia, a viver a grande aventura dos caminhos de Deus. E o acto de ontem revestiu-se de tão elevada dignidade que é bem um testemunho do que hoje em dia se passa no nosso país, onde um povo cristão continua na unidade e na paz a venerar profundamente as suas tradições para um Portugal uno e indivisível.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António Santos da Cunha: - Sr. Presidente: O sábio jesuíta Dr. Ferreira Fontes, ao pronunciar a oração fúnebre nas exéquias solenes que se realizaram na minha terra natal sufragando a alma de el-rei D. Manuel II, disse: «Abaixo de Deus a Pátria; acima da Pátria só Deus». Sirvam estas palavras como aviso para quem porventura possa encontrar no que vou dizer motivo que possa ferir a sua sensibilidade. Todos nós, aqueles que gozámos o privilégio extraordinário de escutar aqui nesta sala o ilustre Deputado Sr. Dr. José Manuel da Costa a propósito do centenário dessa excelsa mulher que foi a Bainha Senhora D. Amélia de Orleães e Bragança, estamos ainda subjugados pela beleza, pelo encanto, pelo magnífico retrato que aquele nosso digno colega traçou da última soberana de Portugal ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... e pela maneira como soube por igual retratar o ambiente daquela triste época que o País viveu.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Podem criar em sua volta, por momentos, um certo hálito de beleza. Mas é a beleza fria do mármore e do bronze, porque lhe falta o calor humano. E com toda a minha alma, pois, Sr. Presidente, que vou falar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ouvi ou li, já não sei bem, que o homem é, acima de tudo, aquilo que lhe segredaram no berço. A excepção não pode desmentir a regra. O homem é aquilo que lhe segredaram no berço. Pois bem. A Rainha Senhora D. Amélia foi, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a fada benfazeja dos meus sonhos de criança. Ficou-me para sempre a sua imagem: alta, esbelta, raramente formosa, com um traço leve de sorriso a marcar-lhe a fronte, boa, profundamente boa, indulgente para com os que a rodeavam, segundo palavras de um velho servidor do Paço, mãe dedicadíssima à educação dos seus filhos e esposa amorosíssima, que o foi acima de tudo. em todos os momentos e circunstâncias.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Rainha de cavidade. Em toda a parte em que foi preciso estar presente, o esteve. E até no exílio,