Importa, todavia, examinar com mais pormenor o comportamento recente dos três sectores do mercado monetário: banco central, bancos comerciais e caixas económicas. O valor das disponibilidades líquidas em ouro e divisas na posse do Banco de Portugal sofreu durante os seis primeiros meses de 1965 contracção de 561 000 contos, situando-se em 30 de Junho último em 26 221 000 contos. Esta evolução das reservas cambiais do banco emissor contribuiu decisivamente para a diminuição de 260 000 contos na respectiva emissão monetária.

Saliente-se, em especial, a redução do valor das notas em circulação (-165 000 contos) e ainda, como é habitual na primeira parte do ano, do saldo das contas do Tesouro e da Junta do Crédito Público (-345 000 contos).

Por outro lado, o efeito contraccionista das reservas cambiais sobre a emissão monetária foi contrariado pela expansão do crédito concedido pelo Banco de Portugal (+ 253 000 contos).

Embora a relação entre a reserva de ouro e divisas e o valor das responsabilidades-escudos à vista tenha acusado ligeira contracção no decurso do 1.º semestre de 1965, a ampla cobertura cambial da emissão monetária do Banco de Portugal continua a reflectir elevado grau de liquidez.

56. O crédito distribuído pela banca comercial, através das rubricas «Carteira comercial» e «Empréstimos diversos», elevou-se no 1.º semestre de 1965 de 1 887 000 contos, o que traduz expansão à taxa de 5,5 por cento, idêntica à registada no período homólogo do ano precedente.

De igual modo, observou-se para o conjunto dos depósitos nos bancos comerciais acréscimo de 1572 000 contos, atribuível exclusivamente aos depósitos a prazo, devido às elevadas taxas de remuneração praticadas para este tipo de depósitos, como reflexo da concorrência na procura de fundos disponíveis que se tem vindo a acentuar nos últimos anos e justificou recente intervenção no sentido de restabelecer a normalidade do mercado monetário. Aliás, a contracção de 370 000 contos nos depósitos à ordem da banca comercial no- período considerado teria resultado parcialmente da transformação de depósitos daquele tipo em d epósitos a prazo.

Por sua vez, as disponibilidades de caixa dos bancos comerciais sofreram naquele período decréscimo de 948 000 contos, imputável à contracção do dinheiro em cofre, que, embora habitual na primeira parte de cada ano, teve no decurso de Janeiro a Junho do corrente ano expressão mais nítida do que em igual período de 1964.

A demonstração da situação de liquidez e solvabilidade, a que se referem os artigos 57.º, 58.º e 60.º do Decreto-Lei n.º 42 641, sofreu recentemente alterações na sua estrutura, em consequência do estabelecimento de um regime legal para as reservas de caixa e outras garantias das responsabilidades à vista e a curto prazo dos bancos comerciais mais harmónico com as principais categorias destas responsabilidades.

Contudo, o coeficiente de liquidez para o conjunto dos bancos comerciais continuou a exceder o mínimo legal no decurso do 1.º semestre de 1965 e o excesso legal de reservas de caixa mantinha-se elevado. Deve, porém, salientar-se neste resultado o apoio financeiro do banco emissor, com vantagens para a condução da política de crédito, dada a acção decisiva de tal apoio no volume de operações com o sector privado.

Interessa indicar os números referentes ao crédito concedido, depósitos e disponibilidades de caixa dos bancos comerciais:

Bancos comerciais (a)

(Milhares de contos)

(a) Inclui a Companhia Geral do Crédito Predial Português.

Fonte: Inspecção-Geral do Crédito e Seguros. No conjunto das caixas económicas observou-se na primeira metade de 1965 expansão do crédito distribuído, fundamentalmente através de «Empréstimos diversos», a ritmo superior à do período homólogo de 1964.

Como é habitual, neste comportamento teve papel preponderante a actividade da Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência, que ocupa posição de especial relevo nos mercados monetário e de capitais.

Por sua vez, o total dos depósitos à ordem e a prazo nas caixas económicas elevou-se de 3 por cento no período considerado, o que traduz afrouxamento em relação a idêntico período de 1964. Do mesmo modo, as disponibilidades de caixa nestas instituições aumentaram a ritmo inferior ao observado no 1.º semestre de 1964.

Todavia, o coeficiente de liquidez do conjunto das caixas económicas, que em 1964 se elevou acentuadamente, não denotou variação significativa no período em estudo.

Os respectivos números documentam as afirmações antecedentes:

Caixas económicas

(Milhares de contos)

Fonte: Inspecção-Geral de Crédito e Seguros.