Nos próximos meses e no decurso de 1966 prevê-se ainda que se verificará necessidade de recorrer a importações em quantitativos relativamente elevados de outros produtos alimentares, nomeadamente de milho, arroz, batata e manteiga.

Acresce que as estimativas disponíveis indicam dever a actual campanha de produção de azeite atingir volume inferior ao do consumo normal, mas não se torna possível estimar as necessidades de importação, uma vez que a eventual escassez deste produto poderá ser compensada em parte pelo consumo de outros óleos alimentares de produção nacional.

Por último, espera-se que as aquisições de ramas de açúcar nas províncias ultramarinas venham a aumentar no próximo ano, pelo que as importações provenientes do estrangeiro devem situar-se em quantitativo inferior ao das realizadas em 1964 e 1965. Nos últimos anos o nível dos preços por grosso não acusou variação significativa (1). Todavia, a elevação de carácter sazonal, no período inicial de cada ano, foi mais nítida em 1965, em consequência do aumento nos preços dos produtos da metrópole, em especial de alguns bens alimentares e bebidas.

À semelhança do ano anterior, depois de se elevar no 1.º trimestre, o referido índice manteve-se no trimestre imediato ao nível alcançado. Por sua vez, o nível de preços no consumidor tem vindo a revelar ligeira tendência ascensional, imputável, principalmente, a subida dos preços dos bens alimentares. Todavia, esta evolução revela agravamento mais moderado do que o ocorrido na generalidade dos países da Europa Ocidental e explica-se pela repercussão das tensões inflacionistas observadas no estrangeiro sobre o custo dos produtos importados, a par de factores de ordem interna alguns decorrentes do próprio processo de desenvolvimento económico.

O mapa seguinte é elucidativo:

Preços no consumidor na Europa Ocidental

(Base: 1960)

Como mostra o quadro anterior, Portugal é um dos países da Europa Ocidental em que as pressões inflacionistas foram mais atenuadas nos últimos anos, embora em 1964 os preços no consumidor tenham acusado acréscimo de maior amplitude.

De harmonia com os índices calculados pelo Instituto Nacional de Estatística, a subida dos preços no consumidor foi mais acentuada em Lisboa e Évora. De facto, a média anual dos índices correspondentes a estas cidades elevou-se em 1964 de cerca de 3,5 por cento, enquanto no Porto, Coimbra, Viseu e Paro a subida foi da ordem de grandeza de 2 por cento. Na elevação dos índices teve papel preponderante o comportamento dos preços da «alimentação» nas referidas cidades, com excepção de Faro.

Por sua vez, o agravamento do índice das rendas das habitações em Lisboa registou apreciável declínio em 1964, em especial no que toca às habitações de menor número de divisões. A julgar pelos respectivos indicadores, a evolução recente dos preços no consumidor em Lisboa parece evidenciar moderação das tendências altistas, após o agravamento, em parte de carácter sazonal, verificado no último trimestre de 1964. Com efeito, entre este período e o 2.º trimestre do corrente ano, a média dos índices mensais elevou-se de 0,9 por cento.

Nas restantes cidades para que são calculados índices de preços no consumidor notou-se elevação no 1.º trimestre, de maior amplitude em Faro, no Porto e em Évora. Todavia, no 2.º trimestre os índices referentes a estas três cidades revelaram comportamento mais favorável.

De um modo geral, os principais movimentos ascendentes destes índices no corrente ano explicam-se pela elevação dos preços dos bens alimentares. Em especial, em Faro e no Porto a média dos índices relativos à rubrica «Alimentação» acusou entre o último trimestre de 1964 e o 2.º trimestre deste ano acréscimo de 5,6 e 3,4 por cento, respectiv amente. Por sua vez, em Lisboa não se observou variação significativa deste índice parcial na primeira metade do ano, mas os índices relativos à «Higiene» e «Diversos» continuaram a agravar-se, devido, nomeadamente, ao encarecimento do sabão e de diversos utensílios e ao aumento dos salários de pessoal doméstico. Por outro lado, a renda média do tipo de habitação considerado no índice de preços no consumidor referente a Lisboa manteve relativa estabilidade no período considerado, mas a média trimestral dos índices das rendas das habitações elevou-se entre o 4.º trimestre de 1964 e o 2.º trimestre do corrente ano de 1,6 por cento, o que traduz, no entanto, atenuação em relação à subida registada em 1964.

Os números que se inserem a seguir traduzem a evolução dos índices dos preços e dos salários em 1964 e nos dois primeiros trimestres de 1965.