precisamente no dia 2 de Fevereiro de 1916 com o jornal A Ordem, depois continuado por A Época e agora por A Voz.
Duas brevíssimas palavras, apenas duas, pois ainda todos estamos dominados pela beleza e também pela emoção dos discursos que ainda agora acabámos de escutar. São cinquenta anos ao serviço de Portugal e da Igreja, cinquenta anos que indelevelmente se ligaram à história pátria, contribuindo decisivamente para a construção dessa mesma história, isto é. para a construção de Portugal ressurgido.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Pedem-me os Srs. Deputados que eu leve esta mensagem a A Voz, e eu a levarei e a deixarei num abraço comovido a esse mestre do jornalismo que é Pedro Correia Marques; mestre de jornalismo, disse, mas também mestre de portuguesismo; mestre de jornalismo, mas também mestre de fidelidade.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Fidelidade às ideias, fidelidade às raízes, fidelidade à causa nacional. A fidelidade é o brasão de A Voz, fidelidade ao pensamento e à obra do fundador do jornal o conselheiro Fernando de Sousa, e também à trincheira por ele criada. Trincheira que, graças a Deus, sempre, tem sido bem frequentada.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Quis o Sr. Presidente do Conselho propor a concessão da Ordem de Benemerência ao jornal que hoje perfaz meio século. Quis o Sr. Presidente da República outorgar a venera, tornando conhecida hoje mesmo a notícia de tal concessão 15 dia de regozijo para o jornal, mas também é dia de regozijo para o Portugal autêntico e para a ordem portuguesa, que os jornais agraciados ajudaram a criar e a manter, mesmo nas piores horas.
E uma trincheira honrosa aquela, e não deixará de o ser - isso quero asseverar com veemência! - enquanto no comando estiverem os que nela foram como que sagrados. K sabe Deus se a potencialidade doutrinária e política de .! Voz não terá de ser ainda posta à prova em eventualidades difíceis da vida portuguesa.
No abraço que lhes vou dar vai o meu reconhecimento, quero dizer, o reconhecimento de A Voz, de Correia Marques e de todos que o acompanham, mas vai também um voto. o de que II fio faltaremos, não desertaremos, em nenhuma circunstância, como nunca desertámos no passado, em todos os combates em que estejam empenhados a honra e o futuro de Portugal.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
Q Sr. Presidente: - Enviada pelo Sr. Presidente do Conselho, está na Mesa uma proposta de lei sobre mar territorial e zona contígua, juntamente com o parecer da Câmara Corporativa.
Convoco as Comissões de Defesa Nacional, Economia, e Ultramar para o estudo desta proposta. Não digo desde já o dia para o qual as convoco, porque não sei se terminará amanhã a discussão na especialidade do projecto de lei que tem estado em debate, mas amanhã ficaremos elucidados sobre se, sim ou não, acabará a referida discussão.
Se acabar amanhã, convoco-as para sexta-feira: se acabar na sexta-feira, convoco-as para sábado.
Vai passar-se à
O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade o projecto de lei sobre, preferência no provimento de lugares do ensino primário.
Tem a palavra o Sr. Deputado Mário Bento.
O Sr. Mário Bento: - Sr. Presidente: Dois sentimentos me dominam profundamente nesta hora: a viva emoção de subir pela primeira vez a esta tribuna, a fim de usar da .palavra na mais alta Assembleia Política da Nação, e a honra de me dirigir a V. Ex.ª, a quem, desde os bancos da Universidade, na velha Alma Mater coimbrã, aprendi a respeitar e a admirar. A distinção concedida pelos meus ilustres pares, elegendo-me para a Mesa desta Câmara, proporcionou-me o grato ensejo de cimentar o meu respeito e admiração com o conhecimento pessoal dos primores que exornam o carácter de V. Ex.ª e as raras qualidades que o impuseram como professor, como Ministro, como chefe político e figura do mais alto relevo na condução dos destinos pátrios durante os últimos 40 anos. Peco-lhe, .Sr. Presidente, que destas palavras de singelíssima homenagem V. Ex.ª conserve apenas a sinceridade que as ditou.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Para não oferecer o que me falta, apenas lhes asseguro, ao iniciar as minhas actividades nesta Câmara, o propósito que me anima de servir, olhos postos no dever de lealdade que a todos devo, espírito aberto aos valores supremos que nos transcendem, inteligência e sensibilidade atentas aos anseios profundos daqueles que em nós confiaram e, quando de anseios legítimos se trata, os da própria minoria que nos negou o seu apoio.
Sr. Presidente: O debate que nos ocupa foi uma iniciativa felicíssima, .como unanimemente se vem salientando, e, para um Deputado pelo círculo da Guarda, não é difícil encontrar motivos especiais de regozijo conducentes, em primeira linha, à homenagem que é devida ao autor do respectivo projecto de lei.
É que o distrito da Guarda, Sr. Presidente, pela própria natureza das suas estruturas sócio-económicas e por uma arreigada tradição escolar, ocupa uma posição de relevo, não apenas como beneficiário directo da actividade prestimosa e relevantíssima do seu professorado primário, mas ainda como autêntico manancial de agentes de ensino que se encontram espalhados por todo o continente e ultramar. Em toda a parte ocupam lugar destacado pela sólida formação pedagógica de que vão munidos, aliada às qualidades de trabalho, de honradez e de fervoroso patriotismo, que são traço comum naquelas gentes da Beira.